A quinta passagem do Coldplay pelo Brasil começou na noite de ontem, 7 de abril, em São Paulo. Com a turnê A Head Full Of Dreams, do disco de mesmo nome lançado em 2015, o quarteto lotou o Allianz Parque com os 45 mil fãs que já haviam esgotado os ingressos para sua apresentação muito antes deste dia.
Com aberturas de Tiê, mostrando os grandes sucessos e as canções do mais recente disco, Esmeraldas, e de Lianne La Havas, que acompanha o Coldplay por toda a turnê e apresentou canções de seus dois discos de estúdio, os fãs não viam mesmo era a hora de receber Chris Martin, Guy Berryman, Jonny Buckland e Will Champion no palco. Mas o início da apresentação, marcado para as 21h30, viria alguns minutos depois, com o início de “O mio bambbino caro”, música de Maria Callas que tem feito o Coldplay entrar no palco nesta turnê. Antes de todos explodirem em pulos e gritos porém, havia um dos primeiros toques de carinho da banda apresentados no telão e que acompanham a turnê: fãs dos fã-clubes oficiais do Coldplay ao redor do mundo comentam os shows de suas cidades e “passam o bastão” aos fãs locais. Assim, vimos um par de fãs das cidades de La Plata, na Argentina, de Santiago no Chile, de Lima no Peru e duas fãs de São Paulo anunciarem a entrada da banda no palco.
A partir dos primeiros acordes de “A Head Full Of Dreams”, que abriu o show, começamos a ver do que as pulseiras de luzes, entregues aos presentes na entrada do estádio, eram capazes. Herança da turnê do Mylo Xyloto, as pulseirinhas de diferentes cores piscavam em todo o estádio, acompanhando o ritmo das músicas em execução no momento e deixando o Allianz Parque ainda mais colorido. Não que houvesse a necessidade de inserir mais cor no lugar: cada uma das canções trazia uma porrada de efeitos diferentes de luz para o palco, confetes, papel picado, pó colorido, círculos e estrelas coloridas e até grandes bolas de plástico foram alguns dos itens que explodiram na plateia enquanto a banda tocava.
Enquanto tocava “Yellow”, acompanhada obviamente da histeria da plateia que se emocionou com um dos primeiros singles do Coldplay, de um já longínquo Parachutes, Chris Martin trouxe para o público suas primeiras palavras. E foram 100% em português, ensaiadinho, diga-se de passagem: “Oi São Paulo! Oi paulistanos! Que alegria estar no Brasil! O vosso país é lindo. Muito obrigado, boa noite!”
Yellow (live in São Paulo)Obrigado São Paulo. What a night!
Publicado por Coldplay em Quinta, 7 de abril de 2016
O setlist não traria muitas surpresas para quem acompanhou os outros shows da turnê. Mas elas viriam. São Paulo recebeu duas canções que não haviam sido tocadas pela banda há algum tempo. A primeira foi “Ink”, do fraco disco Ghost Stories que foi tocada ao vivo pela última vez em 2014, na própria turnê do trabalho, e “Trouble”, também do saudoso Parachutes, que não era tocada ao vivo desde 2013, e ganhou um formato acústico no segundo palco e fez muita gente encontrar na memória as razões de gostar tanto desses quatro garotões.
Outra boa surpresa dessa turnê é a presença de fãs locais da banda no telão da apresentação para um segundo momento. Já tocando as músicas do BIS, a banda para observando o telão e um dos fãs da cidade em que o show acontece pede uma música para que o Coldplay toque durante o show. O pedido paulistano foi para a música “Speed of Sound”, também há muito retirada das setlists do Coldplay e que ganhou o coração da plateia, quando achávamos que não era mais possível ser surpreendidos pelos ingleses.
Já quase no final da apresentação, Martin interrompe a banda no meio de “A Sky Full of Stars” para pedir que dois casais, que estavam com alguns cartazes nas mãos, subissem ao palco. Os cartazes pediam à banda que os permitisse um pedido de casamento durante o show, e Martin foi cordial ao dar o microfone aos noivos, para que fizessem os pedidos, e recebessem tanto o abraço e a bênção do músico quanto os aplausos de um estádio cheio de testemunhas para seus respectivos noivados.
Apesar de todo o carinho com o público, as arriscadas e por vezes certeiras tentativas de Martin de falar português e seus infinitos pedidos de desculpas quando “precisava usar o inglês”, o palco alternativo, as versões acústicas e todo o espetáculo que as luzes das pulseiras promoveram, faltaram mesmo mais músicas memoráveis. O Coldplay de “Shiver”, “X&Y”, “Talk”, “Amsterdam” e tantas outras, fez uma movimentação arriscada para sua carreira no lançamento do disco Viva La Vida de 2008 e, apesar de sobreviver à mudança e conseguir lançar grandes sucessos com o melhor de seu pop rock inglês no disco Mylo Xyloto, de 2011, perdeu o ritmo nos últimos dois trabalhos, o triste Ghost Stories, de 2014 e o cheio de purpurina A Head Full Of Dreams, do ano passado, que parecem completar um ao outro, mas deixam espaço para esperarmos mais. As canções destes últimos discos ganharam destaque na turnê e no show, mas perdem feio em carisma, cantoria e celebração para as canções mais antigas, que nem precisariam de tanto colorido para brilhar.
Nos basta por agora, aguardar uma outra turnê da banda para ver se as músicas brilhantes de agora ganham corpo para emocionar plateias ou se o Coldplay dá alguns passos atrás e volta a tocar grandes clássicos para tocar corações sem a necessidade de glitter.
Setlist
- A Head Full of Dreams
- Yellow
- Every Teardrop Is a Waterfall
- The Scientist
- Birds
- Paradise
- Everglow
- Ink
- Magic
- Clocks
- Midnight
- Charlie Brown
- Hymn for the Weekend
- Fix You
- Heroes (David Bowie)
- Viva la Vida
- Adventure of a LifetimeBIS
- Trouble (primeira execução desde 2012)
- Speed of Sound (pedido de fã)
- Amazing Day
- A Sky Full of Stars
- Up&Up
- O