Os dias de “me desculpe, eu não posso ser perfeito” se foram. Hoje, o Simple Plan é uma banda que se orgulha do passado, mas que não pretende se prender a ele. O novo álbum, Taking One For The Team, é prova conclusiva: canções totalmente pop e participações especiais de artistas como o rapper Nelly demonstram a determinação do quinteto a seguir em frente.
Isso não significa abandonar as raízes, como ressalta diversas vezes o baterista Chuck Comeau na entrevista que você lê abaixo. Além do novo disco, conversamos sobre a influência dos fãs na composição, a dificuldade que a nova geração do pop-punk tem encontrado em alcançar públicos maiores e muito mais!
TMDQA!: Vamos começar falando um pouco sobre o novo álbum. Algumas das músicas nele fogem do pop-punk tradicional de vocês. O que os motivou a escrever canções pop como “I Don’t Wanna Go to Bed” e “I Don’t Wanna Be Sad?”
Chuck: Essas são as músicas mais pop que já gravamos, e a motivação ou ideia por trás delas é simplesmente tentar coisas novas. Quando você ouve o álbum, percebe que é um dos nossos mais pesados e que ainda queremos fazer o tipo de música que sempre fizemos, mas é melhor mudar um pouco do que escrever a mesma música pelo resto da carreira.
Às vezes os fãs não entendem logo de cara o que tentamos fazer, mas quando percebem que ainda somos a mesma banda eles ficam muito mais receptivos a esses riscos que tomamos. E desde o terceiro álbum tentamos não ficar na mesma: aquele disco tinha coisas diferentes dos anteriores, no quarto álbum temos músicas como “Jet Lag”, com uma voz feminina, e “Summer Paradise” que se tornou uma das maiores músicas da nossa carreira. A chave é arriscar sem se perder.
TMDQA!: Como surgiu a ideia de ter essas participações especiais no disco? Como decidiram chamar o Jordan Pundik (New Found Glory), a Juliet Simms (Automatic Loveletter), o Nelly e o duo R. City?
Chuck: Eles são uma reflexão do que é o nosso gosto musical. Nós gostamos de todo tipo de música, eu por exemplo sempre adorei o Nelly, o estilo dele no clipe “Hot In Here” era sensacional! E obviamente temos um mundo diferente de gostos entre nós cinco. Com o Jordan foi natural, surgimos mais ou menos na mesma época, e cantar com uma referência do pop-punk como ele significa respeitar os fãs que estavam conosco naquela época e ainda estão aqui. A Juliet também é parte dessa cena e uma grande cantora, e os caras do R. City trouxeram um som de reggae que fez a música ser uma experiência totalmente diferente e animada para nós.
TMDQA!: E como tem sido a recepção dos fãs até agora?
Chuck: Pelo que pude perceber eles estão amando! Queríamos fazer algo que fãs antigos e novos gostassem, algo que talvez alguém que não conhecesse descubra e ame, e a influencia de fãs é bem grande no que fazemos. Antes de lançar os singles do álbum, lançamos “Saturday”, e vendo a recepção não ser das mais positivas nós percebemos que não era bem aquilo que queríamos.
Quando você passa um ano, um ano e meio só compondo, acaba perdendo um pouco de perspectiva externa, por isso foi bom ver os comentários nos apontando para o caminho certo. Depois disso, escrevemos “Opinion Overload” e “Farewell”, que tem sido músicas fundamentais nos nossos shows.
TMDQA!: Vocês são um dos principais nomes a saírem da cena da Warped Tour e atingirem o mainstream, emplacando hits nas rádios e na televisão. Essa cena hoje tem vários bons nomes, mas nenhum conseguiu dar esse ‘pulo’ rumo à cultura popular. Vocês acham que está faltando algo a essas bandas? Ou acham que não há mais espaço pra esse gênero no rádio?
Chuck: Eu acho que o ambiente do rádio mudou muito. Tem pouco espaço para o rock, para o pop-punk ou seja lá como queira classificá-lo. Quase nenhuma banda de rock toca no rádio hoje, e tudo bem, são ciclos. Mas acho que isso demonstra uma necessidade de diversificação, como tinha nos anos 2000 e mesmo nos 90. Naquela época tinha, pop, rock, hip hop, baladas, alternativo, tudo tinha sua chance no rádio se tivesse uma qualidade acessível, um refrão bom, uma melodia memorável.
Agora acho que vai ser difícil para essas bandas da Warped terem acesso a esse ‘próximo nível’, não pelo som que fazem, mas pelo formato estar menos aberto do que antes. Mas como eu disse, isso é um ciclo, e tudo vai e volta. Você só pode fazer o melhor álbum possível, lançá-lo e torcer para que as pessoas ouçam, ganhe novos fãs e mantenha os antigos. É isso que fizemos ao longo da carreira. É preciso adaptar-se aos novos tempos, mas fazer aquilo que ama tem que ser sempre o foco.
TMDQA!: Pela quantidade de fãs brasileiros que aparecem nos vídeos do Simple Plan pedindo pra vocês voltarem pra cá, imagino que não vá demorar muito. Certo?
Chuck: Eles dizem que nós os esquecemos! Nunca esquecemos e nunca vamos esquecer, podem ter certeza disso. E nunca haverá um ciclo de álbum em que não tocaremos no Brasil. Estamos trabalhando para voltar o mais rápido possível!