11 artistas e bandas que se arriscaram no grunge

Grupos como Titãs, KISS, Anthrax e até o Bruce Dickinson (Iron Maiden) se aventuraram pelo universo grunge dos anos 90. Confira a nossa lista!

Bruce Dickinson
Foto: Reprodução/YouTube

Por Pedro Tavares

No segundo semestre de 1991, os sintetizadores foram substituídos por guitarras sujas e barulhentas. Os cabelos cheios de laquê e solos intermináveis do glam rock trocados por melodias assobiáveis e letras contestadoras e essencialmente depressivas. O underground, de diversas maneiras, era apresentado para o grande público no início da década de 90 pelo grunge. Pouco tempo depois as bandas synth e hard rock, predominantes nas paradas de sucesso sumiram do mapa e o Nirvana desbancou até o Michael Jackson do topo da Billboard. Os garotos dos subúrbios americanos eram apresentados ao stage-dive, ao mosh, à história do punk, hardcore e metal enquanto deixavam seus cabelos sujos e roupas apodrecerem.

Os pilares da música de Seattle (Nirvana, Alice in Chains, Pearl Jam e Soundgarden) representavam anos e anos de shows em moquifos, milhares de quilômetros viajados em vans prestes a despedaçar e claro, litros e litros de cerveja ingeridos por diversas bandas, como Mudhoney, Cat Butt, Skin Yard, Coffin Break, Gas Huffer, The Gits, TAD, entre outros. Daí pra frente o mercado mudou, a “música alternativa” deixou de ser apenas para clubes pequenos e “college radios” americanas. A MTV exibia clipes das bandas da Sub Pop, C/Z, Alternative Tentacles, Epitaph no mesmo bloco das novas queridinhas da Geffen, Warner, etc. E muitos artistas, por diversos motivos, foram cativados por este momento da música e resolveram mudar de norte no momento de compor.

Antes da lista, três curiosidades sobre músicos que se envolveram com o grunge de alguma forma: Big John Duncan, guitarrista da formação clássica da banda punk The Exploited foi roadie do Nirvana durante as turnês dos discos Incesticide (1992) e In Utero (1993), inclusive passando pelo Brasil durante o Hollywood Rock. Outro que passou pelo Hollywood Rock em 1993 foi Ian Mackaye, líder do Fugazi, que veio como roadie do L7. Já Alexi Lalas, zagueiro da seleção americana de futebol, ganhava matérias especiais nos jornais e revistas especializadas sobre seu trabalho como músico “grunge”. Apesar disso, o som de Lalas mais parece uma junção dos Lemonheads com o Dishwalla.

Enfim, vamos a eles:

Anthrax

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A chegada do vocalista John Bush à banda por volta de 1993 deixou o som do Anthrax mais lento e denso. Quando a gravadora Roadrunner olhou para o mercado alternativo assinando com o Gruntruck e outras bandas, entre elas as brasileiras Killing Chainsaw e Garage Fuzz, era o trampolim ideal para o Anthrax seguir o mesmo caminho através da gravadora Elektra. O disco Stomp 442, de 1995, é um bom exemplar desta tentativa. O hit “Nothing” foi tocado à exaustão nas rádios e na MTV mas não foi suficiente para o Anthrax seguir nesta fórmula. Logo a banda seguiu a vertente que domina: o thrash metal.

Franz Stahl (Scream)

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Franz Stahl, ao lado de seu irmão Pete, mantinham nada mais que a banda de hardcore Scream, mais conhecida por ser a banda que Dave Grohl tocava antes de entrar para o Nirvana. Pois quando Dave saiu da banda, Franz e Pete se juntaram a Peter Morfett da banda de hardcore Government Issue e ao baixista Al Bloch do Concret Blond para formar o Wool. Em uma breve pesquisa pela internet, você verá Dave Grohl usando diversas camisetas do Wool em shows do Nirvana. O som do Wool é bastante influenciado pelas bandas de Seattle e lançou diversos EPs e um álbum, o ótimo Boxset, de 1994. O Wool terminou em 1995 e Franz substituiu Pat Smear no Foo Fighters durante a turnê do álbum The Colour and the Shape (1997).

KISS

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Pela internet é possível ler dezenas de artigos sobre Carnival of Souls: The Final Sessions e a intenção de Gene Simmons em lançar um disco grunge para ganhar dinheiro no início da década de 90. Nada novo até aí, mas a verdade é que o Kiss conseguiu pegar a essência de todas as bandas que declararam seu amor por eles (Melvins, Soundgarden, Alice in Chains) e, sem exageros, lançou um dos melhores discos “grunge” dos anos 90. Carnival of Souls foi lançado em 1997 depois de muita polêmica e briga e foi o último disco do Kiss sem as máscaras.

Titãs

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Em 1992 o tal do grunge era tocado a todo momento nas rádios e na MTV, e os Titãs tinham acabado de perder Arnaldo Antunes, que escolheu seguir o seu caminho em carreira solo. Branco Mello, Marcelo Fromer, Nando Reis e companhia chamaram Jack Endino para produzir Titanomaquia (1993), disco que mais se aproxima de Cabeça Dinossauro (1986) por seu conteúdo contestador e músicas pesadas. Jack Endino, chamado de “padrinho do grunge”, veio ao Brasil para entender o som dos Titãs e fez um dos discos mais polêmicos da carreira do grupo. Endino também produziu o disco seguinte dos Titãs, Domingo, de 1995.

Tomas “Ace” Forsberg (Bathory)

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Conhecido por ser fundador de nada menos que uma das bandas pioneiras do black metal, o Bathory, Forsberg criou durante o início da década de 90 o projeto paralelo Quorthon, seu codinome, retirado de um demônio, claro. O Quorthon lançou dois discos, Album de 1994 e Purity of Essence de 1997. Totalmente indicado para fãs de Alice in Chains e Soundgarden. Tomas faleceu em 2004 vítima de um ataque cardíaco.

Reed St. Mark (Celtic Frost)

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Reed foi baterista do Celtic Frost, outra banda pioneira do metal extremo, mas largou o gênero no fim dos anos 80 para se dedicar ao Mind Funk, banda com forte influência do grunge que lançou um disco pela Sony em 1991. No Mind Funk haviam integrantes de bandas consagradas como Ministry, Uniform Choice e Soundgarden. Reed saiu da banda em 1992 e voltou para o Celtic Frost, marcando o fim da experiência grunge.

Kevin Seconds (7 Seconds)

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A lenda-viva do punk/hardcore Kevin Seconds também cedeu ao grunge e ao rock alternativo. No início da década de 90, Seconds formou o Drop Acid, que lançou o álbum Making God Smile e o EP 46th and Teeth. Se você é fã de punk e hardcore mas também curte as bandas mais “lentas” como Smashing Pumpkins, Swallow, Nirvana e afins, você acabou de achar sua banda favorita.

Bruce Dickinson (Iron Maiden)

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Calma, não é só por esta blusa do Skin Yard que ele está na lista. Desmotivado pelas intermináveis turnês do Iron Maiden no fim dos anos 80, Bruce Dickinson lançou seu primeiro solo em 1989 com um som muito diferente do que o consagrou frente ao Maiden. Com a força da MTV na época, mesmo com o sucesso do último álbum da banda com o cara, Fear of the Dark, o Iron perdeu seu vocalista para o mundo “alternativo”. O álbum Balls to Picasso, de 1994, soa como um irmão de Push do Gruntruck, banda de Seattle influenciada por grupos de hard rock com som mais próximo ao Alice in Chains, My Sister’s Machine, Thread, etc. Enquanto o mercado deixava as guitarras de lado para contratar boy bands no fim dos anos 90, Dickinson via a possibilidade de voltar para o Maiden com bons olhos, algo que se concretizou em 2000.

https://www.youtube.com/watch?v=xkewSlsaRWI

C.J. Ramone (Ramones)

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Durante os anos 90, os Ramones foram bajulados por suas crias, principalmente pelo Pearl Jam, Red Hot Chili Peppers, Metallica e Soundgarden. Já com a noção que o grupo não duraria muito tempo, C.J. formou os Los Gusanos, banda com som influenciado pelo rock alternativo da época, e lançou em 1994 o ótimo EP I’d Like to Save the World pela Alternative Tentacles, selo de Jello Biafra dos Dead Kennedys. Em 1997, após a última turnê dos Ramones e ainda mais influenciado pelas bandas grunge que os acompanharam no Lollapalooza do ano anterior, os Los Gusanos lançaram seu primeiro disco cheio com boa receptividade da crítica e de público.

Doug Pinnick (King’s X)

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Mais conhecido por seu trabalho como baixista e vocalista da banda de metal progressivo King’s X, Doug Pinnick formou o Poundhound, que pode parecer mais um projeto bem humorado, porém bem rico em peso e melodia. O disco Massive Grooves from the Electric Church of Psychofunkadelic Grungelism Rock Music é um ótimo exemplo disso. Os caras lançaram apenas dois discos, mas em 2011, Pinnick se juntou a Jeff Ament (Pearl Jam) e Richard Stuverud (Fastbacks) para formar o Tres Mts, que lançou um disco no mesmo ano.

Adam Siegel (Excel, Infectious Grooves)

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Depois de fazer parte da grande instituição do crossover, o Excel, Adam Siegel seguiu para outra banda importantíssima para a cena dos anos 90, o Infectious Grooves, que contava com Mike Muir (Suicidal Tendencies) e Robert Trujillo (Suicidal Tendencies, Metallica) na formação. Adam, ao lado de Greg Saenz, também integrante do Excel, se juntaram ao baixista Dave Silva e formaram o My Head em 1993. Os caras faziam um som pesado com fortes influências de Soundgarden e Melvins, e teve certo reconhecimento após assinar com a Capitol Records. A banda existiu até 1997, quando sucumbiu após grande pressão do selo para se tornar uma resposta ao Korn e ao Limp Bizkit.