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Estreia: Não Há Mais Volta lança o clipe de "Nossas Memórias"

Assista ao novo clipe da banda punk paulistana Não Há Mais Volta, gravado no restaurante Cão Véio e com participações especiais de outras bandas.

Não Há Mais Volta lança clipe de Nossas Memórias

A banda de punk rock Não Há Mais Volta lançou seu primeiro disco em 2015 e de lá pra cá começou a estabelecer seu nome na cena com canções recheadas de grandes letras e shows sempre muito honestos e com muita energia.

Ricardo Galano, guitarrista da banda, é o autor de alguns dos grandes hits da banda CPM22 e fazendo a conexão toda, levou o NHMV para gravar um novo clipe no Cão Véio, restaurante do qual Fernando Badauí, vocalista do CPM, é sócio-proprietário.

Além de trazer com exclusividade a estreia do vídeo, nós do TMDQA! também batemos um papo com a banda a respeito, e você pode ver logo abaixo.

TMDQA!:A grande maioria das músicas do Não Há Mais Volta falam sobre experiências pessoais, e com “Nossas Memórias” não é diferente. Como surgiu a ideia de gravar o clipe entre amigos, com um clima honesto do que realmente é uma reunião dos integrantes da banda e seus conhecidos?
Ricardo Galano: Realmente falamos de experiências pessoais em nossas letras. Mas acho que o nosso álbum tem um pouco de tudo, principalmente músicas que mostram a nossa insatisfação com tudo o que acontece de ruim no Brasil. Sobre o clipe, na realidade, foi tudo muito rápido. Um dia eu tava tomando uma cerveja no Cão Véio e me veio um estalo de fazermos o clipe de “Nossas Memórias” ali. Na hora falei com o Badauí e ele me deu o “sim”. Posteriormente, o Fernando Lamb, nosso vocal, já começou a escrever um roteiro. Ele ainda teve a ajuda do Renato Pocinho, um amigo nosso, para finalizar essa parte.

Gostamos muito das ideias e seguimos em frente. O Cão Véio é um bar que a banda vai desde o começo, somos amigos dos três sócios, então fazia todo sentido fazermos algo lá. Nós mesmos ficamos na função de produzir tudo, chamar os amigos, etc. O Lamb que dirigiu. Mas tivemos a ajuda de toda a equipe de trabalho. Sem eles não conseguiríamos ter feito nada. Obrigado também ao Kichi, Fogaça e Badauí por cederem o pub para a gravação.

 

TMDQA!: O disco em que a música aparece, homônimo, foi muito bem recebido econsolidou o nome da banda na cena underground brasileira. Como foi o processo de gravação do álbum e como têm sido os shows de divulgação do mesmo? O Não Há Mais Volta é o tipo de banda que canta com muita vontade o que escreve, e as apresentações ao vivo são parte fundamental de todo o pacote, não?
Ricardo Galano: O álbum levou praticamente um ano pra ser feito, entre o primeiro dia gravação até a master final. Foi gravado no Estúdio Lamparina e co-produzido pela banda e Tiago Hóspede. Foi trabalhoso todo o processo, mas ficamos felizes com o resultado.

Realmente o show é uma parte importante na evolução de uma banda. Já tocamos em vários buracos, com meia dúzia de pessoas, mas também tivemos o prazer de dividir o palco com bandas que gostamos muito e com um público bem legal. Na realidade, não divulgamos o álbum quanto gostaríamos, pois o nosso baterista tinha um conflito de datas aos finais de semana por conta do trabalho dele. E isso nos atrapalhou, por algumas vezes, na hora de fecharmos certos shows.

Convites não faltaram. Infelizmente, o Gian Coppola teve que sair da banda por conta dessa incompatibilidade de datas. Agora estamos com o Zeca Barban nas baquetas e a gravação do clipe foi a sua estreia no Não Há Mais Volta. Seja bem-vindo José. Temos planos de uma mini-tour no sul do país, que era pra ter rolado em 2015, e também queremos tocar em cidades fora de São Paulo. Quem quiser nos contratar é só mandar e-mail para [email protected].

TMDQA!: Há no álbum uma música chamada “Kevin”, em homenagem ao garoto Kevin Espada, que morreu atingido por um sinalizador em jogo do Corinthians pela Copa Libertadores. Como surgiu a ideia da letra da canção e como essa experiência se interliga com as experiências pessoas vividas pela banda que aparecem no álbum?

Ricardo Galano: A ideia de escrever “Kevin” surgiu logo após toda aquela tragédia. Eu, como todos da banda, sou um amante do futebol, frequento arquibancada, e aquilo mexeu comigo. Era apenas um garoto, com todo o futuro pela frente, indo ver o seu time do coração jogar. Só que ele não voltou para sua casa ao lado dos seus pais e parentes. E o vazio que ficou na vida dessas pessoas?

Infelizmente, sabemos que não foi o primeiro e, também, não será o último caso de morte dentro de um estádio de futebol. Não gostaria que fosse apenas mais um dado pra constar nos campos de futebol. Todos já passamos por algum tipo de perda na vida. Já perdi parente e amigo de forma terrível. Acho que essa é a principal relação com as nossas experiências de vida e que estão presentes no álbum.

 

TMDQA!: A banda está cercada do que há de melhor no rock independente brasileiro. O disco foi gravado e mixado por Tiago Hospede, lançado pela Hearts Bleed Blue e agora tem um clipe com nomes como Badauí. Como vocês dimensionam a ajuda de quem está ao redor dos integrantes que compõem as canções e os arranjos que já se tornaram hinos do punk nacional no ano passado?

Ricardo Galano: Somos muito gratos pelas pessoas que acreditam em nosso trabalho. O melhor de tudo, nada é forçado. O Lamb, nosso vocalista, já teve uma banda com o Tiago Hóspede, o Chorume. Eles são amigos de longa data. Eu conheço o Badauí desde 1999. Alguns não sabem, mas tive o privilégio de escrever quatro músicas gravadas pelo CPM 22 – “Dias Atrás”, “Escolhas, Provas e Promessas”, “Perdas” e “Tony Galano”. Então tá tudo em casa. O clipe também teve a participação de amigos do The Bombers, Faca Preta e Chuva Negra.

Sobre a HBB Records, nós conhecemos o Antônio e o Alexandre graças ao Henrike do Blind Pigs. Ele foi a ponte com o selo, pois o Lamb mostrou o que estávamos fazendo e o Henrike abraçou o nosso som. Tanto que o álbum foi lançado em parceria pela HBB Records e o Semper Adversus, sub-selo comandado por ele. Estamos muito bem cercados de amigos. Mas isso não basta, se eles não gostassem da nossa música, com certeza nada disso teria acontecido. Pra nós, a música é sempre o foco principal. Escrever boas canções.

TMDQA!: Conte-nos sobre a gravação do clipe em si, bastidores, curiosidades. Quanto tempo levou para reunir o pessoal todo e gravar uma performance da banda intercalada com cenas de bar?

Fernando Lamb: Espero que gostem desse clipe, porque foi sofrido, viu (risos). Só tínhamos a ideia e nada mais. Fechei a equipe, chamamos poucos amigos – inclusive peço desculpa pra quem ficou de fora, estávamos com um limite de pessoas para por dentro do bar – e tive uma semana pra fechar o roteiro. Conversando com o Pocinho, ele me clareou a situação de usar as memórias com a atriz, o que facilitou visualizar o clipe inteiro na minha cabeça.

Tínhamos que fazer tudo em uma diária, então derrubei algumas ideias arrojadas – como congelar o vinho no ar enquanto eu cantava – e executar da maneira mais simples e de bom gosto possível. Não posso deixar de falar da equipe, eles foram essenciais para colocar o plano em prática. E juntei uma dupla nas câmeras que agilizou muito o processo. O Jorge Lepesteur (diretor de fotografia) e o Ricardo “Kbça” Marques se alinharam direitinho e fizeram um trabalho excepcional e ágil. Atuar e dirigir não é fácil, então o Renato Pocinho me salvou na assistência. A Carol Poni (atriz) encarnou o papel da garota que se tornou uma junkie girl ao longo do tempo. Sem contar as meninas que deram o trato no visual. A Carol Carreira no figurino e Camila Terasin na maquiagem. E tudo isso das 14hs, hora do Badauí acordar pra abrir o bar, até às 19hs, quando paramos em respeito ao bar e a vizinhança. Ahh, os amigos beberam, se divertiram e foram figurantes perfeitos.

TMDQA!: Quais são os próximos passos da banda para 2016?
Fernando Lamb: Estamos num intensivo com o Zeca, o batera que acabou de entrar. O nosso foco é esse no momento, além de divulgar o novo single. Temos várias músicas novas prontas, duas delas em fase final de produção com o Phil Fargnoli (ex- Dead Fish, atual Reffer e CPM 22). A banda pretende fazer pelo menos mais um videoclipe, com a minha direção novamente, ainda de uma música do primeiro disco.

Mas queremos lançar dois sons inéditos ainda esse ano. Também teremos um projeto audiovisual, onde vamos gravar dois sons apenas com violão e voz, que será lançado ainda no primeiro semestre. O que podemos dizer é que estamos trabalhando e esse ano teremos muitas novidades! Gostaríamos de agradecer pelo espaço. Obrigado.