(Texto escrito em 11 de janeiro de 2016, horas após o anúncio oficial da morte de David Bowie).
David Bowie foi além e mais que isso. O semideus de pupilas desiguais, dedicado exclusivamente à exploração incessante das infinitas possibilidades de recriação, de renascimento, de recomeço constante ao zerar e reativar a própria obra insistentemente. Reverberou no pop, no rock, no jazz, no soul, na eletrônica, na estética, na moda, no cinema, nas implicâncias da era digital, na sexualidade, na arte, na cultura, na forma como eu e você pensamos os vazios e os excessos do século XX, e não satisfeito, antes de de seguir, transformou ponto final em estrela preta.
Ao fugir do mais do mesmo, ele personificou o que a gente queria ser e não foi, o que não deu pra ser, o que não tivemos coragem de encarar. Encontrou novos caminhos onde achávamos ser regra, obviedade, limite. E aí bate um desamparo ver a internet coberta de Bowie por um rasgo assim. Mas olha que linda a internet coberta de Bowie, pelo motivo que for.
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