Domingo
Foto: Patrick Beaudry
O dia começou com o show de Gary Clark Jr. Alguns minutos antes da apresentação, o talentoso guitarrista estava passando o próprio som para ter certeza de que seus solos estariam melhores do que nunca. E valeu a pena. Com muito rock e blues, o curto setlist do músico contou com as melhores músicas do seu último disco de estúdio, todas com belos solos improvisados.
A plateia estava muito animada, e sempre que podia gritava “Gary, Gary, Gary”, sempre fazendo o guitarrista sorrir e ficar sem jeito. Essa apresentação provavelmente foi uma das mais injustiçadas do festival, sendo que 45 minutos não foram suficientes para um dos shows mais animados e bem recebidos dos três dias de Osheaga.
Father John Misty fez um show justo, com Joshua Tillman mostrando sua tradicional “empolgação” ao cantar cada música. A plateia estava bem calma e acabou não entrando muito nessa animação toda da banda mas, no geral, todos gostaram de ouvir as belas músicas do último disco de estúdio do cantor, I Love You, Honeybear.
Algum tempo depois foi a ver do The War on Drugs de fazer seu show. Com seus solos indies e tocando várias músicas do seu (aclamado) último álbum de estúdio, Adam Granduciel e companhia encantaram o público, mas não conseguiram uma reação tão animada quanto outras bandas do Osheaga.
A situação acabou sendo bem diferente no show de Edward Sharpe & The Magnetic Zeros. Liderado por Alex Ebert, o grupo conseguiu envolver muito bem o público, que cantava quase todas as músicas e se mostrava muito animado. O grande momento da apresentação se deu no final: um cadeirante estava fazendo um crowd-surfing no meio da multidão de pessoas presentes no palco principal. Ao ver a cena, Ebert pediu aos seguranças para trazer o homem e seus amigos ao palco, tirou uma foto com todos e dedicou a música “Home” à eles.
Muitas pessoas estavam esperando o show do Alt-J. Assim que as primeiras notas de “Hunger of the Pine” começaram, todos imediatamente se juntaram a Joe Newman e cantaram todas as letras — e isso se repetiu com todos os grandes hits da banda. Enquanto que toda a iluminação do palco estava linda de se ver, o show em si se tornou rapidamente desinteressante para todos que não eram fãs da banda. Como já havia acontecido na edição brasileira do último Lollapalooza, o espetáculo da banda não funciona do mesmo jeito em grandes festivais como funciona em casas noturnas de show, e isso foi também evidente no Osheaga.
Foto: Patrick Beaudry
Para encerrar o festival, o grupo The Black Keys subiu ao palco para um show dançante. Dan Auerbach e Patrick Carney fizeram uma apresentação lotada de hits e com poucas músicas de seu mais novo disco, Turn Blue. Apesar de não ter tanto peso quanto os headliners dos dias anteriores, a dupla conseguiu empolgar boa parte do público presente, que cantava as músicas mais conhecidas do grupo mas ao mesmo tempo aproveitava para descansar nas faixas mais “lentas”.
No geral, o Osheaga foi um ótimo evento. O contraste do ambiente “urbano” visto no horizonte com os grandes bosques e árvores espalhadas por todo o festival faz a experiência ser única para cada pessoa que estava ali. Enquanto muitas pessoas estavam lá para ver o maior número de apresentações possíveis, uma boa parte do público aproveitou o Osheaga para descansar, montando redes perto de palcos para poder acompanhar tudo do jeito mais confortável.
Apesar das distâncias entre os palcos principais e os secundários serem enormes, a quantidade de coisas que te distraem no meio do caminho fazem o trajeto valer a pena e acabam prendendo a atenção do público, transformando tudo em uma experiência mágica.