Em 03 de Dezembro de 1965 os Beatles lançaram seu sexto disco de estúdio, Rubber Soul, em uma trajetória prolífica e surreal que começou em 1963 e contou com dois novos discos por ano até então.
É justamente essa velocidade com que as coisas aconteceram para a banda e a mudança de sonoridade que foi sentida em Rubber Soul que chamam a atenção em um período em que os Beatles passaram de uma banda jovem de pop/rock para um grupo encorpado de músicos que sabiam muito bem o que gostariam de fazer.
Ao falar do álbum, John Lennon chegou a dizer que foi em Rubber Soul que a banda finalmente “tomou conta do estúdio,” lembrando que antes os músicos gravaram e trabalhavam com o que era oferecido, e dali pra frente começaram a mandar tanto na orientação das gravações quanto na estética dos lançamentos e da carreira. A capa do disco, por exemplo, foi ideia deles.
Rubber Soul
Help!, disco lançado antes de Rubber Soul, foi gravado entre Fevereiro e Junho de 1965, enquanto o disco que completa 50 anos foi registrado entre Outubro e Novembro daquele ano.
Enquanto o primeiro servia como companhia para um filme de mesmo nome e pouco flertava com novos estilos, o segundo incorporou elementos que vão do rock psicodélico ao R&B, ao mesmo tempo que a banda continuava compondo grandes hits acessíveis e que cairiam no gosto do grande público.
Estão no disco sons como “Drive My Car”, um hit pronto para as rádios, e outros como “Nowhere Man” e “Think For Yourself”, de George Harrison, que fogem do som característico dos primeiros álbuns do grupo.
Foi essa capacidade de mesclar o pop com novos gêneros e criar 14 grandes faixas que caiu no gosto do público e da crítica, que viu com bons olhos a iniciativa de engrossar o som da banda e abrir as portas para novas influências.
Brian Wilson, do Beach Boys, chegou a dizer que pela primeira vez uma banda pensava em um álbum como um todo, e não apenas um disco onde hits seriam os destaques e músicas de menor qualidade intercaladas para que o disco estivesse completo.
Transição
Rubber Soul é o ponto que marca a transição da banda que seria sentida até o final de sua carreira: saíram os adolescentes que corriam das fãs e falavam sobre amor e entravam os músicos que evoluíam em um ritmo absurdo.
Logo depois do disco vieram Revolver (1966), Sgt. Pepper’s (1967) e The White Album (1968), discos que não apenas mostraram o lado artístico da banda como também foram lançados com um espaço maior de tempo entre eles. A ideia aqui não era mais compor, gravar e lançar hits em ritmo industrial, mas sim trabalhar em sua arte.
Impacto
Tanto a crítica da época quanto veículos que nem existiam quando o disco foi lançado concordam que o álbum era o símbolo do amadurecimento dos Beatles e que ninguém tinha feito um disco como esse até então.
As resenhas do álbum dão, em sua maioria, nota máxima para Rubber Soul, e o disco garantiu a posição de número 5 na lista dos melhores álbuns de todos os tempos da Rolling Stone, além de uma nota 10 da sempre exigente Pitchfork.
Não há dúvidas de que a ideia dos Beatles de amadurecer o som de forma gradual, sem um grande choque, foi muito bem vista e a sua síntese na forma do disco, muito bem executada.
Capa
Na época que o álbum foi lançado, não era muito comum que a arte de capa dos discos não contasse com o nome da banda, mas foi o que aconteceu.
A foto utilizada na versão final foi tirada na casa de John Lennon pelo fotógrafo Bob Freeman (que trabalhou em outras capas dos Beatles), e quando ele foi mostrar como a arte final ficaria, por acaso o slide da imagem ficou fora de posição e com a imagem distorcida, e os integrantes dos Beatles logo se entusiasmaram e pediram se ele poderia fazer com que a foto final ficasse daquela maneira, recebendo resposta positiva.
O nome do álbum foi estilizado pelo ilustrador Charles Front (pai da atriz Rebecca Front) e acabou combinando muito bem com a época, a imagem distorcida e a ideia por trás do disco musicalmente falando.
Canções
A maioria das canções de Rubber Soul, como de costume, eram de John Lennon e Paul McCartney, tanto em parceria quanto em autorias “solo”.
Foi no disco, porém, que apareceu o primeiro crédito a Ringo Starr em um trabalho dos Beatles pela composição de “What Goes On” ao lado da dupla. É a única música em toda a carreira da banda, inclusive, creditada a Lennon-McCartney-Starkey, e os vocais ficaram com Ringo.
“Think For Yourself”, quinta faixa do Lado A, é composição de George Harrison (com John e Paul), bem como “If I Needed Someone”, sexta faixa do Lado B, também credita com John e Paul.
Números
Rubber Soul chegou ao topo das paradas nos Estados Unidos e no Reino Unido, tendo vendido impressionantes 6 milhões de cópias na terra do Tio Sam.
Aqui no Brasil o álbum também foi muito bem recebido e foi certificado com a marca de disco de ouro por 100 mil cópias comercializadas.
Rubber Soul foi lançado em 03 de Dezembro de 1965, há exatos 50 anos. Coloque seu disco pra rodar e ouça bem alto!