Entrevistas

TMDQA! entrevista: Matthew Shultz, do Cage The Elephant

Conversamos com Matthew Shultz, do Cage The Elephant, sobre a sonoridade de sua banda, como foi trabalhar com Dan Auerbach, e suas memórias do Brasil. Leia!

Matthew Shultz, do Cage The Elephant

O Cage The Elephant é uma banda de rock alternativo dos Estados Unidos que, desde o lançamento de seu disco de estreia em 2008, tem sido elogiado pela sonoridade infundida com elementos do garage, indie, e rock psicodélico.

O quinteto do estado do Kentucky, inclusive, chegou a concorrer ao Grammy de Melhor Álbum de Música Alternativa no ano passado, pelo disco Melophobia. Em dezembro eles lançaram seu quarto álbum de estúdio, Tell Me I’m Pretty, e nós do TMDQA! conversamos com o vocalista Matt Shultz sobre esse novo ciclo da banda.

Leia logo abaixo!

 

TMDQA!: Em 2016, a banda completa uma década de estrada. Vocês têm um álbum novo, um integrante novo [o guitarrista Nick Bockrath, desde 2013], e estão sempre experimentando com novos sons. O que mudou em relação ao começo da banda, há dez anos?

Matt Shultz: Acho que no começo éramos muito jovens, e tentávamos “emular” nossos heróis, fazer algo que se aproximasse do que eles faziam. Víamos aquilo como uma espécie de ideal a ser alcançado.

 

TMDQA!: A indústria musical mudou bastante desde aquela época. Vocês presenciaram a decadência da mídia física e o surgimento dos serviços de streaming. Como vocês percebem o impacto da música digital quando se trata de fazer turnês, vender produtos e manter a banda financeiramente viável?

Shultz: Os serviços como o Spotify ajudam o ouvinte a descobrir muitas coisas, e vejo isso como algo positivo. Se você gosta de uma banda que se encaixa em um determinado gênero, pode procurar artistas similares dentro daquele mesmo gênero. É possível ouvir mais bandas em menos tempo e divulgá-las mais facilmente do que antes. Acho isso incrível.

 

TMDQA!: No novo álbum Tell Me I’m Pretty, a sonoridade da banda muda em algumas músicas, que vão do garage-punk ao blues rock. Como isso aconteceu? Foi a influência da chegada de um novo integrante ou era algo que vocês já previam?

Shultz: Nós já estávamos trilhando o caminho que se ouve no álbum novo. Mudamos bastante de sonoridade quando fizemos o Melophobia, Agora temos um som mais “clássico”, sem aquela guerra de volume que fazíamos no começo, com todos os instrumentos muito altos e um pouco sufocantes.

 

 

TMDQA!: Algumas pessoas dizem que o álbum soa bastante como o trabalho do produtor dele, Dan Auerbach (The Black Keys). Como foi trabalhar com ele e que influência ele teve na criação do disco?

Shultz: Dan tem a habilidade de te dar aquele empurrão que você precisa para descobrir coisas novas. Não acho que ele nos fez mudar nosso estilo; ele nos deu um gás novo. E ele entende a ideia de se controlar, de fazer apenas o necessário, e nos fez entender essa ideia também.

 

TMDQA!: Vamos falar de uma música específica da banda, “Come a Little Closer”, que foi inspirada pelas favelas de São Paulo que você observava do seu quarto de hotel quando veio para cá alguns anos atrás. De acordo com você, elas pareciam um formigueiro com tantas pessoas indo e vindo, e você refletiu muito sobre os laços e emoções que deviam existir lá. Já teve a chance de ver de perto como uma favela ou outra comunidade semelhante funciona? Se não, ainda pretende fazer uma visita?

Shultz: Eu realmente ainda não pude visitar uma favela, e há anos expresso vontade de ver como aquelas pessoas se relacionam umas com as outras. Fiquei muito intrigado pelas favelas, que me passaram a ideia de uma comunidade realmente unida, onde todos se ajudam. Você percebe que as pessoas lá vivem em condições precárias, mas que conseguem ser felizes mesmo assim.

 

 

TMDQA!: Os shows do Cage The Elephant são sempre cheios de energia, e quando vocês vieram para o Brasil [em 2012 e 2014] não foi exceção. O que vocês lembram de quando tocaram aqui e quando podemos esperá-los em nosso país de novo?

Shultz: A última vez foi há dois anos, quando estávamos divulgando o Melophobia, e os shows que tocamos foram algo como o auge, a época definitiva da “vibe” que existia ao redor daquele disco. Temos muita gratidão pela forma que somos tratados por aí. A música é consumida de forma diferente nos Estados Unidos: é como se cada banda fosse um par de sapatos, que você simplesmente troca por outros dependendo da situação. O brasileiro demonstra ter uma paixão diferenciada por música, e sempre penso em retornar o quanto antes.

 

TMDQA!: Você tem mais discos do que amigos?

Schultz: Com certeza. Sou um cara que prefere ficar ouvindo seus álbuns, principalmente quando estou em minha casa, em Nashville.

https://www.youtube.com/watch?v=8q2anOAX9pY