Com mais de 50 discos lançados (e milhões vendidos) desde os anos 60, Hank Williams Jr. talvez seja um dos artistas mais subestimados da música country. Mesmo tendo feitos discos muito bons, principalmente nas décadas de 70 e 80, Randall Hank Williams (seu nome de batismo) nunca conseguiu se afastar da sombra gigantesca de seu pai, a lenda do country Hank Williams.
Quatro anos depois do lançamento de seu último disco, Old School New Rules, Hank Jr. precisava de um recomeço, que veio na parceria com o selo Big Machine Records e a tentativa de conquistar o público do ”new-country”.
Pra quem já conhece o trabalho do artista, It’s About Time é um disco diferente, e nem sempre muito agradável. Hank Jr. deixou de lado o estilo singer-songwriter e partiu para um estilo mais atual, o que, quando o assunto é country music, nem sempre é o melhor caminho.
Logo na primeira faixa de It’s About Time, uma releitura no melhor estilo southern rock de “Are You Ready For The Country”, do Neil Young, Hank Jr. recrutou Eric Church, um dos grandes nomes do pop country do momento, dando o tom do disco todo.
É exatamente nessa procura por um novo som e um novo público que o músico se perde. A produção cristalina e o clima upbeat do disco destoam da personalidade de Hank Jr., e simplesmente não combina com alguém que construiu sua carreira na trilha dos grandes foras-da-lei como Waylon Jennings, Merle Haggard, entre outros.
https://www.youtube.com/watch?v=Hk_lZsop3O8
Os pontos altos ficam onde Hank Jr. dá um passo atrás e resgata um pouco das raízes do estilo, como em ”God And Guns” e ”Just Call Me Hank”. O disco termina com um boogie (um tanto clichê) que traz Brantley Gilbert, Justin Moore e Brad Paisley ainda na tentaiva de rejuvenescer um estilo que tem exatamente na ”velhice” o seu ponto forte.
It’s About Time não é um disco ruim, é um trabalho bom, mas gravado pela pessoa errada. Pode soar saudosista demais um crítica ao esforço de se renovar dentro de um próprio estilo, mas o grande problema do country atual é a excessiva (e muito desnecessária) influência da música pop dentro do estilo. Foi aí que Hank Jr. se perdeu.