Fotos: Daniel Outlander
O Maracanã sempre foi palco de grandes momentos, arrancando lágrimas, sorrisos e suor de muita gente que já passou por ali. A emoção talvez seja o principal sentimento que permeia o estádio e, na noite do dia 22 de novembro, não foi diferente.
Pela terceira vez no Rio de Janeiro, o Pearl Jam mostrou que ainda tem uma energia invejável, digna de alçá-los ao posto de uma das maiores bandas de rock da história. Com setlist extenso e muita competência técnica de Stone Gossard, Jeff Ament, Mike McCready e Matt Cameron, além do carismático Eddie Vedder liderando o grupo, os originários de Seattle, berço do grunge no início dos anos 90, mostraram durante cerca de três horas que a música ainda pode ser feita e executada de modo apaixonado e visceral, com extrema entrega aos fãs.
O relógio marcava aproximadamente 21h quando as luzes do Maracanã se apagaram e a numerosa plateia foi à loucura. Ninguém parecia muito se importar com o atraso de uma hora quando os primeiros acordes de “Oceans”, tocada pela primeira vez nesta turnê, se iniciaram. É verdade que o Pearl Jam costuma variar em seus setlists, mas a surpresa logo na primeira faixa, retirada do disco de estreia da banda, Ten (1991), demonstrava que o último show no Brasil seria marcante. Com símbolos que remetiam ao trágico atentado terrorista em Paris, incluindo até o bumbo da bateria de Cameron com a imagem da Torre Eiffel estampada, o show começou em tom introspectivo e respeitoso para, em seguida, engatar “Present Tense” e a incrível “Corduroy”. Na sequência, “Hail Hail”, “Mind Your Manners” e “Do The Evolution” colocaram o Maracanã abaixo, com direito a vozes em uníssono acompanhando as letras numa sintonia que apenas as bandas de peso conseguem conquistar nos dias de hoje.
Os 50 mil presentes mais pareciam fiéis. Eddie Vedder reinava absoluto e estava munido de diversos papéis que o permitiam falar em português com uma plateia que o ovacionava a qualquer palavra dita. “Bem vindos ao nosso último show no Brasil. É uma honra conhecer o Maracanã”, soltou o vocalista. “Já estamos imaginando quando poderemos voltar!”. Os clichês foram suficientes para puxar “Among the Waves”, “Save You” e “Even Flow”, um dos grandes hits da banda, com muitíssima eficácia.
Depois de “Who You Are”, Vedder decidiu que era o momento de mostrar ainda mais sua versatilidade e cantou “Setting Forth”, de sua carreira solo e parte integrante da trilha sonora do filme “Na Natureza Selvagem”, composta por ele próprio. Em sua passagem sozinho pelo Brasil, no ano passado, o artista já havia deixado claro que consegue arrastar multidões por si só e demonstrou novamente sua força, já que as milhares de vozes não paravam de acompanhá-lo mesmo se tratando de uma canção que não pertence, efetivamente, ao grupo que ali se apresentava.
“Not For You” trouxe a energia crua da banda de volta ao estádio e deu espaço, em seguida, à melancólica “Sirens”, um dos singles do último disco de estúdio da banda, Lightning Bolt, lançado em 2013 e muito bem recebido pela crítica e pelos fãs. Na estrada há mais de 20 anos, é impressionante notar a maestria com a qual o Pearl Jam consegue coordenar a platéia e arrebatar diversas gerações, sendo esse um dos grandes destaques da noite.
Após “Given to Fly”, o grupo executou seu primeiro cover, a ótima “I Want You So Hard (Boy’s Bad News)”, do Eagles of Death Metal (em mais uma menção aos ataques terroristas em Paris) e, apesar da recepção morna da plateia pelo natural desconhecimento da faixa, logo resgatou o pique com “Comatose”, “Lukin” e “Rearviewmirror”.
No retorno para o bis, a atmosfera conseguiu se tornar extremamente intimista, uma verdadeira proeza visto que estamos falando de um concerto em pleno estádio de futebol. Eddie, então, entoou no formato acústico as canções “Yellow Moon”, “Elderly Woman Behind the Conter in a Small Town”, “Just Breathe” (com direito à dedicatória a um casal que celebrava 22 anos de matrimônio) e “Imagine”, do John Lennon, segundo cover da ocasião e que, apesar de figurinha já esperada nos últimos shows, resultou em lágrimas e muita sensibilidade, além de um mar de luzes emitidas por isqueiros e celulares por todo o local. A faixa foi dedicada ao fã Pierre-Antoine Henry que, recentemente, faleceu no Le Bataclan, em Paris. “Ele estava sempre na primeira fileira dos nossos shows na França. Era uma pessoa jovem, muito gentil e pai de duas crianças que, infelizmente, perdeu a vida nesse atentado brutal”, revelou Vedder.
O hit “Jeremy” veio seguido por “Why Go” e “The Fixer” e aí um dos momentos mais bonitos do concerto se desencadeou. Edu, um fã que vem acompanhando a turnê brasileira do grupo, teve a chance de subir ao palco e cantar a primeira parte da já clássica “Porch” com seus ídolos como presente de aniversário. Além disso, bebeu do mesmo vinho de Eddie Vedder e seu momento de glória foi muito comemorado pelo público.
A última parte do show tomou forma com “Last Kiss”, terceiro cover e um dos maiores sucessos da banda até hoje, e uma versão arrepiante de “Comfortably Numb”, do Pink Floyd, com direito a acompanhamento visual envolvente. “Spin the Black Circle” deu continuidade ao espetáculo que se aproximava das três horas de duração e, surpreendentemente, não se tornava cansativo de forma alguma, com mérito óbvio às inúmeras pausas que Vedder faz e suas simpáticas tentativas de se comunicar com seus fãs. “Black”, “Better Man” e “Alive” vieram com força e, sem sombra de dúvidas, configuraram a grande trinca da noite, antes de dar espaço à “Rockin’ in the Free World”, originalmente de Neil Young, e a sempre muito aguardada “Yellow Ledbetter”, ambas executadas já com as luzes do estádio acesas. Nada, é claro, que tirasse o brilho da banda que, definitivamente, carimbou o passaporte para inúmeros retornos ao país.
Setlist – Pearl Jam no Maracanã
- Oceans (tour debut)
- Present Tense
- Corduroy
- Hail Hail
- Mind Your Manners
- Do the Evolution
- Amongst the Waves
- Save You
- Even Flow
- Who You Are
- Setting Forth (Eddie Vedder)
- Not for You
- Sirens
- Given to Fly
- I Want You So Hard (Boy’s Bad News) (Eagles of Death Metal cover)
- Comatose
- Lukin
- Rearviewmirror
Bis: - Yellow Moon (acoustic)
- Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town (acoustic)
- Just Breathe (acoustic) (dedicada a um casal de fãs que completava 22 anos de casamento)
- Imagine (John Lennon cover) (acoustic)
- Jeremy
- Why Go
- The Fixer
- Porch (primeira parte cantada por um fã que estava de aniversário)
Bis 2: - Last Kiss (Wayne Cochran cover)
- Comfortably Numb (Pink Floyd cover)
- Spin the Black Circle
- Black
- Better Man
- Alive
- Rockin’ in the Free World (Neil Young cover)
- Yellow Ledbetter
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Um vídeo publicado por Tenho Mais Discos Que Amigos! (@tmdqa) em
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