Resenha: Marina Lima - No Osso (Ao Vivo)

Marina Lima celebra seu 20º álbum com simplicidade da voz e do violão, grandes sucessos, músicas raras e homenagens.

Resenha: Marina Lima - No Osso (Ao Vivo)

Marina Lima sempre foi uma grande musa da nossa MPB. Sempre reuniu grandes personalidades a seu redor para cantar seus hits nas mais badaladas festas, cheia de ritmo e adentrou os anos 80 e 90 como uma das grandes inspirações do que seria a nossa música pra pular, com suas programações, batidas, tudo feito para dançar. Por isso, o estranhamento veio quando ao lançar seu 20º álbum o anúncio fosse de um disco ao vivo e acústico, só voz e violão. “Ledo e Ivo” engano, já que como a própria cantora declarou nas entrevistas para o lançamento de No Osso – Ao Vivoessa sempre foi a sua forma mais natural: é onde tudo sempre começa. Marina Lima é da voz e do violão, é dali que cria espaço, que cria asas, que imagina grandes parcerias e desenha seus sucessos. E por que não, é assim que deve também ser vista por seu público. Nua, só voz, só violão e uma alma cheia de música.

O trabalho é aberto com a elétrica “Partiu”, que no formato intimista ganha uma outra batida, uma outra tonalidade. A música agradou tanto a cantora que ganhou uma nova versão, com a Banda Strobo, para finalizar o disco com a mesma canção que começou. Para seguir, “It’s Not Enough”, canção de Marina com Pat MacDonald Reed Vertelney, dão o tom do que seria todo o registro: grandes músicas amadas pelo público misturadas à canções mais escondidas da vasta discografia que só alguém que já carrega 35 anos de sucessos pode exibir, todas em versões inéditas e feitas para emocionar.

É dessa forma que Marina navega por canções, indo da melancolia da sua “O Solo da Paixão”, passando por “Na Minha Mão”, e parando até no samba “Da Gávea”, numa mistura de seus rocks com seus sambas mais queridos. Também teve espaço para a nova cara que deu para “Noite e Dia”, da parceria entre Lobão Júlio Barroso, feita em uma época em que os dois compositores se viam apaixonados pela moça e, réus confessos, escreveram a canção para Marina e para outra amada, Alice Pink Pank, como conta o próprio Lobão em sua biografia “50 anos a mil”.

Outra canção que não é de Marina e que aparece no meio das histórias que a musa conta e canta entre uma música e outra é “Carente Profissional”, que ela declara no disco ser uma música que ela acha que tem muito a ver com a vida de quem, assim como ela, se dedica de corpo e alma à música. Uma homenagem a Cazuza, obviamente, não podia deixar de ser feita e a música não podia ser mais adequada.

Indo e voltando por seus hits, por seus sambas e por suas músicas favoritas enquanto nos conta suas histórias, Marina celebra 20 discos, 35 anos de carreira e muita disposição para seguir fazendo o que ama: viver uma vida inteira para plantar e para colher luz.