TMDQA! entrevista: Spoon

Leia nosso divertido bate papo com Britt Daniel, Jim Eno e Alex Fischel sobre "tabuleiro Ouija" do Spoon, próximo disco, experiências em turnê e mais.

TMDQA! entrevista: Spoon

Por Stephanie M. Hahne

O Spoon foi uma das atrações da mais recente edição do Popload Festival, em São Paulo, e durante o evento o Tenho Mais Discos Que Amigos! teve a oportunidade de conversar com os integrantes da banda.

Logo abaixo você pode ler nosso bate papo divertido com Britt Daniel, Jim Eno e Alex Fischel, que falaram sobre próximo disco da banda, projetos paralelos, Divine Fits e até o “tabuleiro Ouija” que escolhe as canções dos seus shows.

Publicidade
Publicidade

Divirta-se!

 

TMDQA!: Como tem sido a estadia no Brasil?

Britt Daniel: Muito bem. Eu gosto muito. Cheguei cinco dias antes da banda e me diverti em São Paulo. Antes a gente só tinha ficado aqui por 48 horas [no Planeta Terra Festival], então dessa vez deu para experimentar mais coisas.

TMDQA!: E vocês tocaram aqui ontem, certo?

Britt: Sim, eu fiz um DJ Set ontem.

 

TMDQA!: O Spoon fez um show no Rio, agora vocês estão aqui em São Paulo para o Popload e amanhã tocam no Beco. Como vocês preparam o setlist para os shows solo e de festivais, qual é a diferença?

Jim Eno: Em um tabuleiro Ouija! A gente joga toda as músicas e coloca as mãos nelas (risos). Mas só temos alguns minutos, é um festival.

Britt: Às vezes o tabuleiro Ouija continua nos empurrando mais músicas e aí a gente tem que cortá-las.

Jim Eno: Você sabe o que é um tabuleiro Ouija?

TMDQA!: Sim (risos).

Britt: Iremos tocar para pessoas que não nos conhecem, então é um set mais curto e terá muitos hits. Aí amanhã [no Beco] a gente pode espalhar um pouco mais. Ou tocar o que o tabuleiro Ouija diz (risos).

TMDQA!: Vocês lançaram o disco “They Want My Soul” no ano passado e ele foi muito bem recebido. Há muita pressão com esse grande álbum e a turnê?

Britt: Sem pressão. Estamos fazendo isso há muito tempo e lançamos alguns álbuns grandes no passado. “Grande” é um termo relativo, certo?

TMDQA!: Sim, mas “They Want My Soul” se destaca nos dias de hoje porque vocês continuam desenvolvendo sua música, ela continua moderna. A banda já está na estrada há 20 anos, como vocês conseguem trabalhar isso e pensam na sonoridade de cada álbum?

Britt: Eu não sei o que fazemos diferente das outras bandas. Talvez a gente… uhh..

Alex Fischel: Crescemos como pessoas, certo? (risos)

Britt: É exatamente isso que eu ia dizer, crescemos como pessoas! (risos)

Alex: É, você faz essas coisas novas que mudam a forma da arte que você cria, então é assim que funciona.

Britt: Pesado, cara…

Alex: Foi mal. (risos)

Jim: A gente também trabalha com produtores diferentes, e eu sinto que isso influencia o som. Nosso último álbum [produzido por Dave Fridmann] é mais duro, mais barulhento, isso tem muito a ver com ele.

Britt: Eu acho que a gente só é chato, sabe, a gente não vai lançar um disco que não seja bom do início ao fim. Não sei se toda banda pensa assim. Muitas pensam “vamos terminar esse final de semana e aí passamos para o próximo lance”. E eu não poderia fazer isso, então continuamos trabalhando até que a gente encontre a coisa certa.

 

TMDQA!: Os lugares que vocês visitam em turnê influenciam o som ou as letras da banda?

Britt: Estou tentando pensar se isso já aconteceu. Normalmente eu componho em todo lugar que estou, simplesmente despejo as coisas. Estava dando uma volta com a minha amiga Luisa Lovefoxxx [CSS] na semana passada e ela falava muita coisa em um Inglês que não era exatamente correto, era curioso, e ela falava sobre “stormy thunders”. Ela disse, “Sabe, há várias ‘stormy thunders’ lá fora.” (risos) [Provavelmente Lovefoxx se referiu à uma “thunderstorm”, ou tempestade com raios)

Jim: Eu ouço muitas partes sobre viagens nas suas letras.

Britt: É, e normalmente elas falam sobre paradas na estrada.

 

TMDQA!: E há algum artista brasileiro que vocês estejam ouvindo no momento?

Britt: Estávamos ouvindo discos brasileiros ontem e gostei do Caetano Veloso. É uma banda ou um cara?

TMDQA!: Um cara, e ele é bem famoso por aqui.

Britt: É, e eu gosto de Jorge Ben também.

 

TMDQA!: Quais são os panos para depois da turnê do disco “They Want My Soul”?

Britt: A gente excursionou por bastante tempo com o disco e está perto do final agora. Iremos tocar em Santiago depois de São Paulo e aí vamos para o México e Bogotá em Novembro. É tudo que temos. Estou escrevendo bastante, já tenho 42 ideias.

TMDQA!: Então não há um plano, apenas fazer o que você acha que é certo.

Britt: Sim. Naturalmente faremos um álbum depois, mas não sei quando começamos a gravar. Alex já ouviu as músicas, Jim já ouviu…

Jim: Estou pronto! (risos)

Britt: Tenho várias anotações agora, estava imaginando se você gostaria de vê-las.

Jim! Sim, claro! Será uma experiência. E aí você pode me mandar as músicas, eu vou tentar identificar qual letra vai em cada música.

 

TMDQA!: Vocês deram um tempo no Spoon antes do último álbum para trabalhar em projetos pessoais. Isso influenciou o som do último disco? Quando vocês sentiram que era hora de voltar com a banda?

Britt: A turnê com o Divine Fits [banda paralela com Britt Daniel e Alex Fischer] estava chegando ao fim, então liguei para o Jim e disse, “Vamos nos reunir para fazer música.” E o Jim falou “Não dá, estou ocupado.” (risos)

Jim: Sim, mas você falou tipo, “Vamos fazer semana que vem!” (risos)

Britt: E os projetos afetaram um pouco sim. Eu conheci o Alex [Fischel] no Divine Fits e aí o Alex entrou para o Spoon, o que é uma grande influência.

Jim: Foi muito mais divertido gravar esse álbum. A gente sentiu que depois da pausa ficamos mais empolgados para a volta, e tudo soava bem.

Britt: É, eu estava empolgado em voltar para o Spoon. Estava em uma situação pessoal ruim durante a gravação do álbum, mas ajudou. Se a gente fosse direto gravar depois do Transference (2010), seria um problema. Precisávamos desse tempo.

TMDQA!: E o Spoon tem um novo baixista nessa turnê, certo?

Britt: Sim, estamos com Stephen [Patterson do White Rabbits] agora. Nosso baixista Rob Pope [que também é do The Get Up Kids] e sua esposa acabaram de ter outro bebê. Toda vez que ele transa com ela, surge um bebê (risos).

Jim: Essa vai ser a chamada da entrevista! (risos)

Britt: Você acha que eles se importariam? Ela pode achar ruim…

 

TMDQA!: E vocês têm planos para outros projetos pessoais ou até mesmo um retorno do Divine Fits?

Alex: A qualquer momento. Quando for certo. Talvez após um novo disco do Spoon.

Britt: Ou quando o tabuleiro Ouija nos disser que é hora…

Jim: O Britt só fica ali recarregando seus e-mails até esperar um sinal. [Fazendo referência ao fato de que Britt não larga o telefone]

Britt: Não, na verdade vou tirar uma foto de nós [começa a tirar fotos]. Por favor continue.

 

TMDQA!: Bom, a gente acha que vocês deveriam gravar outro disco.

Britt: Do Divine Fits?

TMDQA!: Sim.

Alex: É mais uma questão de quando, tem que ser a hora certa.

Jim: Quando as agendas baterem.

 

TMDQA!: O Spoon teve problemas com gravadoras no passado e fez músicas sobre Ron Laffitte [executivo de negócios na música]. Como foi?

Britt: Fazer os singles sobre esse cara de A&R foi muito divertido. Saiu porque alguém pensou naqueles títulos engraçados e que seria divertido lançá-los. Seria como um “foda-se” para o cara e meio que tiração de sarro de uma situação negativa. Foi o que mudou a nossa sorte porque ao invés de ser a banda que todo mundo diz que soa como o Pixies, ou mais uma banda genérica de “college rock”, nos tornamos a banda que lançou um grande disco e foi demitida pela gravadora logo depois e aí fez um single sobre como o cara de A&R era um idiota. Durou alguns anos, e foi a primeira vez que as coisas funcionaram para a gente.

 

TMDQA!: O Spoon tem várias músicas em filmes e séries de TV. Como isso tem acontecido?

Britt: Eles nos ligam e dizem que querem as nossas músicas em um filme, aí a gente diz “Ok, quanto? Quando você quer para colocar a música no seu filme?” (risos) E é isso. Mas às vezes a gente recusa. Normalmente não tenho problemas com um filme ou programa de TV, e provavelmente não entraremos nas rádios mainstream em breve. Sendo assim, por que não deixar a música ser exposta?

 

TMDQA!: Vocês estavam no festival ontem ou só o Britt?

Alex: Eu estava mas fiquei pouco, estava um pouco doente.

TMDQA!: Está melhor hoje?

Alex: Sim, obrigado!

Stephen: Também aproveitamos o Rio de Janeiro, estava bem quente.

 

TMDQA!: Vocês podem nos dar um spoiler do setlist de hoje?

Britt: Você quer vê-lo?

TMDQA!: Sim! (risos)

Jim: Traga o tabuleiro Ouija! (risos)

[Britt tenta achar o setlist no telefone mas não consegue, então Jim acha no dele e mostra]

TMDQA!: Está muito bom…

Alex: Você aprova?

TMDQA!: Sim!

[Risos] Britt: Amanhã o setlist ainda terá vários hits mas também outras músicas que gostamos de tocar.

 

A entrevista acaba e Britt agradece, dizendo que tudo foi muito divertido.

 

Você pode ler nossa resenha do dia com o Spoon no Popload Festival clicando aqui.

Sair da versão mobile