A banda Versalle tem como origem a cidade de Porto Velho, e por lá tem feito muito barulho com seus sons voltados ao rock alternativo.
No ano passado, porém, o grupo teve uma exposição muito bacana através do programa de televisão Superstar e chamou a atenção no Brasil todo, fechando contrato com a gravadora slap e lançando um novo disco na forma de Distante Em Algum Lugar.
Conversamos com Rômulo Pacífico, guitarrista da Versalle, e você pode ler nosso bate papo exclusivo logo abaixo. Em 2016 a banda irá divulgar o álbum e é uma das atrações confirmadas no Lollapalooza Brasil.
TMDQA!: Há quanto tempo a banda está na estrada e quais são os lançamentos do grupo até agora?
Rômulo Pacífico: A Versalle começou no final de 2009 em Porto Velho/RO. Desde então, de forma independente, lançamos um EP com oito faixas (2010), dois singles em 2012 e mais um EP com três faixas em 2014.
Até então não tínhamos recursos para produzir com a qualidade que desejávamos. Então a repercussão dos nossos trabalhos sempre foi muito local, também pelo fato da cena de rock de Porto Velho, assim como da região Norte em geral, ser bem limitada. Não existem muitas casas abertas para esse tipo de som e o público que acompanha a cena autoral é bem seleto.
TMDQA!: Como surgiu a oportunidade de se apresentar no SuperStar e como vocês enxergam a carreira da banda após a passagem bem sucedida pelo programa?
Rômulo: Fizemos a inscrição pelo site do programa, sem pretensão nenhuma. Na época estava sendo veiculada na TV local uma propaganda anunciando que teriam seletivas na região norte, daí pensamos “por que não tentar?”. Surpreendentemente, depois de algum tempo recebemos uma ligação avisando que tínhamos sido aprovados para a próxima etapa das seletivas, que seria presencial.
O problema é que, por falta de bandas suficientes aprovadas na região norte, a seletiva que seria realizada lá foi cancelada e o local da seletiva mais “próxima” de Porto Velho seria em Recife (!), e teríamos que estar lá uma semana depois, por meios próprios.
Talvez essa tenha sido a parte mais complicada do processo todo, porque o custo de passagens aéreas entre o norte e o nordeste é muito alto e não tínhamos dinheiro suficiente no momento. Tivemos que conversar bastante entre nós até todos toparem arriscar e se lançar na jornada, até porque não tínhamos nada garantido até então. Mas parcelamos tudo em várias vezes e fizemos a aposta. Tivemos que nos deslocar mais de três mil quilômetros correndo o risco de chegar na seletiva e não dar certo. Mas, felizmente, deu.
A participação no programa foi um divisor de águas na carreira da banda e na vida pessoal de cada um dos integrantes. Nos deu a oportunidade de viver dos frutos da nossa música, o que era um sonho utópico para uma banda de rock autoral de Rondônia, um estado que não possui tradição no rock e que nunca tinha tido nenhum artista com projeção e relevância nacionais, mas que se mobilizou e nos apoiou incondicionalmente. Na reta final do programa, todo domingo parecia final de copa do mundo em Porto Velho. A galera se reunia em bares e praças para torcer e votar. Hoje somos reconhecidos por todos em nossa cidade e em nosso estado. Recebemos muito apoio da galera de lá, e isso nos deixa muito felizes e otimistas.
https://www.youtube.com/watch?v=qzdZk7g-6oY
TMDQA!: No disco de vocês é possível ouvir uma série de influências do rock alternativo misturado a pitadas de melodias pop. Como é o processo de construção das canções de vocês e que bandas influenciaram o disco?
Rômulo: A maior parte das letras do disco foi composta pelo Criston e algumas por mim. Mas o processo de composição dos arranjos é bem espontâneo, e sempre feito em conjunto.
O resultado sempre é uma convergência das influências pessoais de cada um, que no geral são bem distintas, mas possuem pontos de intersecção importantes. Podemos citar como influências comuns a todos nós bandas como Queens Of The Stone Age, Radiohead, Interpol, The Strokes, The Smiths, Joy Division, The Killers, John Frusciante, Foals, Muse. Dentre as nacionais, Legião Urbana, Os Mutantes e Engenheiros do Hawaii.
TMDQA!: A arte de capa do disco é muito bonita, bem como as ações que o cercam para divulgação. Vocês têm essa preocupação e acompanham de perto o processo “fora” da música?
Rômulo: Com certeza. Assim como um bom vinho tem que vir numa bela taça, entendemos o trabalho artístico precisa ser acompanhado de uma arte visual bacana, então nos preocupamos com isso.
TMDQA!: Há muito rock and roll rolando pelo país inteiro, com um underground que pulsa há muitos anos e vocês sabem bem disso, já que fazem música boa e são de Porto Velho, fora do eixo RJ-SP. Como têm sido as experiências de vocês para fazer rock pelo Brasil, tanto em questão de lançamentos de estúdio quanto em turnês e shows?
Rômulo: A cena underground no nosso país é muito produtiva e tem muita gente boa de todos os lugares na batalha. Tem aparecido rock de qualidade vindo de todas regiões do Brasil. O que vem de fora do eixo hoje é tendência, e isso é de se comemorar.
Para nós tem sido uma experiência incrível, gratificante e motivadora ter vindo do norte e poder levar nosso som pra diferentes regiões do país.
TMDQA!: Após assinar com o selo slap, quais são os planos da Versalle para 2016?
Rômulo: Estamos muito otimistas com esse ano. Temos o álbum recém-lançado e vamos trabalhar bastante nele. Estamos produzindo um videoclipe para a faixa “Mente Cheia”, que é a primeira música de trabalho do disco, com previsão de lançamento paro início de março. Também em março vamos tocar no Lollapalooza, que, além de ser um festival que gostamos bastante, é uma grande vitrine e uma oportunidade de fazer contatos importantes.
TMDQA!: Vocês têm mais discos que amigos?
Rômulo: Decididamente, sim.