Entrevistas

TMDQA! entrevista: Facção Caipira

A banda Facção Caipira está trabalhando a divulgação de seu primeiro álbum, "Homem Bom". Confira o bate papo que tivemos com os garotos.

Summer Music Festival - Facção Caipira

A banda Facção Caipira nasceu em 2009, em Niterói, com a intenção de ter liberdade para tocar e cantar o que bem entendessem. O quarteto composto por Jan Santoro (Voz/Resonator), Daniel Leon (Gaita), Vinicius Câmara (Baixo) e Renan Carriço (Bateria), tem feito turnês em grandes capitais brasileiras e apresentado seu rock, blues e country pelo Brasil afora.

Depois de ser uma das atrações da última edição do programa Superstar da TV Globo, encantando os jurados com seu “rock caipira”, os meninos trabalham a divulgação de seu primeiro disco de estúdio, Homem Bom. Confira abaixo o papo que tivemos com eles.

“Ex-Fumantes”

Uma foto publicada por Facção Caipira (@faccaocaipiraoficial) em

TMDQA! –  2015 tem sido um ano muito movimentado para vocês, principalmente com o lançamento do primeiro álbum da banda, “Homem Bom”. Como tem sido a receptividade do público para o disco?

Facção Caipira – Renan Carriço: Tem sido ótima. Os nossos fãs que acompanham desde o começo sentiram o amadurecimento da banda. Eles não ficaram presos ao estilo que seguimos no EP, que é um blues mais tradicional. O disco novo vem com uma carga emocional e musical muito mais forte e intensa. Ele marca como o primeiro CD que trabalhamos todos juntos em cada detalhe de cada música. Acredito que o ouvinte sinta tudo isso, principalmente quando tocamos ao vivo. Acho que isso transborda naturalmente.

TMDQA!  Como vocês escolheram tocar esse “blues brasileiro”? Quais são os principais músicos que influenciaram nessa mistura de ritmos que norteia o trabalho da Facção?

Facção Caipira – Renan Carriço: Isso veio de forma natural e espontânea. Somos quatro pessoas que escutam de tudo. Claro que temos algumas coisas em comum, o blues, no caso, foi o que uniu todos nós. Mas chegou um momento em que sentimos que deveríamos explorar todo nosso potencial como músicos e colocar nas nossas músicas toda nossa bagagem individual. Daí surge o nosso som. Fica difícil rotular, apesar de ter um pé forte no blues/rock.

Eu não me fecho para música, ainda mais sendo produtor musical. Devemos atentar para cada trabalho como um todo. Particularmente tenho escutado muito Samba, Rap, Stoner Rock e as muitas bandas independentes brasileiras que surgem a cada dia, como Boogarins, Ventre, Far From Alaska, Stereophant, Scalene, Pessoal da Nasa, Pietá (…) Impossível citar todas, mas aconselho a ficar de olho em tudo nacional independente que tem brotado. Você vai se surpreender o quão profissionais as bandas estão em questão de produção musical, audiovisual, gestão e tudo o que uma banda precisa pra caminhar com as próprias pernas.

Facção Caipira – Jan Santoro: Trabalhamos muito bem juntos, sabemos escutar uns aos outros na construção de um arranjo para a música, por exemplo. Acaba que fica difícil creditar poucas referências, pois temos muitas, e muito variadas. Gosto muito do jeito como a língua portuguesa pode ser rítmica usando sílaba por batida, soa muito bem e é um recurso de composição que sempre foi utilizado, basta escutar um pouco de Raul Seixas que já da pra entender, somando isso a um som de válvula gritante de guitarra, uma pegada forte de bateria, um arranjo torto digno de um tango argentino, a gente vai vendo como tudo se ajeita! Mas o mais importante é não dar nome aos bois, pelo menos não na etapa de criação – vamos trabalhando a música por ela mesma, depois vê no que dá – daí afloram as referencias.

TMDQA! – E o processo de gravação do primeiro disco? Vocês fizeram tudo em 5 dias? Como foi isso?

Facção Caipira – Renan Carriço: Foi muito intenso e era tudo o que tínhamos financeiramente falando, Então nos dedicamos 1000% e foi ótimo, mesmo sendo cansativo. Enquanto o Vinícius gravava os baixos sob supervisão de Jan e Felipe Rodarte (que produziu o disco com a banda), eu e Daniel tentávamos adiantar o arranjo de piano para “Dois Pra Lá, Dois Pra Cá”. Enquanto eu gravava bateria, Jan trabalhava nos vocais e nos riffs. Foi bem foda ver toda essa entrega nossa e ver a equipe toda trabalhando como uma unidade, desde a banda quanto o pessoal da técnica. Lembro da minha primeira sessão terminar às 5h da manhã e eu ter adiantado acho que 8 das 11 músicas. Foi insano!

https://www.youtube.com/watch?v=TNHQ-8Hyy88

TMDQA! – Quais são as principais diferenças entre esse primeiro disco e o EP de vocês?

Facção Caipira – Renan Carriço: No primeiro disco, sinto que estávamos nos conhecendo musicalmente e pessoalmente. Isso ajudou muito para que no disco Homem Bom nós já tivéssemos um entrosamento dentro e fora do estúdio.

Eu tinha acabado de entrar na banda e nós gravamos músicas já feitas pelo Jan há muito tempo. Basicamente nós entramos e gravamos dentro do meu pequeno estúdio para ter material para os shows e tudo mais. O resultado foi ótimo para o que queríamos na época. Eu ainda nem mexia em Pro Tools e tinha muito pouca experiência com gravação e produção. Já no disco, eu tinha muito mais bagagem de produção e gravação.

O Jan vinha de uma produção que ficou muito foda do disco solo dele. Sem falar da nossa maneira de tocar que mudou muito. A gente se cobra muito individualmente e principalmente para não nos acomodamos com o “bom” e só sairmos com uma música pronta quando os 4 acham que está “bom pra caralho”. E acho que a diferença mais surreal foi de gravar em um dos melhores estúdios do Brasil que é a Toca do Bandido. Só equipamento top e o som daquela sala.. Meu Deus.. Acho que vou querer gravar lá pra sempre (risos)

TMDQA! – Além de serem conhecidos pelo som que vocês fazem, a galera também fala a respeito de vocês por conta da participação da banda em alguns coletivos de música do Rio de Janeiro. Como é a relação de vocês com esses coletivos?

Facção Caipira – Jan Santoro: Começamos aqui um jeito de trabalhar que a Ponte Plural, uma produtora aqui de Niterói, em uma entrevista colocou bem como Do it Together que é uma ação coletiva entre as bandas independentes a fim de fomentar a cena independente, com eventos, shows interestaduais, festas, projetos, clipes – tudo tem corrido muito bem para todos, ficamos muito felizes e em construir e fazer parte desse quadro e comemoramos muito a conquista de todos #acenavive forte no Estado do RJ, no Brasil e em Niterói! #niteróinacena

TMDQA! – Além do lançamento do primeiro álbum de vocês, rolou também a participação no reality show SuperStar, junto com bandas como o Scalene, Kita e Supercombo. Como foi o convite e as etapas da participação de vocês no reality?

Facção Caipira – Jan Santoro: Participar do SuperStar foi incrível, foram dois minutos inesquecíveis.

Todas as etapas são muito intensas, é uma responsabilidade enorme apresentar o seu trabalho em rede nacional. O convite foi uma surpresa, não acreditávamos que iríamos participar. Tudo ocorreu muito depressa depois disso, mas conseguimos nos preparar. Foi uma ótima apresentação. “Sangue nos óio” como disse a Sandy e ficamos muito satisfeitos. Fizemos algumas aproximações dentro do programa, com os queridos da Dona Zaíra, com quem tivemos o enorme prazer de dividir o camarim e o a rapazeada da Moondogs (SP) que passamos a conhecer e admirar o trabalho. Já conhecíamos a Scalene, a Supercombo, a Kita, a Devir, Consciência Tranquila, Motel 11-11 e Dois Africanos. Torcemos muito por todos eles! Ficamos muito felizes com a Scalene, de ter chegado a final, representando o rock n’ roll com firmeza e muito som para o Brasil.

TMDQA! – Vocês já tinham participado do “Mais Vínicius, por favor” pelo Multishow. Dá pra relembrar um pouquinho dessa participação?

Facção Caipira – Jan Santoro: Fazer uma versão de Vinícius de Moraes não estava no nosso repertório, o convite para participar do reality foi uma surpresa muito boa pra gente. Escolhemos “Samba em Prelúdio” entre um sorteio – é uma música incrível, muito intensa na sua versão original. Passamos um tempo em estúdio pensando como iríamos vestir a pele de Vinícius, como interpretar o que ele queria dizer, mas da nossa forma – é mais ou menos quando se dá um conselho ou conversa com alguém “cara, na sua situação eu estaria (…)”.
Sentimos muita angústia quando pegamos pra tocar, muito amor e um pouco de raiva – arranjamos um brega-tango lamentado que dá pra conferir no Youtube, o trabalho de vídeo da Cover Flow ficou incrível, ficamos muito felizes em poder fazer parte dessa comemoração de 100 anos do poeta, até porque ele sempre foi uma forte referência pra mim como artista, escritor, músico.

TMDQA! – O que vocês estão ouvindo ultimamente?

Jan Santoro: De bandas brasileiras recomendo a playlist #AcenaVive do Spotfy: vou com Pessoal da Nasa, El Negro, The Highjack, Suricato, Nove Zero Nove, Clashing Clouds, The Outs, Sound Bullet, Scalene, Vivendo do Ócio, O Terno, Far From Alaska, Ventre e cantores como Cartola, Emicida, Criolo – essas tem tocado bastante no meu fone. Bandas internacionais vou de Them Crooked Vultures, Ruby Amanfu, David Byrne, Jack White, White Stripes, St. Vincent, Black Keys, Alabama Shakes, QOTSA, Dead Wheather, Jake Bugg, Reignwolf e outros.

Daniel Leon: Bastante Royal Blood, Far From Alaska, Hellbenders, Elza Soares, Macaco Bong e Motorhead.

Vinícius Câmara: Everly Brothers, Beach Boys, Bob Dylan, Julian Casablancas+The Voidz, Cerebral Ballzy, O Terno e Beatles sempre.

Renan Carriço: Tenho escutado muito o disco da Ventre que tá sensacional. Descobri Emicida no ano retrasado e de lá pra cá o cara só tem se superado e com o disco novo não foi diferente, ainda mais com o clipe de estreia que veio um soco no estômago da sociedade. Mas pra mim o disco da Elza Soares foi o que mais me cativou. O trabalho tá simplesmente impecável e ela dá um show de interpretação e de voz. E claro que sem puxar sardinha..desde que lançamos o disco ele não sai da minha playlist. Incrível como continua muito novo pra mim mesmo tocando sempre as músicas.

TMDQA! – Vocês têm mais discos que amigos?

Facção Caipira – Jan Santoro: Com certeza! Só o nosso produtor, o Pantoja, que também é DJ, tem mais discos que todos nossos amigos juntos bêbados em churrasco de festa de família num feriado de sol.