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Resenha: Hinds - Leave Me Alone

Banda de Madrid aposta na mistura de indie rock, lo-fi e psicodélico em seu disco de estreia, "Leave Me Alone". Leia resenha sobre o Hinds.

Hinds - Leave Me Alone

Há algo de atraente em todo o pacote que envolve o quarteto Hinds, de Madrid, nova banda queridinha do indie e uma das grandes apostas para 2016.

Após EPs bem sucedidos em 2014 e uma troca de nome, a banda espanhola que atendia por Deers surge com seu primeiro disco de estúdio, e até seu nome é provocativo: Leave Me Alone.

Na capa do álbum, como é comum com discos de estreia, uma foto apresenta a banda ao mundo, nela as quatro integrantes fazem caras e bocas e duas delas seguram garrafas de bebidas alcoólicas, o que colabora com a imagem de jovens descoladas que as europeias querem passar.

Musicalmente falando, a faixa de abertura, “Garden”, bebe muito da fonte de nomes como Mac DeMarco, Tame Impala e a mistura psicodélica/folk/lo-fi que tem formado bandas entre as preferidas do público de festivais mundo afora.

Um dos diferenciais do Hinds é o delicioso vocal feminino que dá uma cara pop ao som e faz lembrar nomes como Best Coast, por exemplo, ao mesmo tempo que o instrumental usa e abusa das guitarras, camadas e efeitos.

“Fat Calmed Kiddos” segue em linha parecida mas aposta na alternância de vocais entre as integrantes e em partes calmas que ganham velocidade sem aviso prévio.

“Warts”, uma das melhores do álbum, tem forte apelo pop e além do riff que lembra fases do Sleater-Kinney, traz mais um conjunto forte de vozes e um refrão que vai deixar os fãs de lo-fi felizes da vida. É em canções como essa que o grupo começa a misturar belas e delicadas vozes com gritos desafinados e cheios de efeito. O resultado é interessante e em certos momentos lembra nomes do punk como a banda canadense White Lung.

A preguiçosa “Easy” faz jus ao nome e é pra relaxar, esteja você ou as integrantes da banda sob efeitos de substâncias como as da capa ou proibidas e “Castigadas En El Granero” é daquelas pra dançar em um dia de verão.

Por falar em verão, “Solar Gap” aparece na forma de mais uma bela canção cheia de preguiça daquelas para a qual você já consegue imaginar até um clipe com filtros de vídeo antigos. Dessa vez a faixa é instrumental e serve como espécie de interlúdio para a segunda metade do álbum que começa com “Chili Town”.

A canção é mais uma boa amostra da sonoridade da banda mas começa a colocar em evidência a falta de alternâncias do disco, seu maior defeito. Há grandes canções aqui e boa parte delas faz muito sentido ao reunir elementos do que tem rolado de quente no rock e adicionar características próprias. O problema é que as canções começam a soar repetitivas e a sensação permanece até o final do álbum.

“Bamboo” faz a linha chapada do disco e “San Diego” é mais uma canção pop divertida com potencial para as rádios, inclusive. “I Will Send Your Flowers Back”, “I’ll Be Your Man” e “Walking Home” fecham o álbum e a única exceção fica para a última, que aposta em uma batida diferente para transformar o som da banda, que deixou a última faixa de seu disco de estreia para tentar algo diferente.

Leave Me Alone, disco de estreia do Hinds, é um bom álbum, mas a criatividade das meninas de Madrid precisa ir além para que seu próximo álbum não se torne cansativo.