Hoje mais cedo a Vice disponibilizou na íntegra a primeira entrevista concedida pelo Eagles Of Death Metal a respeito dos terríveis ataques à casa de shows Le Bataclan, em Paris.
Em um longo vídeo de 26 minutos, o fundador da publicação conversou com os integrantes da banda que estavam tocando no dia do show e também Josh Homme, fundador e baterista do grupo que não excursionava com o EODM.
Separamos algumas revelações importantes que surgiram com a entrevista e as relacionamos logo abaixo.
1 – A banda havia feito uma hora de show
Shane Smith, fundador da Vice, começa a entrevista pedindo para que a banda relembrasse do momento em que tudo aconteceu, e diz que a apresentação tinha mais ou menos uma hora de duração.
2 – Os atiradores estavam espalhados pela casa
Eden Galindo, guitarrista da banda, disse que achou que o barulho era por conta de problemas no sistema de som, mas logo o grupo percebeu o que estava acontecendo.
Jesse Hughes, vocalista e guitarrista, saiu procurando por sua namorada, Tuesday, mas teve que correr pelo local pois ao subir para outro andar, viu que um atirador também estava na parte de cima da casa, e foi obrigado a voltar correndo e orientar todo mundo para que fosse a outra direção.
3 – Os caminhos eram confusos
Jesse Hughes chegou a dizer que o local parecia um labirinto, já que além da dificuldade de correr por caminhos desconhecidos, não se sabia onde havia uma saída e onde havia atiradores.
4 – Jesse Hughes ficou profundamente abalado
Durante toda a entrevista é possível ver Jesse Hughes olhando para baixo, pensando, e revelando que ficou muito abalado.
Em certo ponto, ele chega a pedir desculpas por ter deixado seus colegas de banda para trás, segura o choro em várias ocasiões e eventualmente vai às lágrimas ao se lembrar das vítimas.
5 – A banda se dividiu
Eden Galindo disse que saiu do palco junto com Jesse Hughes, que subiu, viu um atirador e orientou para que todo mundo voltasse para o andar de baixo. Lá, eles conseguiram sair do Bataclan através de uma porta lateral que deu em uma pequena rua.
Matt McJunkins, baixista, correu junto com o empresário da banda, Steve, para uma sala sem saída. Ele diz que muita gente ferida estava por lá, e uma mulher com um tiro na perna era “atendida” por amigos enquanto algumas pessoas encontraram uma garrafa de champagne e chegaram a pensar em usá-la como arma. Ele inclusive dá risada ao relembrar o momento, já que se tratava de três atiradores com armas pesadas.
Matt ainda diz que a sala tinha um vazamento de água e o nível subiu, deixando o local inundado, e eles estavam com muito medo de que escorresse por baixo da porta e acabasse dando sinal para os terroristas de que havia gente no local. Da sala eles ouviam rajadas de tiros que duravam entre 10 e 15 minutos, aí havia silêncio, eles se acalmavam, mas os tiros voltavam. A sala ainda foi chacoalhada por uma explosão, que depois foi determinada como um terrorista que se suicidou com uma bomba.
Julian Dorio, baterista, disse que o que lhe chocou é que o Eagles Of Death Metal toca com um volume muito alto, e é difícil competir com o som dos amplificadores, mas instantaneamente quando os tiros começaram, ele percebeu que algo estava errado e começou a se esconder entre as peças de sua bateria, bem como equipamentos que estavam no palco. Ele rastejou pelo palco e acabou saindo pela mesma porta de Jesse e Eden.
Tuesday, a namorada de Jesse, também saiu por essa porta junto com Julian.
Shawn London, engenheiro de som, deu seu depoimento e ele ficou no meio do fogo cruzado. Normalmente localizado no meio da casa de shows, no Bataclan ele estava perto das portas do local.
Ele ouviu barulhos que achou que fossem fogos de artifício logo atrás da sua posição, e as pessoas começaram a se jogar no chão. Muitas vieram em sua direção e pularam para se esconder atrás das suas mesas e equipamento de som. Como demorou para entender o que estava acontecendo, ele não se abaixou rapidamente e um dos terroristas olhou em sua direção e atirou, mas errou. A mesa de som foi atingida e botões voavam por toda parte.
Foi aí que ele se jogou no chão e acha que o terrorista pensou que havia lhe matado, pois tinha muito sangue no chão e ele caiu rapidamente. O atirador seguiu em frente, então, e continuou atirando. Quando ele gritou “Allahu Akbar” (Deus é grande), foi que Shawn entendeu o que estava acontecendo.
Para fugir, ele começou a prestar atenção nos sons e momentos em que o terrorista precisava recarregar sua arma. Em uma dessas pausas, seis pessoas fugiram, mas os tiros voltavam. O grupo em que ele estava esperou mais uma vez, as balas acabaram e então ele percebeu que o atirador estava longe, correu e levou muita gente com ele para a porta da frente. Quando estava a um palmo de empurrá-la, ela estilhaçou porque o atirador voltou a atirar na direção do grupo. As pessoas finalmente conseguiram sair e “tropeçávamos em corpos no chão.”
6 – Os terroristas atiravam aleatoriamente
Todos os relatos dos integrantes dão conta de que os terroristas entraram atirando aleatoriamente, sem um objetivo claro ou alvo. A ideia era realmente matar o maior número de pessoas.
7 – O show era muito divertido
Shawn disse que o show era muito divertido e que todos estavam em êxtase. Os integrantes da banda também disseram algumas vezes que era possível ver no rosto de todo mundo como aquele show vinha sendo especial.
8 – Josh Homme foi o primeiro a saber do ataque fora do local (e foi fundamental)
Jesse Hughes diz que assim que chegou à polícia ligou para Josh Homme, porque “é isso que você faz quando está em apuros, liga pro Joshua.”
Hughes fica bastante emocionado ao falar do assunto, sai da entrevista e volta com Homme, que foi a primeira pessoa fora do Bataclan a saber do que havia acontecido.
Ele foi fundamental em confortar o vocalista do grupo e dizer que não era para ele se preocupar com o fato de que tinha corrido e “deixado” os membros da banda para trás.
Josh ainda disse que foi para o seu escritório e começou a fazer “o que dava pra fazer não estando no local para trazê-los pra casa.”
Ele chegou a mostrar a mensagem que recebeu “que não fazia nenhum sentido”, dizendo que “todos foram atingidos, eles fizeram reféns, tenho sangue em mim por toda parte.”
9 – A morte de Nick Alexander
Nick Alexander foi o único membro da equipe da banda que morreu no ataque. Ele vendia produtos da banda, foi atingido e não resistiu aos ferimentos.
Josh Homme disse que Alexander morreu protegendo uma amiga e Jesse, muito emocionado e chorando, se revolta com o fato de que ele sangrou até a morte sem pedir ajuda porque não queria chamar a atenção para a sua direção, assim ninguém mais se machucaria.
10 – Os terroristas invadiram o camarim
Jesse Hughes disse que muitos fãs se esconderam no camarim da banda, mas os terroristas conseguiram entrar no local e mataram todos eles. Apenas um garoto sobreviveu pois se escondeu embaixo da jaqueta do vocalista.
11 – Carga emocional
Josh Homme diz que se pegou anotando os nomes das pessoas que não sobreviveram, e se emociona ao falar delas e de sua família. Diz, inclusive, que gostaria de encontrar seus pais. Quando questionado sobre o que falaria para eles, revela que não há palavras para um momento como esse, e que só queria “se ajoelhar para eles e dizer ‘qualquer coisa que você precisar…'”
12 – A banda se uniu mais ainda após o ataque em Paris
Em vários momentos os integrantes do grupo dizem que a banda já era muito unida e se via como uma família, e que agora isso ficou ainda mais evidente.
Jesse Hughes diz que é muito grato a tudo que o rock and roll lhe proporcionou, que tem o que tem hoje em dia por causa dele e jamais irá se entregar: “quero passar minha vida sorrindo e me divertindo e divertindo meus amigos. Mal posso esperar para voltar.”
13 – A banda quer voltar ao Bataclan
Jesse Hughes diz que quer que o Eagles Of Death Metal seja a primeira banda a tocar na reabertura do Bataclan.
Julian Dorio, na sua conta do Instagram, também disse que mal pode esperar para “terminar aquele show”.
14 – O futuro do EODM
Ao ser questionada sobre seu futuro, a banda fala sobre as ações para reverter fundos às famílias das vítimas.
O Duran Duran cedeu todos os direitos da versão que o Eagles Of Death Metal gravou de “Save A Prayer” em seu último disco de estúdio. A banda de Jesse Hughes e Josh Homme resolveu fazer o mesmo com “I Love You All The Time”, encorajando artistas de todos os estilos para que gravem versões da canção e os seus direitos serão todos revertidos às vítimas.
15 – Banda e fãs estão cada vez mais unidos
Durante toda a entrevista a banda diz que se sentiu muito ligada aos fãs, principalmente após a resposta e os testemunhos de milhares deles nas redes sociais.
Ao final dela, eles chegam a dizer que estão conectados para sempre e exaltam a relação interna de cada um dos integrantes, bem como do grupo com seus seguidores.