Música

Faixa Título: o retorno épico do Yndi Halda

Para quem aprecia a intensidade emocional do post-rock, 2016 dificilmente oferecerá opção melhor que Under Summer, novo álbum do Yndi Halda.

yndi halda

Como um conto folclórico ou uma lenda urbana, o grupo inglês Yndi Halda sempre carregou uma aura mágica em torno de si, potencializada pela excelência de Enjoy Eternal Bliss (2006), álbum de estreia da banda, e pelo desaparecimento quase total após uma rápida turnê mundial para promover o disco. Boatos sobre o retorno do grupo surgiram vez ou outra nesses dez anos, mas na próxima sexta-feira (04), o mundo vai conhecer oficialmente Under Summer, segundo trabalho do quinteto.

Herdeiro direto da linhagem Godspeed You! Black Emperor, Sigur Rós e Mono, o Yndi Halda faz post-rock como poucos. Em muitos momentos, lembra cada um ou todos os ascendentes; mas há uma qualidade narrativa no som do grupo que é incomum entre seus pares. Com canções sempre com mais de 10 minutos, o Yndi Halda é especialista em composições cozidas vagarosamente, desenhadas com precisão e suavidade. Ao calibrar os elementos característicos do post-rock com influências líricas de grandes compositores eruditos e a liberdade artística do jazz, o Yndi Halda levou a amplitude emocional do estilo a um novo patamar, algo ainda mais impactante e inspirador.

Yndi Halda Under Summer

Lançado dez anos depois de Enjoy Eternal Bliss, Under Summer mostra uma evolução natural no som do grupo, mas não parece fruto de uma década de gestação. O novo disco – que vazou no último fim de semana – resgata e renova o antecessor em quatro canções épicas, dramáticas e milimetricamente bem construídas ao longo de 58 minutos de melancolia, minimalismo e grandiosidade. A maior diferença entre os dois álbuns é a presença constante de vocais em Under Summer, mas o protagonismo segue nos trechos instrumentais, graças à excelente mixagem do trabalho, responsável por encaixar as vozes como complemento aos arranjos, e não na linha de frente das canções.

Under Summer não reinventa o post-rock em absolutamente nada, e tem como base um trabalho dez anos mais velho, lançado pelo menos uns cinco depois do auge do estilo. Mas para quem aprecia a intensidade emocional e a carga cinematográfica do gênero, 2016 dificilmente oferecerá opção melhor.

O álbum pode ser encomendado no site oficial da banda, e deve chegar às plataformas de streaming na sexta-feira. Atualizo o post assim que ele desembarcar no serviço mais próximo.