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Resenha: Senegal Grindcore Mafia - Hay Daño en Casa

Quarteto argentino Senegal Grindcore Mafia mistura elementos do heavy metal e rock progressivo em um resultado muito interessante.

Senegal Grindcore Mafia

Os argentinos da Senegal Grindcore Mafia desafiam o novo ouvinte que espera por algo que se pareça com Napalm Death ou Anal Cunt, mas que se mostra muito mais elaborado (e menos direto), mas com a mesma energia e peso.

O quarteto soma elementos de metal, rock progressivo e vocais extremamente expressivos e agressivos para compor uma atmosfera híbrida entre peso e técnica. A sujeira das guitarras e o uso de elementos modernos faz com que a sonoridade da SGM nos remeta a ótimas bandas como Baroness, Kylesa, Mastodon (mais antigos) e Beastwars. É o que ocorre na ótima faixa de abertura “Toda la Grela”. Em seus 9 minutos de duração, apenas queremos ouvir mais.

A segunda faixa do álbum, “Queme Oren” já se inicia de forma inusitada. Guitarras funkeadas e uma levada mais “alegre” nos transportam para um outro mar de ideias. A música então recebe guitarras mais pesadas e um vocal menos sujo, porém agressivo. A melodia inicial nos remete a bandas bem mais populares e há realmente uma quebra de paradigma. Porém, esse monstro de mais de 10 minutos segue como uma viagem sem volta à sanidade. A próxima textura é uma passagem de death/black metal que deságua em uma viagem prog. A música ainda caminha para partes mais calmas e melódicas e flerta com o Doom. Em alguns momentos, lembra a ótima banda Opeth.

“La Parcha” flerta com o black metal de bandas como Enslaved, onde as veias prog se mostram fortes. Vocais complexos, hora rasgados e agressivos, hora mais limpos e melódicos se alteram. Riffs inspirados e mudanças de andamento temperam uma das melhores músicas do álbum. Há ainda influencias de Behemoth nas linhas mais extremas, principalmente da bateria.

“Cuidado con ese Sapo” é uma faixa extremante carismática. Abre com fortes toques de prog, mas de uma forma tão agressiva que nos remete levemente a bandas como The Dillinger Escape Plan. Fechando o álbum, temos “Azucar en la Espalda”. Quase oito minutos de viagem de despedida. Uma música com um andamento mais lento que não dispensa os vocais extremos que conversam com outros vocais melódicos.

Como as faixas tem longa duração, o número pequeno de músicas não significa um tempo pequeno de música (que tem durações bem longas). A banda dos irmãos argentinos impressiona pela dedicação na composição complexa, experimental e na produção de alta qualidade. Cantado inteiramente em espanhol, o cuidado com a divisão silábica é evidente, o que faz puristas com a questão da língua usada nas músicas repensarem seus conceitos.

Mais do que indicado, um nome forte para o prog metal no mundo. Desejo que consigam alcançar vôos cada vez mais altos! Parabéns à banda.