Fotos: Anderson / Vento Festival
A segunda noite da segunda edição do Vento Festival, que aconteceu nesta sexta-feira, 10 de Junho, na Praia do Perequê, em Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, foi marcada por música negra e resistência. Todos os artistas, de alguma maneira, trazem novidades sonoras dentro do soul, funk, black music, pop, rock, do rap e do samba, com um punhado de militância, seja em seu contexto estético-visual ou estético-musical.
O Palco Vento contou com shows de Aldo, The Band, Jaloo e Bonde do Rolê, mas quem roubou a cena foi a Salada das Frutas, projeto paralelo que une a cantora e compositora Liniker com sua banda Os Caramelows, o rapper Rico Dalasam e a banda As Bahias e a Cozinha Mineira em uma poderosa viagem pela música negra contemporânea. A apresentação no Vento Festival marcou o início de uma turnê da Salada das Frutas, que deve rodar por todo o Brasil.
O show foi dividido em apresentações individuais: primeiro Liniker, depois Rico Dalasam e, na sequência, As Bahias…., para um final apoteótico onde todos se juntaram para cantar “Olhos Coloridos”, composta por Macau e interpretada por Sandra de Sá.
Liniker mostrou as canções do EP Cru, lançado no ano passado. A artista lançou no último dia 7 uma campanha de financiamento coletivo na plataforma Catarse para a gravação de seu primeiro disco em estúdio Remonta. A meta é alcançar R$ 70 mil até dia 27 de Julho. Até a finalização deste texto, já estava com 59% da meta conquistada.
Rico Dalasam subiu ao palco e mostrou ao público as músicas de Orgunga, álbum de estreia do rapper, lançado esse ano, sendo o sucessor do EP Modo Diverso. Os grandes destaques foram as músicas “Riquíssima” e “Esse Close eu Dei”. Em seguida, as vocalistas trans Assucena e Raquel, que encabeçam o grupo As Bahias e a Cozinha Mineira, deram um gostinho do disco Mulher, de 2015, em excelentes canções como “Apologia às Virgens Mães”. O show da Salada contou ainda com a famosa “Oração do lacre” no final e o maior público do festival até agora.
Antes da apresentação, Aldo, The Band abriu os trabalhos da noite, mostrando tanto sons mais antigos como do Giant Flea, seu último trabalho, de 2015. Segunda atração da noite, foi com a frase “Fora Temer” gritada pelo público, que Jaloo começou sua apresentação. Quando teve oportunidade de um primeiro contato com o público, o músico entrou na onda do “Primeiramente, Fora Temer” com muito bom humor. Seu show foi baseado no disco #1, seu primeiro álbum de estúdio lançado após alguns EPs.
A trupe do Bonde do Rolê encerrou a noite no Palco Vento com muita loucura, público no palco e músicos na plateia, aquela festa insana que já conhecemos bem. A banda tocou músicas como “Solta o Frango”, “Bang” e “Vida Loka”. Na outra ponta do evento, na Oca, teve Free Beats com Mc Linn da Quebrada mandando ver no funk e nos discursos políticos sobre ser bicha, não binária, pobre, preta e periférica.
PRIMEIRO DIA
A primeira noite do Vento Festival contou com muito frio e um público menor. O grupo caliente Samuca e a Selva abriu a edição desse ano com muito swing e latinidade. A cantora Mahmundi subiu no palco já indicando o frio, com muito bom humor. “Esse é o tipo de coisa que a gente pede e quando acontece não aproveita muito. Sempre quis um show na praia, mas olha esse frio,” brincou. Após dois EPs, a cantora lançou esse ano seu primeiro registro em estúdio, o elogiado álbum Mahmundi.
A apresentação contou com ótimos momentos como quando executado o single “Eterno Verão”, uma de suas melhores canções; e quando a cantora invocou uma “prova” do seu oitentismo. “Tô entrando nessa onda, todo mundo fala que a gente é oitentista,” ironiza. Ao apresentar toda a banda, ela conclui em tom de brincadeira: “Somos a banda mais oitentista de 2016, olha a cara de velho desses músicos”.
Russo Passapusso encheu o palco da multi-culturalidade brasileira ao interpretar as canções do disco Paraíso da Miragem. Na Oca, Free Beats e Serge Erege encerraram a noite com uma discotecagem eletrônica animal, só para os fortes sobreviventes dos 10 graus e do vento gélido do mar.