Já falamos bastante aqui sobre a banda paraense Vinyl Laranja. Dessa vez os meninos lançam com exclusividade no TMDQA! seu novo disco, que é o terceiro em sua carreira, intitulado Unchangeable Past, Fleeting Future.
O álbum foi gravado inteiramente nos Estados Unidos e contou com mixagem e produção parcial de Kevin Szymanski, que já trabalhou com bandas como Queens of the Stone Age e Foo Fighters. Além dele, também trabalharam no registro Diego Fadul, da banda Aeroplano, e Andrew Hernandez, que acabou masterizando o disco todo.
Conversamos com Andro Baudelaire, líder da banda, para saber quais eram suas intenções com o Unchangeable Past, Fleeting Future. O músico destacou que o objetivo maior era criar um espírito de grupo:
Queria passar com esse disco o que é ser uma banda. Tipo, falam que banda é que nem casamento e etc. Dessa vez ficamos realmente casados, dividimos as contas, cozinhamos juntos, ficamos sem grana juntos, quebramos o primeiro carro juntos, fizemos das tripas o coração pra comprar o segundo, ficamos sem teto juntos e no meio de tudo isso conseguimos compor o álbum, fazer shows, nos divertir como nunca antes na vida. Eu ganhei até um apelido do bilhar. Pode me chamar de “Pops”.
O artista também nos concedeu uma breve entrevista na qual relata a estadia nos Estados Unidos e detalhes sobre o álbum:
TMDQA! – Como surgiu a ideia de ir passar essa temporada nos estados unidos?
Andro Baudelaire – Surgiu pela primeira experiencia que tivemos aqui em 2009, quando fomos selecionados pelo SXSW na nossa cidade para irmos tocar. Conhecemos então Austin, TX. Confesso que não sacava a cidade. Foi amor a primeira respirada, e olha que eu nem fumava maconha, simplesmente tudo na cidade é incrível. Por termos passado apenas 3 meses foi como um início de namoro, sem problema algum, apenas uma lembrança perfeita que precisavamos recriar. Dessa vez estamos quase completando um ano aqui, só que dessa vez não foi tão bom como a primeira, foi melhor. Dessa vez tivemos tudo que é preciso pra se ter uma boa lembrança quando ficarmos gagás.
TMDQA! – Como isso afetou na música de vocês e no processo criativo das músicas?
Ficamos num processo intenso de composição, eu ainda estou. Comprei equipamento para podermos gravar em casa mesmo e comecei a explorar isso de uma forma mais profissional. Resultou em quatro cançoes do disco que foram gravadas “caseiramente”.
Nunca tivemos um lugar certo pra ficar aqui, indo de garagens pra containers. Quando os donos da casa saíam, eu botava os amps dentro dos guarda roupas, bateria no banheiro e era hora de gravar. “Rápido, temos uma hora e meia”. Tudo isso fez com que as músicas ficassem mais, hum, pessoais. Não falando tanto das letras, mas sim como quando se cria um filho. Você fez aquilo, sabe? Não foi fácil.
Outra coisa legal, foi estar saindo praticamente toda noite para ver bandas. Bandas autorais tocando toda noite em muitos lugares ao mesmo tempo, nem precisa escolher muito, só é sair. Ver muitos artistas fazendo isso o tempo todo dá um gás a mais. “Precisamos fazer mais, precisamos ser melhores e puta que pariu olha aquela guita!”.
TMDQA! – Como foi a experiência de trabalhar com Kevin Szymansky? Em que ele contribuiu para o álbum?
Trabalhar com o Kevin foi foda. Lembro quando entrei no estúdio a primeira vez tinha uns discos em cima da mesa aí eu comentei pegando o songs for the deaf: “Esse é o meu disco favorito”. Aí, o Andrew, que foi quem apresentou a gente, disse: “Foi o Kevin que gravou ele”. Isso foi demais pra mim, sabe? Conseguir beber da fonte de onde meus heróis beberam, realmente não foi só o nome, ele produziu as músicas e viveu elas com a gente, e eu sabia que ele realmente estava gostando. Não só pela cara dele mas pelo fato dele saber que não tinhamos um tostão no bolso e ainda assim chamou a gente pra gravar na porra do mega estúdio que é o 12th street. Aprendi muita coisa também pra levar pra fazer gravaçoes e etc.
Tínhamos tantos amps de guitarra a nossa disposição, isso foi um sonho também, todos plugados ao mesmo tempo. Ele pegou várias gibsons e outras guitarras estranhas de umas lojas que ele conhecia. A gente experimentou muito e o resultado ficou super do caralho e agora a gente ainda vai beber Manhattans na casa dele e depois vomitar pra caralho no banheiro.
TMDQA! – Quais são os próximos passos da banda? Vocês pretendem voltar ao Brasil e excursionar aqui e em outros lugares?
Nosso visto não deixa a gente ficar mais tempo aqui e não queremos ficar ilegais por aqui, isso pode comprometer oportunidades. Temos que entregar também os vinis do novo álbum que a galera comprou no projeto de financiamento coletivo, numa super festa de lançamento que esperamos fazer. Queremos muito tocar Brasil a fora. Quem não quer, né? Vamos ver se de repente o disco abre algumas oportunidades legais pra mostrar nosso som por aí.
O plano é ficar um tempo no Brasil pra depois voltar e tentar outra cidade por aqui, talvez Nashville ou San Diego. Mas todo dia eu rezo, meu caro amigo John, para que as tocadas não parem. Toquei num bar alguns dias atrás meio vazio para os fantasmas e pensei em desistir. Na mesma noite, lá pelas 4 da manhã, soube do David Bowie. Comecei a ouvir pra caralho todas as minhas músicas favoritas e lacrimejei quando ele gritou: “I kiss you, you’re beautiful, I want you to walk”. Pensei então… bem, acho que ainda não chegou a hora de parar.
Novo clipe
Aproveitando o ensejo do lançamento de Unchangeable Past, Fleeting Future, a Vinyl Laranja também liberou nessa sexta-feira (15) seu novo clipe. A faixa escolhida para ganhar vídeo é “Safe and Sound”.