Diário de estúdio: Frida grava no Converse Rubber Tracks em Boston

Veja, com exclusividade, fotos e relatos da banda gaúcha Frida, que gravou em Boston com o produtor David Minehan (Aerosmith, Replacements, Paul Westerberg)

Diário de estúdio: Frida grava no Converse Rubber Tracks em Boston

Há algum tempo a lendária marca de tênis Converse iniciou um projeto chamado Rubber Tracks, que tem como objetivo disponibilizar estúdios de primeira para que artistas gravem seus sons e os divulguem pelo mundo.

Mais recentemente, eles selecionaram 84 bandas do planeta para o Converse Rubber Tracks Worldwide, que promoveu um verdadeiro intercâmbio entre bandas de vários países em estúdios fora de suas terras natais.

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Uma dessas bandas selecionadas é a brasileira Frida, que teve o direito de utilizar um estúdio em Boston com o produtor David Minehan (Aerosmith, The Replacements, Paul Westerberg).

A banda gaúcha escreveu um relato de cada dia nos estúdios em Boston com exclusividade para o TMDQA! e nos mandou fotos da gravações.

Você pode ver todo o material logo abaixo.

 

Primeiro dia

Na manhã do dia 17, próximo das 10h, um senhorzinho chinês nos esperava na porta do hotel para nos conduzir ao Rubber Tracks. Logo na chegada já demos de cara com um visual lindo do lugar. Quem nos recebeu foi o manager do estúdio, Evan Kenney, com muita alegria. Abrimos a porta e demos de cara com mais dois gringos: Math, técnico do estúdio, e nosso produtor, David Minehan, que também nos receberam super bem.

Logo na chegada conhecemos o estúdio. Já estava tudo praticamente pronto para uma bela sessão de gravação. Era a hora de escolher os amplificadores, caixas, pratos, baixos, guitarras e tudo mais que tínhamos direito para iniciar.

Começamos com uma música inédita, “De Olhos Bem Fechados”, composta exclusivamente para essa aventura. Resolvemos gravar bateria, baixo e uma guitarra ao vivo, todos tocando juntos, para ganhar tempo e dar aquele molho, já que o estúdio tinha três salas para isolar bem o equipamento. Em dois takes já tínhamos a primeira música pronta e um comentário muito bacana da parte dos gringos, “o Luís não toca bateria, ele a pune” – de tão forte que bate.

Todos felizes, hora de voltar para sala de gravação e gravar “Pena de Mim”, música que já tínhamos em versão ao vivo mas que merecia uma cara nova na gringa. Mais dois takes e já tínhamos a segunda música, e o que tínhamos planejado e simulado dois finais de semana seguidos estava dando muito certo.

Com tudo correndo bem, David, o produtor, achou que deveríamos gravar mais uma, dizendo que nunca tinham gravado tão rápido antes ali no estúdio, que naquele tempo as bandas mal tinham começado e ai resolvemos dar um presente para o Evandro – irmão do nosso baixista Vini – que mora em Boston e nos acompanhou durante toda viagem: gravar uma nova versão de “Despedida”, música que foi registrada em uma fase anterior da banda, em um EP de 2006, e com a qual ele sempre se identificou. Dois takes e a terceira música pronta.

Chegou a hora de gravar as guitarras do Andriel. Sem pensar muito ele foi logo pegando uma Les Paul Custon de 1976, plugou no seu set de pedais e mais duas belezuras que haviam por lá: um amplificador Vox AC30 e um Fender Twin. As músicas começaram a aparecer, de fato, ali.

Na pausa para o almoço, fomos a um restaurante italiano próximo ao estúdio indicado por Evan e nos deliciamos com pratos que nos levaram rapidinho de Boston para a Itália!

Alimentados e prontos para finalizar as guitarras e dar os próximos passos, voltamos ao estúdio na sede da Converse.

Por volta das 16h começaram as sessões de voz. “De Olhos Bem Fechados” trata justamente deste sonho que estávamos vivendo, sobre o tempo das coisas, e saber que tudo que sonhamos de verdade vai acontecer quando menos esperarmos. Foi muito emocionante, todos estávamos muito sintonizados e em alguns takes – bem mais de dois, dessa vez – tínhamos a primeira música pronta.

Antes que a voz esfriasse, Sandro retornou ao estúdio para gravar voz em “Pena de Mim”. Logo em uns quatro ou cinco takes já estava pronto e era hora de voltar para o hotel e se preparar para o segundo dia.

 

Segundo dia

Logo que abrimos a porta já estava lá, nosso incansável produtor ouvindo as músicas e fazendo alguns testes. Ouvimos as músicas para decidir o que gravaríamos e editaríamos mais, quando surge a ideia de colocar os gringos para “cantar”. Evan, manager do estúdio, gravou um trecho de “Pena de Mim”. Ficou incrível, ótimo para coroar as gravações! Optamos por gravar as vozes de “Despedida” no final e focar nas duas músicas que estavam prontas, avaliar arranjo, edições.

Logo de cara percebemos que cabiam mais algumas linhas de guitarra na música e foi lá o Andriel, desta vez com uma linda Telecaster Deluxe, terminar de preencher os detalhes das músicas. Pronto, hora de editar alguns detalhes.

Pausa para o almoço, desta vez um lanche rápido para ganhar tempo e voltar para finalizar as músicas.

Sentado ao lado de David, o nosso baterista, Luís – ou Luizinho, como o chamamos – com olhos e ouvidos de lince dava a sincronicidade da coisa, e a palavra que mais se ouvia era “ali tem um flan” – não aquele doce feito de leite condensado –, quando as coisas não estavam coladas com o metrônomo. E ninguém melhor que o baterista pra trabalhar nisso.

Terminadas as edições, começou a mixagem. Sobe aqui, mexe ali, mais grave, mais agudo, comprime, põe na esquerda, aumenta os pratos… Aí vimos que um teclado caia bem em uma parte e resolvemos voltar as gravações.

Andriel já “deu de mão” em um teclado Korg para gravar duas linhas para a música inédita e logo voltamos ao foco que era a mixagem. Mais um pouco de sobe e desce escadas… rs, digo, faders, e a mixagem estava pronta.

Era, então, o momento de ouvir as músicas antes de partir para a fase da masterização.

Foi lindo esse momento, não vai mais sair da memória. Aliás, essa viagem é marcada por muitas memórias, mas foi muito emocionante ouvi-las pela primeira vez prontas, ali, lindas. Todos de olhos bem fechados prestando muita atenção, deu choradeira e mais uma imagem inesquecível: David, nosso produtor, girando a cadeira dizendo “I love you” sem parar. Ali estávamos prontos para retornar.

Deixamos as vozes de “Despedida” para finalização no Brasil.

 

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