Entrevista exclusiva: Petit Mort

Banda de rock/stoner que surgiu na Argentina celebra marca de 100 shows no Brasil e se muda para o país. Conheça!

Entrevista exclusiva: Petit Mort

Fotos retiradas do Facebook da banda

Petit Mort é uma banda de stoner/rock que impressiona.

Primeiro porque o som produzido pelo trio vindo da Argentina é digno de bandas com formações maiores de quatro, cinco integrantes. Os riffs e a voz de Michelle Mendez são de primeira, enquanto Juan Recio e o brasileiro Jacques Blasetti seguram bem demais a cozinha com baixo e bateria respectivamente.

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Segundo porque mesmo sendo de outro país, o grupo está celebrando a marca impressionante de 100 shows no Brasil, junto com o fato de que se estabeleceu por aqui em definitivo, mais precisamente na cidade de Florianópolis.

Conversamos com o grupo a respeito dos shows, carreira, viagens pela Europa e o mais novo disco, Bite The Hook, e o resultado você pode ver logo abaixo. Ao final ouça o competente material da banda.

 

TMDQA!: Vocês estão celebrando uma marca muito importante de 100 shows no Brasil. Para uma banda brasileira isso já seria motivo de comemoração. Como é para vocês, vindos da Argentina, se adequarem ao Brasil e chegaram a esse número?

Petit Mort: Estamos muito agradecidos com a receptividade dos brasileiros. A gente fez os primeiros shows no Brasil no 2012, e gostamos tanto da cena e das bandas que em 2013 fizemos 5 turnês em 10 estados, foram 70 shows. Ficamos viciados do Brasil. País gigante. Sempre dizemos que dá pra fazer uma turnê infinita.

Já ouvimos muito brasileiro reclamando da sua cena, mas achamos a cena admirável! Porque mesmo tendo que lutar pra ganhar um espaço na agenda dos bares que só pensam em colocar banda cover pra garantir público, existe um circuito independente de festivais com estruturas muito boas e eventos nos espaços públicos educando o povo pra ouvir coisa nova e acompanhar a cena autoral.

As cenas de Goiânia e de Natal são para admirar. Temos tido a possibilidade de tocar em vários festivais lá e tem muitas pessoas assistindo aos shows empolgadas com bandas que nunca ouviram na vida. Isso mostra bem o nível das bandas, produtores e do público.

 

TMDQA!: Há quanto tempo a banda se estabeleceu por aqui e como veio essa decisão?

Petit Mort: Estávamos indo e voltando de Buenos Aires ao Brasil o tempo tudo, recebíamos muitos convites e então achamos que seria bom pro lançamento do novo disco, Bite the Hook, nos mudarmos para Florianópolis.

O disco nasceu após voltar ao Brasil em Dezembro de 2013, várias musicas foram compostas no Brasil e achamos que merecia mesmo ser lançado aqui. A gente veio morar em outubro de 2014, e lançamos o disco no Carnaval, em Fevereiro de 2015. A gente faz muitas turnês pela Europa e o Brasil é um ótimo ponto de saída também.

 

TMDQA!: Aproveitando o gancho, os discos lançados por vocês são gravados na Europa. Vocês também têm algum tipo de ligação com o continente? Como são as turnês por lá?

Petit Mort: Circulamos por lá em 2010, 2011 e 2012, foi uma correria massa. Temos tocado em festivais e casas de shows de Alemanha, Holanda, Bélgica, Inglaterra, República Tcheca, França e Suíça, alcançando a marca dos 100 shows em 2012.

Somos muito agradecidos da música que nos permite conhecer o mundo, e também da internet claro! A banda é da época do MySpace e essa plataforma era muito massa pra entrar em contato com produtores, selos, casas de shows e bandas de outros países. Dava até para procurar por estilo musical.

Aí um produtor alemão conheceu a gente e viajou até Amsterdam para assistir a um show nosso. Após o show o cara convidou a gente pra gravar um disco (“Spit In”) na cidade de Geldern, Alemanha e editou os discos lá. Para nós foi um sonho feito realidade. Mas a gente trabalha muitas horas no computador para fazer as turnês acontecer, nunca tivemos grana para investir na banda então tentar tocar o maxímo possível e é sempre o único caminho para vender nossos discos. Na Europa as pessoas nunca vão embora sem comprar seus produtos, é lindo viajar por lá, tem distâncias muito curtas entre cidades muito grandes, com estradas seguras, casas de show com muito bom som de palco, os donos das casas investem muito em divulgar o seu evento nas ruas e na mídia local.

TMDQA!: Como vocês enxergam o mercado do rock independente no Brasil? A geração de bandas é muito boa e aos poucos algumas começam a aparecer até mesmo no mainstream. Conseguem traçar um paralelo com a cena na Argentina?
Petit Mort: É muito difícil traçar um paralelo com a cena Argentina, pois carregamos uma tragédia nas costas. Em 2004 em Buenos Aires aconteceu o mesmo que na cidade de Santa Maria, um incêndio terrível em um show ao vivo, onde morreram 300 pessoas. Como aconteceu na capital do país, o impacto foi ainda maior. A prefeitura fechou todas as casas de show e ainda hoje continua fechando. Só em outubro, quando a gente veio pra Floripa, o prefeito fechou 60 centros culturais da capital. O que mais entristece é que eles não têm fechado nenhuma discoteca, o que mostra uma política contra a cultura mesmo.
O Brasil tem uma cena independente mais fortalecida, os produtores se conhecem, se juntam, as bandas circulam, trocam shows, organizam coletivos e eventos, a mídia independente acompanha muito bem isso.

Falando de estilos de música, gostamos muito da direção em que está indo o rock brasileiro. O rock argentino foi sempre muito influenciado pelos Rolling Stones, é o estilo de rock mais popular da Argentina. A cena stoner argentina é muito pequena e nova, mas tem dois selos puxando pra melhorar isso na capital: Noiseground e Venado Records.

 

TMDQA!: E quais são as maiores influências pra vocês? Que discos têm ouvido ultimamente de artistas brasileiros, argentinos e do mundo?
Petit Mort: As influências que ajudaram a formar a banda são dos anos 90. Nirvana, Melvins, Primus, Pantera, Pj Harvey, Faith no More, Red Hot Chili Peppers, Pearl Jam, Korn, Incubus e outras. Mas a gente ouve música nova o tempo tudo e viajamos ouvindo os discos das bandas com as que compartilhamos palco.
Somos muito fãs de Macaco Bong, banda foda! Gostamos muito dos Skrotes, Hellbenders, Muñoz , Topsyturvy, Monte Resina, Medulla, Inky, Far from Alaska, Red boots, Monster Coyote, muita banda massa aqui.
Do mundo estamos ouvindo bastante os malucos do Die Antwoord, Truck Fighters, Red Fang e Ruby Shock, uma banda massa da Alemanha. De Argentina estamos ouvindo Cazacuervos, e acompanhamos os lançamentos da Venado Records.

 

TMDQA!: Vocês têm mais discos que amigos?
Petit Mort: (risos) Acho que sim, nas turnês ganhamos muitos discos, até de bandas que nem conhecemos mesmo, mas com certeza ganhamos também muitos amigos músicos.

https://www.youtube.com/watch?v=sriikNrUjPw

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