Este conteúdo foi originalmente publicado em junho de 2012, para o antigo Diário de Palco (antes do TMDQA!). Por conta do convite recebido pelo Vespas Mandarinas para abrir os shows do El Cuarteto de Nos nesta sexta-feira (6) e sábado (7) em Montevidéu, o publicamos novamente.
Há meses esperava uma oportunidade para escrever sobre o El Cuarteto de Nos. Nesta sexta-feira (22), a chance perfeita: assisti ao grupo ao vivo pela primeira vez, no inicio da turnê do novo disco Porfiado, no Luna Park, em Buenos Aires, cidade onde moro.
Apesar dos 28 anos de carreira, estes senhores parecem ter uma incrível habilidade de não envelhecer seu público, já que uma grande mistura lotou o estádio: na pista, gente muito jovem, quizá com seus 17, 18 anos. Nas cadeiras numeradas, fãs que poderiam conhecer a banda desde o início, incluindo família inteiras e senhores saltando como se ainda estivessem em seus 20.
O show foi repleto das canções do meu disco preferido do grupo, Raro. Tocaram “Ya no sé que Hacer Conmigo”, “Pobre Papá”, “Yendo a la casa de Damián”. Além destas, as recém-lançadas “El Balcón de Paul”, “Enamorado Tuyo” e “Buen Día Benito”.
A banda qualifica este novo álbum como o fim de uma trilogia, já que os três (Raro de 2006, Bipolar de 2009 e o lançamento Porfiado) tem a mesma sonoridade. Não posso falar sobre este ser o estilo cativo da banda, já que este é 13º disco deles, mas a música que fazem atualmente é surpreendente.
Primeiro ponto: a banda tem uma raiz roqueira. Porém, em determinados momentos encaixa rimas de rap e em outros refrões pop de um modo que jamais havia ouvido.
Segundo ponto: as letras globais. Tratando de temas certeiros ou citando fatos (que poderiam ser) reais, a vontade de cantar a plenos pulmões soa como uma confissão em muitos momentos.
Update: em 2013, a música “Ya no sé qué Hacer Conmigo” ganhou uma versão em Português gravada pelo Vespas Mandarinas.
Além das diversas piadas introdutórias (“aqui faz mais calor que na varanda do Paul”, disse Roberto antes de tocar “En el Balcón de Paul”), uma brincadeira em especial fez o estádio cagarse de risa. O baterista, Alvaro Pintos, encarnou um cantor de concurso de calouros. A música interpretada contava sobre como o baterista é o “esquecido”, inclusive pela pelas próprias fãs, que não lhe pedem autógrafo.
No bis, outras duas grandes canções enlouqueceram o Luna Park: “Nada Es Gratis en la Vida” (em minha opinião, a melhor música deles) e “Invierno de 92”, agraciaram os milhares de fãs argentinos que foram receber o início da nova turnê da banda.
Em tempo: três dos cinco integrantes do El Cuarteto de Nos ainda tem empregos fixos. Este e outros fatos curiosos estão nesta entrevista feita com eles pelo Leonardo Vinhas, para o Scream & Yell.