Taunting Glaciers é uma banda de post-hardcore/rock alternativo de Blumenau que tem à sua frente o músico Roberto de Lucena.
Através do selo Hearts Bleed Blue, o grupo está lançando um novo disco chamado Threshold, que teve todos os seus instrumentos gravados por Roberto e foi definido pelo próprio como “a conclusão de um trabalho de anos e o primeiro passo do resto das nossas vidas”.
A arte de capa de Threshold ficou com o baixista do grupo, Antônio Augusto, que retratou um “ambiente mágico, um mundo sem limites entre sonho e realidade, um retrato de que qualquer mudança só depende de nós para que aconteça.”
Os próximos dias serão bastante movimentados para o Taunting Glaciers que, além de lançar seu novo disco, também irá embarcar em uma turnê com a banda americana La Dispute, que se apresenta no país entre 19 e 25 de Novembro.
É com muito prazer que o Tenho Mais Discos Que Amigos! promove a estreia exclusiva do disco Threshold, acompanhada de um faixa a faixa do álbum que você pode ver logo abaixo.
“Threshold”
É sobre cruzar limites que não podem ser revertidos. É onde eu falo de que, de todos os sentimentos que poderiam ter me amparado em fases difíceis, o mais importante foi o amor. É sobre abraçar essas mudanças com abnegação e sentir a paz que as acompanha. Foi a música que quis escrever para mostrar pra minha agora então esposa e o meu filho que está a caminho, o quanto eles são especiais pra mim.
“Whitering Haste”
Julgamentos. Já os teci por demasiado. Já fui alvo dos mesmos. A falta de empatia que temos com a realidade de cada um é o que nos faz minimizar o sofrimento dos outros. Talvez a vivência tenha me trazido clareza em relação a isso. Talvez tenha sido o fato de que abri mais o coração e ficando exposto comecei a entender a exposição de outros. Vamos sempre tentar. Vamos sempre falhar. Talvez quem nos cerca tenha medo de tentar justamente por temer julgamentos. Precisamos ser mais indulgentes e procurar esse sentimento de empatia, o qual a carência está se tornando uma doença em nossa sociedade.
“In Love of Fate”
Amor Fati. Expressão em latim que significa amor ao destino. In Love of Fate fala sobre o ‘eterno retorno’. Sobre como tentei buscar entendimento de fatos que aconteceram de maneira repentina e me deixaram desolado. Não como parte de um processo de cura mas simplesmente de aceitação para que eu pudesse ver a beleza por trás de cada nuance da vida afim de um dia poder criar apenas a beleza em si.
“Shifting Daylight”
Muitas vezes em minha vida passei por momentos simples que passaram rápido, os quais hoje eu lembro com nostalgia querendo voltar a vivê-los. Como nossas vidas seriam fáceis se soubéssemos exatamente a hora de viver plenamente cada momento, tendo consciência de que eles são únicos. Shifting Daylight é sobre continuar. Olhar para ontem com alegria, viver intensamente hoje e esperar o amanhã cheio de novos desejos para buscar.
“Gatekeeper”
Mesmo com toda a positividade do mundo em nossos corações, inevitavelmente vamos passar por dias de dúvida. De frustrações. Vamos ver tudo pelo que batalhamos ir por água abaixo. Vamos perder pessoas queridas. Gatekeeper é o meu grito preso na garganta. Os momentos nos quais me senti fraco e precisei de um braço amigo para me reerguer e não encontrei nenhum. Esperamos demais dos outros e isso só leva à decepção. Passei por um momento em que me afastei das pessoas por não querer mais me sentir dessa forma. O tempo me fez entender que o problema estava dentro de mim em não aceitar os outros como são.
“Of Shattering”
Essa música foi uma forma de ambientar um processo de separação doloroso em que estava exposto mas não tive voz para me expressar. É difícil acreditarmos no início mas tudo melhora com o tempo enquanto estivermos abertos a novas experiências.
“Sailing Lights”
Sailing Lights foi uma música que escrevi para mim mesmo. Na minha mente as lembranças do passado são sempre meio anuviadas mas nelas eu me vejo vivendo personas diferentes em épocas distintas, como se eu tivesse me distanciado várias vezes do meu próprio eu. Fui me vendo cada vez mais angustiado e me distanciando de tudo e todos como se precisasse primeiro me aceitar antes de aceitar o que me cerca. O fim da música deixa no ar esse sentimento de que estou perdido, na esperança de que esse não seja realmente o final.
“Farewells In Arrivals”
A resposta para mim foi simplificar tudo. Eu estava sempre esperando algo que talvez fosse inatingível me trazendo uma angústia desnecessária. Existe uma beleza mais sutil na simplicidade. E aceitar essa limitações foi doloroso à princípio mas ao mesmo tempo libertador. Foi desse sentimento que surgiu a Taunting Glaciers. De fazer algo que fosse simples e belo, pelo menos para mim. Dar adeus antes de dizer um novo ‘olá’. E essa clareza de propósito foi o que me devolveu a vontade de continuar.
“Unhanded”
Após um ano de banda eu já me via repetindo os mesmos erros. Tentando demais. Esperando demais. Unhanded é sobre o momento onde decidi que ia ser pai e esposo. Talvez para outros isso venha de forma mais natural mas pra mim descobrir que teria um filho veio como um choque que demorou alguns dias para passar. Precisei me desapegar de todo o resto e abraçar esse sentimento. E de algo que pra mim o fim de uma era, se tornou apenas o começo de algo muito mais valioso.
“On Discussing Wolves”
Essa foi a primeira música que escrevi para a Taunting Glaciers. Foi de um momento onde senti as piores sensações da minha vida até hoje. Onde eu me via sozinho ainda que cercado. Não sabia como lidar com nada nem com ninguém. Não sabia se estava triste, irritado ou só insensibilizado. Eu estava buscando voltar para um passado que não mais me pertencia e que na verdade nem me traria uma solução. Escolhi deixar essa música para o fim do álbum justamente por esperar que um dia eu me sinta da mesma forma. E que eu possa então voltar a ouvir esse álbum e saber que isso nada mais é do que o começo de um novo ciclo. E de que tudo vai ficar bem enquanto eu puder colocar todos esses sentimentos nessas músicas, que significam muito pra mim. E espero que à partir de agora signifiquem um pouco mais para você.