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Resenha: All Time Low em São Paulo

Cerca de mil fãs ensandecidos fizeram valer a espera de quatro anos.

Resenha: All Time Low em São Paulo

Foto por Yuri Antunes

Foram longos quatro anos de espera. O encerramento repentino das atividades da produtora que traria o All Time Low para o Brasil em 2013 deixou centenas de fãs nas mãos e com os bolsos vazios. Alguns conseguiram o ressarcimento; outros tiveram de se contentar em esperar o quarteto norte-americano vir de vez, sempre temendo novo cancelamento por conta do “trauma” adquirido de outrora.

Mas é muito provável que, depois do show da última sexta (11), qualquer sentimento rancoroso ainda habitando o coração dos 950 fãs que lotaram o Cine Joia, no coração da capital paulista, tenha se esvaído completamente. Através de sua interação tipicamente calorosa com o público, Alex Gaskarth (vocais e guitarra) e Jack Barakat (guitarra e backing) não deixaram o ânimo esfriar nem por um segundo, enquanto os mais comedidos Zack Merrick (baixo e backing) e Rian Dawson (bateria) se concentraram em ser a melhor metade musical da noite.

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Iniciando pontualmente à meia-noite, “Satellite” foi recebida como um single de sucesso do grupo. A primeira faixa do novo disco, Future Hearts, ecoou pelo salão da casa e logo deu lugar a “The Irony of Choking on a Lifesaver”, outra canção relativamente obscura dentre as mais de cem da banda que foi cantada como um hit pelos fãs. O quarteto ainda mandou as enérgicas “Lost In Stereo” e “Stella” antes de se introduzir ao público – naturalmente com piadas de teor erótico entre os dois guitarristas. Sabia que Jack está procurando uma esposa brasileira?

Em seguida, um dos pontos altos da noite: Alex chamou um fã ao palco e, após um rápido diálogo, o vocalista correu de volta para o backstage e a banda fez um cover de “All the Small Things”, do blink-182, com o “novo integrante” nos vocais. Mais preocupado em curtir o momento, o fã se distanciou do microfone por diversas vezes e deixou o público carregar a canção. Embora composto por muitos jovens entre 14 e 18 anos, o salão vociferou o clássico de 1999 como se ele tivesse sido lançado no ano passado.

Com o vocalista de volta ao palco, a banda deu sequência com o novo single “Runaways” e os sucessos “Damned If I Do Ya (Damned If I Don’t)” e “Weightless”, do disco Nothing Personal. Oito canções adentro, a energia ainda era a mesma do início. Mas era hora do trecho acústico: tradição nos shows do All Time Low desde sempre, Alex e um violão levaram as câmeras do público ao alto para o momento mais emocionante da noite.

O músico lamentou a natural ausência de Mark Hoppus e pediu ajuda dos espectadores em “Tidal Waves” (música em que o integrante do blink-182 aparece na versão de estúdio). Nem precisava. “Therapy” ecoou ainda mais alto, e parte dos fãs começaram a clamar por “Remembering Sunday”, música que não está no set da banda e não foi tocada nos shows de Buenos Aires e Santiago poucos dias antes. Mas São Paulo foi premiada, com direito ao público cantando o trecho de Juliet Simms (Automatic Loveletter) na reta final. Na motivacional “Missing You”, o resto da banda retomou seus postos.

Três canções do disco Don’t Panic vieram a seguir. Revigorado após o calmo trecho acústico, o público acompanhou “The Reckless and the Brave”, “A Love Like War” e “Backseat Serenade” como se o show estivesse só começando. Em determinado momento, uma fã bastante empolgada levantou sua camiseta e mostrou à banda mais do que eles esperavam ver no Brasil… duas outras moças repetiriam o feito algumas canções depois.

Foto: Maria Carolina Zardo

Considerado por muitos o pior álbum do catálogo do quarteto, Dirty Work foi representado apenas por “Time-Bomb”, com a participação de cerca de dez fãs escolhidos pelo grupo para subir ao palco e ajudar nos vocais. Voltando ao novo trabalho, “Something’s Gotta Give” foi a última a ser apresentada antes do bis. Gritos de “All Time Low! All Time Low!” e pedidos pela música “Jasey Rae” preencheram os poucos minutos de escuridão do palco.

O bis contou com outra nova canção, a dançante “Kids In The Dark”, com jogo de luzes coloridas levemente remetentes a seu videoclipe. Depois, Alex e Jack afirmaram que o público ia ter que “enlouquecer nessa próxima música”, pois “havia pedido por ela durante o show inteiro”. Dito e feito: o pop punk frenético de “Jasey Rae” levou todos ao delírio. A vigésima e última canção não poderia ser nenhuma outra além de “Dear Maria, Count Me In”, o maior sucesso da banda e segunda representante de So Wrong, It’s Right, álbum que revelou o grupo para o mundo em 2007.

O stand do microfone de Jack chegou ao final da apresentação quase caindo de tantos sutiãs pendurados. O guitarrista vestiu um deles e, em algum momento durante o bis, um balão feito a partir de uma camisinha voava pela pista. Com tanto bom humor e energia positiva, o show teve todos os ingredientes de uma noite inesquecível. Ao final do evento, já eram quase duas da manhã. Mas para quem esperou longos quatro anos, a vontade era de ficar fazendo piadas eróticas e cantando hinos do pop punk até o amanhecer.

Setlist:

  1. Satellite
  2. The Irony of Choking on a Lifesaver
  3. Lost in Stereo
  4. Stella
  5. All the Small Things (cover de blink-182) (um fã cantou a música no lugar de Alex)
  6. Runaways
  7. Damned If I Do Ya (Damned If I Don’t)
  8. Weightless
  9. Tidal Waves (Alex solo)
  10. Therapy (Alex solo)
  11. Remembering Sunday (Alex solo, pedido do público)
  12. Missing You
  13. The Reckless and the Brave
  14. A Love Like War
  15. Backseat Serenade
  16. Time-Bomb (fãs no palco)
  17. Something’s Gotta Give
    Bis:
  18. Kids in the Dark
  19. Jasey Rae (pedido do público)
  20. Dear Maria, Count Me In
Foto: Sávio Martins
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