Resenha: The Wonder Years e Mundo Alto em Curitiba

The Wonder Years tocou para poucos, fiéis e barulhentos, em show que contou com abertura da boa Mundo Alto. Leia a resenha com fotos exclusivas!

Mundo Alto

Fotos por Enrique Bayer

Foi curto, mas intenso. Pela primeira vez em seus 11 anos de carreira, o The Wonder Years passou por solo tupiniquim e fez a alegria de dezenas de fãs, que viram seus insistentes pedidos de “come to Brazil!” nas redes sociais serem correspondidos com uma hora de gritos, discursos, e três guitarras preenchendo cada canto do John Bull Pub, em Curitiba, no último dia 21.

Eles não estavam sozinhos: os paulistanos da Mundo Alto abriram a noite com onze faixas que, mesmo carregando sonoridade e lirismo diferentes dos da atração principal, soaram acessíveis o suficiente para trazer alguns dos presentes à frente do palco e fazê-los prestar atenção.

Músicas como “À Medida Que Se Perde”, “Futuro” e “O de Sempre, Por Favor” demonstraram a capacidade do quarteto em saber quando harmonizar e quando deixar os instrumentos respirarem; já as descontraídas “Planetário” e “Nada Parece Valer a Pena” foram simplesmente divertidas – qualidade básica, mas ainda bem-vinda em um show de rock, ainda mais se tratando de uma banda de abertura.

É verdade que, em momentos, a musicalidade chegava a ser simples demais: volta e meia, a guitarra solitária sentia falta de uma irmã e o teclado era pouco aproveitado. De toda forma, a Mundo Alto despontou como boa surpresa e, ao passo em que expande seus horizontes artísticos, deve (e merece) ganhar terreno no cenário alternativo nacional.

Setlist Mundo Alto:

1. Colher de Chá
2. Planetário
3. Pé Atrás
4. Cheio
5. À Medida Que Se Perde
6. Futuro
7. Grandes Momentos
8. Fase Feita
9. O de Sempre, Por Favor
10. Nada Parece Valer a Pena
11. Cortina

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Quando o sexteto da Filadélfia começou a montar seus instrumentos, metade do público ainda estava nas mesas do fundo, pacientemente aguardando o show. Não demorou muito pra que, sem cerimônia, a banda introduzisse as primeiras notas da frenética “I Don’t Like Who I Was Then” e colocasse o salão todo de pé – uns pulando e gritando, outros apenas atentos, mas ninguém extremamente eufórico ou entediado. Era como uma grande reunião familiar onde o sentimento era coletivo e ninguém estava acima de ninguém.

O vocalista Dan ‘Soupy’ Campbell ressaltou, ao longo do show, o quanto queriam vir à América do Sul e como pensaram em quais músicas tocar para a inédita plateia. A seleção, exatamente a mesma dos shows em Costa Rica, Colômbia, Argentina e São Paulo – o Chile ganhou uma a mais, enquanto que os peruanos tiveram de se contentar com apenas doze canções – não surpreendeu ninguém; é até provável que alguns tenham ficado um pouco decepcionados.

Embora o set estivesse bem balanceado entre os quatro discos principais da banda, a curta duração e a ausência gritante da épica “I Just Want to Sell Out My Funeral” deixaram os cerca de oitenta fãs presentes com gostinho de quero mais. Não que tenham faltado momentos memoráveis: havia gargantas roucas já a partir de “Dismantling Summer” e olhos visivelmente marejados ao fim de “Cigarettes & Saints”.

A reta final foi composta por performances impressionantes, tanto dos músicos quanto de seus devotos, de três das mais famosas canções do grupo. À exceção de “There, There”, faixa originalmente leve que soou desnecessariamente barulhenta por conta das três guitarras com volume e distorção acima dos níveis recomendados, o John Bull se emocionou com a balada “The Devil In My Bloodsteam” e recebeu as mais potentes doses de energia na forma dos singles “Passing Through a Screen Door” e “Came Out Swinging”, esta última encerrando (já?) a passagem dos norte-americanos pela América Mais Fanática: a do Sul. Sem falsa modéstia.

Cantou-se, no primeiro refrão da noite, o trecho “Acho que estou me tornando alguém em quem você pode confiar”. No último, “Passei o inverno escrevendo canções sobre ser melhor / E se estou sendo honesto / Estou chegando lá”. Nada mais adequado para descrever os sentimentos coletivos daquela fria noite de domingo: irmandade e perseverança. Foi a hora mais catártica da semana para os presentes – uns mais perdidos que outros, outros mais esperançosos que uns, mas todos ligados coração a coração por riffs, coros e gritos de redenção. “Os anos incríveis”, de fato.

Setlist The Wonder Years:

1. I Don’t Like Who I Was Then
2. Local Man Ruins Everything
3. Cardinals
4. Dismantling Summer
5. Don’t Let Me Cave In
6. Cigarettes & Saints
7. A Song for Ernest Hemingway
8. Melrose Diner
9. Washington Square Park
10. The Devil in My Bloodstream
11. There, There
12. Passing Through a Screen Door
13. Came Out Swinging

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