Em I like it when you sleep, for you are so beautiful yet so unaware of it, o quarteto britânico The 1975 utiliza um sem-número de instrumentos para criar texturas enraizadas nos mais diversos gêneros, do jazz ao post-rock, de modo a formar hinos de pop lascivo. Elas são acompanhadas de letras sobre relacionamentos, dor familiar e a vida pública – com a qual Matthew Healy e seus companheiros de banda tiveram de se acostumar repentinamente, consequência da ascensão meteórica pela qual suas carreiras passaram. Uma “grande viagem”, nas palavras do próprio cantor.
Tido como um dos nomes mais audaciosos do cenário pop atual, Matthew demonstra personalidade também em entrevistas; ele, que no álbum usa o estrelato como combustível lírico, acredita que o artista tem o dever de fazer o ouvinte entendê-lo a partir de sua música e nunca se dar por satisfeito com o sucesso. Prestes a vir ao Brasil pela primeira vez, Matthew também falou com a gente sobre a relação entre os dois discos do grupo e a origem punk do início da carreira. Leia abaixo!
TMDQA!: Vamos começar falando sobre o novo álbum. Ele é longo, tem uma temática diferente da do disco de estreia, e é cheio de pequenos detalhes que só se revelam com repetidas ouvidas. Como foi que tudo se encaixou no estúdio?
Matthew: A gravação desse álbum foi uma grande viagem. Ele surgiu como resultado da exposição pela qual passamos durante os anos desde o álbum de estreia, quando nos tornamos pessoas públicas. Mas nós e nossa equipe estávamos todos ambiciosos; ninguém queria fazer um The 1975 parte 2, embora fosse fácil capitalizar no sucesso daquele disco.
TMDQA!: Algumas músicas desse disco referenciam músicas do anterior, e agora o videoclipe de “A Change of Heart” traça paralelos com os clipes de “Robbers” e “Heart Out”. Dá pra dizer que os dois álbuns são capítulos de uma mesma história em progresso?
Matthew: Como artista, você tem a obrigação de fazer as pessoas enxergarem o seu ponto de vista, de fazê-las entender como e de onde surgiram essas formas e expressões com as quais elas estão interagindo. Todo mundo aprecia arte de formas diferentes, mas gosto de pensar que existe uma história contínua nas músicas que fazemos, e que elas são partes de um todo, mesmo se não as escrevemos com essa intenção.
TMDQA!: Eu particularmente acho o clipe de “The Sound” sensacional, com os críticos observando vocês, a troca de lugares, e as citações de críticas negativas aparecendo na tela a todo momento, enquanto toca uma das músicas mais felizes que já ouvi. O quanto você diria que as críticas influenciaram a composição desse álbum? Acha que ele sairia diferente se o primeiro disco não tivesse causado uma reação tão dividida?
Matthew: Provavelmente… pra falar a verdade eu nunca pensei nisso. Nesse álbum eu falo sobre ser um rockstar, sobre ter a minha vida comentada 24 horas por dia, e não fico me defendendo das críticas. O clipe foi muito divertido de fazer e acho que demonstramos através dele que tudo está sujeito a opiniões negativas, de uma forma ou de outra. Você, como artista, não tem como escapar dessa realidade, e o importante é lidar com isso da melhor forma possível.
TMDQA!: Quando vocês começaram, há dez anos, eram uma banda punk que fazia covers; hoje, estão bastante distantes desse gênero musical. Como essa transformação aconteceu?
Matthew: Nós somos um produto das coisas que nos cercam. Quando tínhamos 13 anos ouvíamos hard rock, ouvíamos punk. Desde então as pessoas, as bandas, as músicas, tudo mudou, e nós mudamos junto. Não quer dizer que esquecemos o nosso passado, até porque ainda temos qualidades de gêneros que não necessariamente nos definem, mas hoje somos outras pessoas e isso se reflete na nossa música.
TMDQA!: Há alguns dias ficamos sabendo que vocês vêm ao Brasil em setembro. Tem gente esperando isso há anos! No Facebook, por exemplo, a fanpage brasileira do The 1975 já tem mais de dez mil curtidas. Já tiveram contato com algo daqui, algum artista que gostam? E o que esperam dessa ocasião?
Matthew: Nós nunca fomos à América do Sul como banda. Eu conheço algumas coisas do Brasil, mas são aquelas coisas que quase todo mundo deve conhecer. Será uma experiência completamente nova, e fico muito contente em ver meu trabalho alcançando lugares que nunca nem visitei. Sei que o público sul-americano é muito apaixonado, e acredito que aproveitaremos muito.
TMDQA!: Você tem mais discos que amigos?
Matthew: Tenho centenas e centenas e centenas de discos. Nunca vou ter tudo isso de amigos, a não ser se contar os do Facebook!
Leia nossa resenha de ‘I like it when you sleep, for you are so beautiful yet so unaware of it’ aqui.