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Resenha: Bloc Party - Hymns

Bloc Party lança seu quinto disco de estúdio e mostra uma sonoridade diferente dos seus últimos álbuns, mas mostra competência no que faz.

Bloc Party - Hymns

Volta e meia são lançados alguns discos que, se fossem divulgados pelas gravadoras como trabalhos de outros artistas, surpreenderiam muita gente e teriam recepções bem diferentes do que as que costumam receber.

Em 2015, por exemplo, o astro teen Justin Bieber finalmente fez um disco de gente grande na forma de Purpose, mas muita gente torceu o nariz e a Internet se encheu de posts de gente com culpa na consciência por estar ouvindo o álbum e gostando do material.

Em 2016 o Bloc Party surge com seu quinto disco de estúdio, uma nova formação e um disco que o afasta de suas origens, fato destacado em praticamente todas as críticas a respeito do álbum mundo afora.

Quando surgiu na metade dos anos 2000, a banda britânica entrou no embalo do novo indie rock de lá, cheio de guitarras rápidas e jovens inconsequentes que faziam de tudo no palco e também fora dele. Nomes como Arctic Monkeys apareciam na mesma época e uma nova onda de bandas locais se espalhava pelo mundo através das rádios, o começo da consolidação da Internet e os festivais.

Eis que 11 anos após seu disco de estreia, Kele Okereke e Russell Lissack, fundadores e únicos remanescentes no grupo, resolveram explorar novos caminhos e deixaram de lado a inquietude, agressividade e batidas dançantes de seus trabalhos anteriores.

Hymns, quinto álbum do grupo, é baseado principalmente nos vocais de Kele, bem altos na mixagem e entoando melodias com letras sobre assuntos pessoais e delicados.

“The Love Within”, que abre o álbum, mostra batidas crescentes e um clima que quase lembra o rock alternativo/dançante que caracterizou o resto da carreira da banda, mas já dá uma boa ideia do que vem pela frente.

Enquanto “Only He Can Real Me” e “So Real” continuam em pegadas parecidas, “The Good News” aposta nas cordas e um refrão com várias camadas de vozes para celebrar “as boas novas”, enquanto fala sobre o adeus a uma pessoa amada. Aqui Kele mostra seu poder vocal enquanto a abordagem orgânica do som se sobressai sobre o resto.

Outra característica que aparece com força nessa faixa são as referências religiosas que aparecem desde o título do álbum, com “Hinos”. Aqui Kele diz que “reza todos os dias desde que você me deixou daquela maneira” e confessa a Deus que “está tentando se manter”.

Na íntima “Fortress”, o vocalista da banda fala sobre beijos e sexo enquanto o instrumental dá a ambientação necessária para que Okereke cante e sussurre os sentimentos de forma bastante envolvente.

“Different Drugs” tem instrumental a la The XX mas ao contrário da canção anterior, traz vocais mais claros e diretos, enquanto “Into The Earth” aposta nas guitarras e é daquelas canções gostosas de se ouvir a qualquer momento.

O disco vai chegando ao final e as suas quatro faixas mesclam justamente os elementos explorados até aqui. Em momentos alternados entre batidas dançantes e elementos orgânicos e ambientes sombrios, o Bloc Party encerra seu novo álbum com 11 faixas e 47 minutos de duração.

https://www.youtube.com/watch?v=V23fQ1KREcE

Não é o mesmo Bloc Party de antigamente, mesmo, mas o disco está longe de ser o trabalho ruim que as pessoas têm pintado por aí. Talvez sob o nome de outro projeto, teria mais sucesso e evitaria as comparações com o passado, mas não há dúvidas de que Hymns traz alguns momentos preciosos de traços bastante únicos dos seus integrantes.