Fotos por Aline Krupkoski
O Los Hermanos está fazendo uma turnê pelo Brasil onde já passou por cidades do Norte e Nordeste, tem datas marcadas no Sul e Sudeste, e daqui a alguns dias encerra os trabalhos em casa, no Rio de Janeiro.
Não há dúvidas de que os shows que já aconteceram tenham sido emocionantes e lavado a alma de seus fãs, mas ontem à noite, em Curitiba, tivemos a oportunidade de acompanhar de perto a união quase perfeita do belo palco montado pela banda, repleto de telões que mostravam seus integrantes o tempo todo, ao belo cenário da Pedreira Paulo Leminski, um dos cartões postais da capital paranaense.
Enorme, o local recebeu o sempre fiel público fã de Los Hermanos, que acompanha a banda a cada um dos shows que ela tem feito no esquema “vai e volta”, atitude que, se recebe críticas por parte de quem nem ouve a banda, é sempre um alento para os que cantam, literalmente, cada palavra e vírgula das letras das canções do grupo carioca.
Em Curitiba o Los Hermanos mostrou-se muito coeso e bem ensaiado, como uma banda que está na estrada há muito tempo. Ainda que toquem pouco juntos, praticamente todos os seus integrantes têm projetos paralelos de qualidade, e aí fica fácil voltar a tocar as velhas canções.
Canções, aliás, que foram executadas às dezenas, e muito bem divididas entre toda a discografia do grupo. Dá para dizer que os fãs de cada um dos quatro discos de estúdio da banda foram muito bem representados, e até um punhado de canções do homônimo álbum de estreia, muitas vezes deixado de lado pelo grupo, foram tocadas.
“Descoberta”, “Tenha Dó” e “Azedume”, por exemplo, estiveram ao lado de sons como “Do Sétimo Andar”, “Morena”, “O Velho e o Moço”, “O Vencedor”, “Todo Carnaval Tem Seu Fim” e tantas outras.
Em “Pois É”, uma bela luz vermelha iluminou o palco enquanto Marcelo Camelo dava o tom intimista mesmo a um local aberto onde milhares de pessoas eram cercadas pela decoração natural da bela mata nativa do Paraná.
O mesmo aconteceu, é claro, em “Sentimental”, quando Rodrigo Amarante emocionou o público e fez muita gente chorar, em contraste com “Deixa o Verão”, quando todo mundo pulou, dançou, cantou, gritou e viu o baterista Rodrigo Barba fazer um solo extenso que teve até a participação de Camelo com baquetas emprestadas.
Terminando com “A Flor”, a banda foi ao backstage para respirar um pouco e é claro que todo mundo esperava o bis, que veio com diversos agrados ao público paranaense.
Primeiro, Rodrigo Amarante fez uma homenagem ao escritor curitibano Paulo Leminski, que batiza a Pedreira, colocando o celular ao microfone com um famoso discurso do autor sobre como a poesia é um “inutensílio”.
Depois, vieram “Adeus Você” e uma apresentação de cada um dos integrantes da banda, antes do trio poderoso de sons que levaram todo mundo a uma viagem no tempo até os primórdios do Los Hermanos.
“Anna Júlia”, “Quem Sabe” (com direito a Amarante pulando no público) e “Pierrot” lavaram a alma de uma plateia que passou anos pedindo por essas músicas, principalmente a última, em shows da banda e não era atendida.
O único ponto negativo fica para o som do local, que durante as primeiras músicas estava exageradamente alto para a pista, e foi sendo corrigido com o tempo. Na área VIP, mais próximo ao palco, a sonoridade estava mais em ordem.
Ontem, 16 de Outubro de 2015, em Curitiba, o Los Hermanos levou à Pedreira Paulo Leminksi uma quantidade de público muito parecida com a do show da Katy Perry que cobrimos no mesmo local há alguns dias.
Você pode não gostar da banda e criticar as suas idas e vindas sem material novo, mas nenhuma banda no Brasil faz isso com números tão expressivos por toda cidade que passa.
E se fã de Los Hermanos é “chato”, aposto que muita banda por aí gostaria de ter esses chatos como seguidores. Cantar todas as músicas, do início ao fim, lotar shows, acabar com os itens da barraca de merch e fazer barulho a cada lugar que passa é o sonho de consumo de muito artista.
Para os fãs, ficam as memórias de mais uma grande apresentação dos donos de uma das mais consistentes discografias da música brasileira nos últimos anos. Que venham mais shows (se for com material inédito melhor ainda). Chato é quem perdeu.
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Setlist
- O Vencedor
- Retrato Pra Iáiá
- Além Do Que Se Vê
- Todo Carnaval Tem Seu Fim
- O Vento
- Cadê teu Suín-?
- Do Sétimo Andar
- Samba A Dois
- Condicional
- Azedume
- Pois É
- Morena
- Um Par
- O Velho e o Moço
- A Outra
- Paquetá
- Sentimental
- Primeiro Andar
- Tenha Dó
- Descoberta (Amarante cantou “Uh! Paulo Leminski!”)
- Deixa o Verão
- De Onde Vem A Calma
- Conversa de Botas Batidas
- Último Romance
- A Flor
Bis - Homenagem a Paulo Leminski
- Adeus Você
- Anna Júlia
- Quem Sabe
- Pierrot
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