Ross Robinson é um produtor nascido na Califórnia, Estados Unidos, que teve as manhas de descobrir ícones de não apenas um, como dois movimentos distintos do rock nos anos 90 e 2000.
Foi ele que apresentou ao mundo nomes do post-hardcore como At The Drive-In, Glassjaw e The Blood Brothers, além de bandas do chamado nu metal como Limp Bizkit e Slipknot.
Além disso o cara já trabalhou com nomes que vão do Sepultura ao The Cure, e consolidou uma lista de respeito de álbuns em que esteve envolvido.
Resolvemos resgatar os trabalhos do cara nessa lista para que você conheça mais do norte-americano que ainda tem 49 anos e provavelmente muitos discos pela frente.
Korn – Korn (1994)
Ross Robinson foi o responsável pela produção do primeiro disco de estúdio do KoRn, homônimo e um marco para o início da explosão do nu metal nos anos 90.
Foi ele quem convenceu o grupo a gravar o disco em Malibu, na Califórnia, e o vocalista Jonathan Davis disse que com Robinson a banda se sentia muito segura do que estava fazendo.
Com Korn, tanto a carreira da banda quanto do produtor ganharam grandes proporções, e todo mundo saiu ganhando.
Mais pra frente ele ainda produziria outros álbuns da banda, como Life Is Peachy (1996) e Korn III: Remember Who You Are (2010).
Sepultura – Roots (1996)
1996 foi um ano agitado para Ross Robinson, já que ele produziu, como citamos acima, o aguardado segundo disco do KoRn e também um dos álbuns mais importantes da história do rock nacional: Roots, do Sepultura.
O disco conta com diversos elementos da cultura brasileira, como instrumentos e vozes de tribos indígenas do país e uma lista de participações especiais de primeira: Mike Patton, DJ Lethal (Limp Bizkit) e dois membros do KoRn: Jonathan Davis e David Silveria.
Quem também participou foi o brasileiro Carlinhos Brown, e coube a Robinson organizar esse caldeirão de elementos na hora de produzir o álbum.
Limp Bizkit – Three Dollar Bill, Y’all (1997)
Mais uma vez o KoRn entrou na jogada através agora do seu baixista, Fieldy, que mostrou uma fita demo do Limp Bizkit para Ross Robinson e pediu para que ele produzisse um lançamento da banda.
Diz a lenda que Robinson só ouviu a fita depois que sua namorada elogiou as canções nela presentes, “Pollution”, “Counterfeit” e “Stuck”, e o resto é história.
O álbum mostra o início da criação da sonoridade da banda que misturou heavy metal e hip hop, e trouxe dois sons que se tornaram favoritos dos fãs após a explosão no mundo todo: “Counterfeit” e a cover de George Michael em “Faith”.
Soulfly – Soulfly (1998)
Após deixar o Sepultura, Max Cavalera deu início ao seu novo grupo, o Soulfly, e foi Ross Robinson quem ele chamou para produzir essa sua nova fase.
O disco homônimo de estreia é tido por muitos como o melhor da banda até hoje e conta com participações como Fred Durst e DJ Lethal (Limp Bizkit), Chino Moreno (Deftones) e Dino Cazares (Fear Factory).
No álbum Robinson ainda gravou vocais em “Bumba” e “Umbabarauma”, além de percussão em “Soulfly”.
Slipknot – Slipknot (1999)
Outra estreia importante, outra responsabilidade para Ross Robinson.
Após uma demo que despertou interesse de executivos de gravadora, o produtor foi chamado para trabalhar no disco e optou por refinar a sonoridade das canções e não mexer nas características particulares da banda, classificada à época como mais um grupo de nu metal.
A ideia foi bem sucedida e Slipknot, disco homônimo de estreia dos mascarados, foi sucesso de público e crítica e entrou para a história da Roadrunner Records como o primeiro disco de platina do selo.
Robinson voltaria a trabalhar com a banda em Iowa (2001).
Glassjaw – Everything You Ever Wanted To Know About Silence (2000)
Ross Robinson começou a se interessar por nomes do post-hardcore e indicou o Glassjaw para a Roadrunner, que não tinha demonstrado interesse no primeiro disco da banda.
Ainda assim o selo resolveu gravar e lançar o álbum, mas pouco divulgou o trabalho depois disso, e a própria banda disse que os fãs deveriam baixar o disco de forma ilegal ao invés de comprá-lo oficialmente para ajudar a gravadora.
16 anos depois o álbum é tido como um dos ícones do gênero no início dos anos 2000 e Robinson fez o que estava virando marca registrada, refinar em estúdio a sonoridade de bandas que se destacavam ao vivo.
Robinson também produziu o segundo disco do Glassjaw antes da banda entrar em longo hiato, o influente Worship and Tribute, de 2002.
At The Drive-In – Relationship Of Command (2000)
E se tinha alguém se destacando com as suas performances ao vivo no post-hardcore em 2000 era o At The Drive-In, de El Paso, no Texas.
Com shows explosivos principalmente por conta do vocalista Cedric Bixler-Zavala e o guitarrista Omar Rodriguez-Lopez, que não paravam um minuto no palco, a banda já havia lançado bons trabalhos na forma de Acrobatic Tenement (1996), In/Casino/Out (1998) e o EP Vaya (1999), mas a energia dos shows ainda não aparecia em seus álbuns.
Isso mudou quando o grupo caiu no colo de Ross Robinson, que o levou a Malibu para gravar seu último álbum.
O produtor é tido como o grande responsável por capturar toda a energia que o ATDI tinha no palco para um disco de estúdio e ainda assim soar como um álbum coeso. Foi por causa dele, também, que Iggy Pop apareceu no disco com vocais em “Rolodex Propaganda” e a leitura de um bilhete em “Enfilade”. Pop iria trabalhar com Robinson, ouviu as demos da banda e se interessou.
Relationship of Command colocou o nome da banda no mapa e a levou para shows e festivais no mundo inteiro, antes que a pressão e a novidade dos holofotes acabassem destruindo o grupo internamente.
The Blood Brothers – …Burn, Piano Island, Burn (2003)
O terceiro disco da banda The Blood Brothers também entrou para a lista dos trabalhos em que Ross Robinson esteve envolvido e lhe renderam críticas favoráveis.
Para se ter uma ideia, a sempre rigorosa Pitchfork deu nota 9.1/10 para o disco que transportou o grupo ao mainstream.
Em um caso parecido com o At The Drive-In, Robinson foi o responsável por capturar toda a energia ao vivo da banda para transformá-la em um grande disco de estúdio.
The Cure – The Cure (2004)
Em 2004 Ross Robinson saiu da sua zona de conforto e embarcou na produção de um novo disco do The Cure ao lado de Robert Smith.
Longe do post-hardcore e do metal, Robinson mostrou saber muito bem o que estava fazendo quando gravou o disco no formato “ao vivo” em estúdio, e a sensação é de que a banda foi mais influenciada pelo produtor do que o contrário.
As músicas do trabalho são mais pesadas do que se espera do The Cure e o próprio vocalista admitiu que o resultado trouxe um lado diferente do grupo.
De forma curiosa, foi o primeiro disco do The Cure a levar o nome da banda no título.
https://www.youtube.com/watch?v=AlCppz0UVR8
Klaxons – Surfing The Void (2010)
Outro trabalho longe do peso das guitarras veio em 2010 para Ross Robinson com a produção do disco do Klaxons.
O grupo britânico de rock alternativo/indie lançou seu segundo álbum na forma de Surfing The Void e se consolidou como um dos nomes quentes do Reino Unido no início da década.
O disco rendeu hits como “Echoes” e “Twin Flames”, e sua capa chegou a ganhar prêmios como melhor arte do ano em 2010.
20 discos com a mão de Jerry Finn
Você pode ver outra lista que fizemos com 20 discos que tiveram a participação do saudoso Jerry Finn na produção, mixagem ou outros trabalhos de estúdio clicando aqui.