Muse mostra excelência técnica em show de SP

Em sua quinta passagem pelo Brasil, Muse retorna com sonoridade mais orgânica, discurso politizado, e show cheio de efeitos audiovisuais

Muse não enche estádio, mas mostra excelência técnica em show de SP

Texto: William Galvão / Fotos: Marcelo Rossi (T4F)

A noite do último sábado, 24 de Outubro, foi bastante concorrida para os fãs de música na cidade de São Paulo. Teve apresentação da banda indie francesa Vive La Fête; da cantora Tarja Turunen; do rock cristão da Skilett; e também dos metaleiros da Asphyx. No entanto, as grandes atrações da cidade foram os cariocas do Los Hermanos, em mais uma “turnê de despedida”, com ingressos esgotados para a Arena Anhembi e o trio inglês Muse, que não conseguiu esgotar os ingressos do Estádio do Palmeiras, mas fez um show acima da média, com muito profissionalismo.

A banda está em sua quinta passagem pelo Brasil, também se apresentou no Rio de Janeiro, e segue com a turnê Drones, seu sétimo trabalho, por outros países da América Latina. Apesar de a banda de Matthew Bellamy ter tocado na abertura do show do U2, em 2011, no Morumbi, só agora eles tiveram um espaço só deles em um estádio. Antes disso tudo, o trio fez um show solo em 2007, numa casa menor com lotação máxima, daqueles que só quem esteve por lá pode descrever o nível de excelência. A turnê era a do quarto disco da banda, Black Holes and Revelations (2006), que seguia uma safra impecável.

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Além da agitada programação cultural de São Paulo, um pouco do fato dos ingressos não se esgotarem (foram colocados 31.700 à venda) também se deu por conta dos preços, que chegaram a R$ 650 e acabaram assustando, inclusive, os fãs. Tanto que quando os preços foram anunciados, o fã clube brasileiro fez uma carta aberta à banda repudiando os valores.

Com abertura da banda Maglore, que mostrou competência no palco, o Muse fez uma apresentação bastante peculiar: politizada, madura, cheia de efeitos audiovisuais, e mostrou mais uma vez sua força perante grandes multidões. Eram 27 mil, segundo a organização do evento.

Mesmo a audiência mais desavisada é cativada pelo trio, que faz um som tão potente, que parecem muitos mais. A abertura aconteceu alguns minutos após às 21h, com um vídeo de “Drill Sargeant”, um discurso incluso no meio do disco da banda sobre autoritarismo. Na sequência veio “Psycho”, uma das músicas novas, pesada e enérgica para o público já sentir o que viria pela frente.

A banda trabalha bastante o lado visual, com telões e imagens fazendo referências às músicas, sempre com algum discurso político. Basta lembrar de seu histórico com referências como “1984” de George Orwell, por exemplo. Por trás de Drones está uma narrativa sobre a jornada de um humano, do abandono e perda da esperança até a sua doutrinação pelo sistema como um drone humano, até a eventual deserção contra os seus opressores numa espécie de 3ª guerra Mundial.

Do novo trabalho o público pôde conferir ainda “Dead Inside”, o grande single do álbum, “Reapers”, “The Handler” e “Mercy”, esta que apareceu no bis com uma chuva de fitas coloridas e serpentinas caindo do céu. Entre as surpresas, a banda tocou “Resistance” do disco de mesmo nome lançado em 2009, música que há tempos o Muse não tocava.

Outra novidade foi “Muscle Museum”, do primeiro álbum, Showbizz, de 1999. Essa música é uma raridade nos shows e só apareceu por conta de uma campanha dos fãs nas redes sociais que pedia por ela. Para completar toda a festa, apareceram hits antigos e supremos como “Plug in Baby”, “Times Running Out”, “Supermassive Black Hole” e “Starlight”, além de coisas dos dois últimos trabalhos como “The 2nd Law: Unsustainable”, música experimentada no dubstep, um tanto chata; “Uprising”, que contou com bolas gigantes cheias de papel picado pairando até serem estouradas,  e também “Madness”.

O encerramento contou com “Knights of Cydonia“, música chave do disco Black Holes and Revelations. Um show para fãs de todas as fases do trio (que não são poucas e sempre com novas experimentações) em uma noite atípica na cidade, com um leque de opções, mas cuja escolha do Muse certamente valeu bastante a pena.

Setlist:

“Drill Sergeant”
“Psycho”
“Reapers”
“Plug In Baby”
“The Handler”
“The 2nd Law: Unsustainable”
“Dead Inside”
“Resistance”
“Muscle Museum”
“Citizen Erased”
“Madness”
“Supermassive Black Hole”
“Time Is Running Out”
“Starlight”
“Uprising”

Bis:
“Mercy”
“Man with a Harmonica” (introdução de Ennio Morricone)
“Knights of Cydonia”

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