Lô Borges e Samuel Rosa promovem encontro de gerações para gravação de DVD

O fim de semana do Dia dos Pais de Belo Horizonte promoveu, se não um encontro de pai e filho, um encontro de criador e criatura: é como é possível chamar a reunião registrada em DVD de Lô Borges e Samuel Rosa, que aconteceu nas noites de sexta-feira e sábado, 7 e 8 de Agosto, no Cine Theatro Brasil Vallourec, região central de BH. De um lado, um dos maiores destaques entre os compositores da música mineira, parte essencial do Clube da Esquina, parceiro de Fernando Brant, Milton Nascimento e muitos outros. Do outro, um hitmaker formado com esta base musical, vocalista e guitarrista de uma das maiores bandas de rock dos anos 90, misturando os elementos da música “clubista” com o pop e o rock feitos nas Minas Gerais.

Tanto na sexta feira de “ensaio aberto” ao grande público como no sábado, data em que o DVD da dupla foi gravado, Lô Borges e Samuel Rosa apresentaram um repertório repleto de hits. Seja nas músicas de Lô, Beto e Milton, como “Feira Moderna” , “Clube da Esquina Nº 2” e “Paisagem na Janela”, nas canções de Samuel com o Skank, parcerias com Chico Amaral e Nando Reis, como “Três Lados” e “Te Ver” ou nas parcerias de Lô e Sam, como “Horizonte Vertical” e “Dois Rios”, a dupla era acompanhada do grande público, que tanto esgotou os ingressos para as duas datas como sabia de cor cada uma das músicas, cantadas com entusiasmo.

Inspirados e em uma sintonia que explica os 16 anos desde que a dupla começou a fazer música junto, em pequenas apresentações em Minas Gerais e outros estados, Lô e Sam improvisavam contando histórias, como quando Samuel explicou que só descobriu que Lô Borges também o conhecia quando este regravou “Te Ver”, em seu disco Meu Filme, lançado em 1996, ou ainda quando Lô explicou a confusão da apresentadora de um dos festivais da canção do qual participou, chamando ao palco a dupla “Lou Borges e Beth Guedes com a música Equatoril”, o que provavelmente decepcionou um pouco a plateia da época, que esperava duas “gatinhas” e não dois “marmanjos” para o evento.

A noite de sábado porém reservava mais que a apresentação de dois expoentes das próprias gerações musicais e suas histórias de parceria. Já na primeira meia hora do show, a dupla chamou ao palco uma “contemporânea” de Samuel Rosa para uma participação especial em uma das canções ensaiadas para o DVD. Era Fernanda Takai, que representou seu Pato Fu cantando a “Balada do Amor Inabalável”, um dos grandes sucessos do Skank já no início dos anos 2000, acompanhada por Lô e Samuel nos violões e guitarra respectivamente.

Já no final da apresentação, outra boa surpresa. Depois de uma sequência que englobava as canções “Trem de Doido”, “Tudo o Que Você Podia Ser” e “Três Lados”, a dupla chamou ao palco um grande amigo, inspiração e mestre. Era ele, Milton Nascimento, o “contemporâneo” de Lô Borges que timidamente entrava no palco para delírio dos presentes que aplaudiram de pé até que este os interrompesse para começar a canção a que veio. “Para Lennon e McCartney” recebeu a voz de Milton e as guitarras de Samuel e Lô, que encorpavam a canção que marcou o fim dos anos 60 e deu a primeira grande mostra do que o Clube seria capaz de fazer nos anos seguintes.