Por Olena Arruda
O Festival MADA ganhou prestígio no Brasil todo, e por isso é tão interessante ver um line up tão diversificado, trazendo artistas independentes tanto daqui quando de outros lugares. Nesta 17° edição tivemos alguns pontos negativos, no entanto acabou com um saldo positivo.
No primeiro dia reinou um público jovem, que mesmo transparecendo uma preferência em assistir a Pitty, acompanhou todos os shows desde cedo. Acredito que eles devem ter saído da festa instigados a escutar mais algumas bandas apresentadas a eles ali no palco do MADA.
No segundo dia, o público já estava mais diversificado, e com suas escolhas claras. O tamanho da plateia diferenciava de um show para outro, hora menor, hora maior. E por ser dia de Halloween, teve direito a público fantasiado, sim! Com cara pintada de caveiras mexicanas e tudo. O som estava mais alto (bom para quem ficou lá atrás) e os telões voltaram a vida e ficaram projetando os shows.
Eu tinha achado a ideia do copo genial, já tinha ido a alguns eventos em João Pessoa que também tiveram essa iniciativa e aprovei. A diferença é que eles estavam vendendo a água de copinho e a entregavam desse jeito. Além disso, na área onde público assistia aos shows, os vendedores de cerveja as colocavam em um copo descartável qualquer. Andando pela arena não percebi nenhuma lixeira. Resultado: no final do festival estava lá do mesmo jeito. O campo todo coberto de sujeira de copos descartáveis, papéis e afins. A ideia de usar o copo reutilizável não era para evitar isso? Então porque cargas d’águas foi permitido os demais descartáveis?
19h10 e o povo ainda estava escasso, mas isso não impediu de OLiberato espalhar energia com seu som meio reggae do seu EP intitulado Alegria. Algumas pessoas acompanhando na frente do palco, mas um número mais considerável lá na pista. O artista, que trouxe seu som da Bahia, foi uma boa escolha para começar o segundo dia. Um estilo dançante, mas ainda pouco calminho.
Luísa e Os Alquimistas é um som bastante novo até para nós potiguares. Ainda sem nem mesmo um EP lançado, no entanto com músicas autorais na bagagem, já ganhou alguns fãs por aí e conseguiu seu espaço no MADA deste ano. Queridinha da página Brasileiríssimos e do projeto Elefante Sessions, garantiu um bom público para acompanhar seu show. A cantora com seu jeito meio tímido e voz calma, contudo poderosa, conseguiu sim agradar os ouvintes do festival. O show ainda teve uma participação para lá de especial da Clara Pinheiro (do Clara e a Noite e Orquestra Boca Seca).
Salvo engano, há umas três edições do MADA que o público pede a participação do Agregados, Família do Rap. Finalmente a produção escutou e resolveu trazer a dupla veterana. Eles mal entraram no palco e já agradeceram pela oportunidade e lembraram que o festival faz parte da história deles. Voaram até alguns CDs para quem estava no gargarejo. E com um EP para sair entre novembro e dezembro, já deixou o convite a plateia para a festa de lançamento. Quem voltou para fazer outra participação arrasadora foi a Clara Pinheiro.
A seguir veio a Camarones Orquestra Guitarrística, marcando a volta de Léo Matinez. Talvez por ser instrumental, foi um dos poucos shows do dia que não aconteceu muita interação com o público. A briga para saber quem é mais empolgado ficava entre a baixista Ana Morena e o baterista Yves Fernandes, mas também deu para ver na plateia pessoas dançando e batendo cabelo. Enfim, foi só eu ou mais alguém achou a apresentação do Camarones bastante curta?
A partir de agora a programação foi só com bandas de outros estados. A Moxine foi bem falante durante sua apresentação, se demostrou feliz em estar pela primeira vez no Nordeste e por sua participação no festival, deixando claro a vontade em voltar mais uma vez para nossas terrinhas. Agradeceu ao público diversas vezes, inclusive. Eram 21h e ainda parecia ter menos gente do que no dia anterior, apesar dos ingressos terem esgotados antes para o segundo dia.
Perto do final do show da Moxine, algumas pessoas já esperavam em frente ao palco do Projeto Rivera. A banda veio do Ceará e foi a segunda mais votada na seletiva Nordeste organizada pelo evento. Conheci eles ali e já adorei pelo simples fato do vocalista tocar uma pandeirola acompanhando os arranjos.
Logo antes de tocar a música a qual os levou até aquele palco, o Rivera também agradeceu a organização pela participação no evento e disse que ali era o maior público para o qual eles tinham tocado. Ainda reservaram uma parte da apresentação para incentivar novos músicos, dedicando uma música para eles
Novamente, perto do final do Rivera, já existiam várias pessoas à espera do próximo show. Se no primeiro dia a maioria do público deixou aparente que tinha ido para prestigiar Pitty, neste segundo dia a plateia só veio acordar e chegar bem mais junto ao palco com o show da banda Scalene. Foram gritinhos histéricos do início ao fim, com coro garantido em quase todas as músicas da banda.
Eles estiveram por aqui no ano passado dentro do Festival DoSol, todavia, parece que a participação no programa da Globo virou o jogo para a banda e muitas das pessoas ali estavam a prestigiando ao vivo pela primeira vez. Era unânime os gritos: Scalene! Scalene! Sclaene!
Percebi que o assistente de palco quase não saía de perto da bateria. Alguns problemas, porém não prejudicou a apresentação no total.
Apesar dos ótimos show anteriores, parece que foi a partir do show da Scalene que o público realmente acordou e começou a alimentar a alma. Assim, Felipe Cordeiro subiu ao placo para uma plateia já bastante agitada e com vontade de dançar. Era todo mundo com batidas da palma da mão, acompanhando as letras e arriscando passos de lambada. O cantor carismático conquistou até quem não o conhecia.
Continuando com o corpo quente para dançar, Nação Zumbi já começou o show com clássicos. Tirou todo mundo para bailar e ainda quis expandir otimismo. A banda disse que, apesar de tudo que está acontecendo no país, Novas Auroras estão por vir. O público não queria que o show acabasse e foi a primeira vez da noite na qual escutamos o conhecido grito “mais uma!”.
Encerrando a noite e o festival, veio Nando Reis. Não sei se foi o meu cansaço, contudo, fiquei incomodada com o jeito que ele cantou suas músicas. Mudou o tom de todas as canções, parecendo que estava executando um cover dele mesmo. Não consegui acompanhar nem mesmo os meus hits favoritos. Era como se Nando Reis fizesse questão de interromper nossa empolgação.
Todo evento, principalmente um nas proporções do MADA, tem suas dificuldades e pontos negativos. No final o que importa é o que deu certo. Essa edição para mim valeu muito a pena e o que vai ficar guardado desse segundo dia são as apresentações de Felipe Cordeiro e Nação Zumbi. Que venham as próximas edições.