Na virada da década passada para a atual, a música folk ressurgiu com força estrondosa no mainstream através de uma de suas ramificações, o indie folk – impulsionado por nomes como Mumford & Sons, Bon Iver e Fleet Foxes.
Longe de carregar os discursos políticos e críticas sociais inflamadas dos anos 60, o gênero encontrou sucesso na progressão musical simplificada, arranjo leve e letras que retratam o cotidiano de forma mais poética que os hits bombásticos do pop.
O The Lumineers, após um início devagar na cidade de Denver, lançou seu disco de estreia em 2012 e emplacou os hits “Ho Hey” e “Stubborn Love” – você provavelmente já ouviu ao menos um deles. Eventualmente, The Lumineers chegaria ao disco de platina nos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, entre outros.
Agora, após quatro longos anos repletos de turnês o trio retorna com Cleopatra, lançado em abril e que já acumula cerca de 175 milhões de reproduções de suas faixas no Spotify.
Mas mais do que estar na linha de frente da ressurgência da música folk nas rádios e nos grandes festivais, o trio carrega um diferencial notável: a presença do violoncelo de Neyla Pekarek como parte da formação principal, composta ainda por Wesley Schultz e Jeremiah Freites. Embora não participe integralmente do processo de composição da banda, a violoncelista é co-autora de duas faixas do novo disco, “Gale Song” e “My Eyes”, além de contribuir com vocais e instrumentação adicional.
Falamos com a simpática Neyla sobre Cleopatra, a carreira do trio, como conheceu os colegas de banda, seus artistas preferidos, o que lembra do Brasil e muito mais.
Leia abaixo!
TMDQA!: O novo álbum de vocês, Cleopatra, saiu há alguns meses. Como tem sido a recepção a ele e a experiência de tocar as músicas novas nos shows?
Neyla: A recepção vem sendo ótima. Nós não tínhamos muita certeza se as músicas dele complementariam bem as do primeiro disco nos shows, mas temos tido sucesso nisso. É bastante empolgante. Depois de passar anos em turnê, separamos um tempo para nós e para compor esse álbum, e quando você faz isso acaba se isolando um pouco, sem saber como será a reação do público. Mas tudo tem acontecido da melhor maneira possível.
TMDQA!: Vocês realmente passaram muito tempo promovendo o primeiro disco, e tocaram as canções dele inúmeras vezes. Agora, estão tocando praticamente todas as músicas do álbum novo também. Tem sido cansativo voltar a tocar as antigas?
Neyla: A banda cresceu rápido demais, não deu tempo de nos prepararmos para os shows que faríamos. Tivemos de esticar os cerca de 40 minutos de material que possuíamos para preencher shows de uma hora, uma hora e meia. Agora ficou mais fácil fazer isso. Mas não estamos cansados das canções antigas, eu amo elas. São um momento confortável no show, ao qual o público responde positivamente por conhecê-las a fundo.
TMDQA!: A banda já existia oficialmente desde 2005, mas você entrou cinco anos depois. É verdade que isso aconteceu por causa de um anúncio que os dois integrantes originais colocaram no Craigslist [site de anúncios popular nos EUA]?
Neyla: Sim, é verdade. Wesley e Jeremiah já tocavam juntos no Brooklyn e moravam em New Jersey. Eles saíram de lá e vieram para Denver procurando um lugar mais barato para tocar e compor. Eu nunca estive em uma banda antes, e não estava nem procurando por isso, mas queria algo para fazer enquanto procurava um trabalho como professora. Acabou que entrei para a banda antes que encontrasse!
TMDQA!: Quais artistas te inspiram? E o que tem ouvido ultimamente?
Neyla: Eu não ouço muita coisa atual, sou bastante fã de coisas antigas: Jazz dos anos 20, cantoras dos anos 40 como a Ella Fitzgerald, coisas assim. E sempre fui uma grande fã do M. Ward. Ele lançou um álbum novo esse ano, inclusive. Minha irmã me mostrou alguns artistas e o M. Ward foi um deles. Acho que ele foi minha entrada ao folk e eu fico muito feliz que ele ainda esteja fazendo música.
TMDQA!: O que acha que a banda aprendeu desde o começo da carreira até aqui? Há algo que acredita estarem fazendo melhor hoje, ou talvez algum obstáculo que conseguiram deixar para trás?
Neyla: Acho que estamos muito mais capacitados, muito melhores nos nossos instrumentos em relação a quando começamos. Eu me sinto mais confortável como violoncelista do que me sentia no começo. Era uma experiência muito nova para mim porque, embora eu tenha participado de orquestras e coros e coisa do tipo, nunca havia feito parte de uma banda. Éramos jovens de vinte e poucos anos e agora estamos entrando nos trinta e poucos, mais maduros e com vidas menos agitadas.
TMDQA!: Acredita que a divulgação para Cleopatra vá ser tão intensa quanto foi a do disco de estreia, com turnês quase ininterruptas?
Neyla: Eu nos considero muito sortudos. Por causa daquele disco, pudemos fazer quatro anos de turnê. Havia muita demanda. Para este sei que também faremos muitos shows, pois já temos datas marcadas até outubro do próximo ano. Mas temos sorte de ter demanda também para este álbum. Não sei se precisaremos nos esforçar tanto ou se as turnês serão tão extensas quanto as do primeiro disco, mas nunca reclamaremos por ter as oportunidades que temos.
TMDQA!: Faz dois anos desde que vocês vieram ao nosso país. O que lembra daquela época?
Neyla: Ah, foi maravilhoso! Foi nossa primeira vez na América do Sul, fizemos alguns shows por aí e o público foi incrível. Acho que toda vez que postávamos algo nas mídias sociais apareciam fãs dizendo “Come to Brazil!” ou algo do tipo e nós sempre tivemos vontade de ir. E foi demais. Lembro que a viagem coincidiu com a semana do nosso Dia de Ação de Graças, e passeamos pela praia no Rio de Janeiro. Foi lindo.
TMDQA!: E podemos esperá-los aqui mais uma vez num futuro próximo?
Neyla: Não tenho certeza quanto à data, mas voltaremos sem dúvida alguma. Até o ano que vem ou, no máximo, em 2018.
TMDQA!: Você tem mais discos que amigos?
Neyla: Eu sou mais social. Amo meus amigos.
TMDQA!: Você deve ser a primeira pessoa que nos disse ter mais amigos, sabia?
Neyla: É porque eles são demais mesmo!