Hoje, dia 24 de Setembro, é um dia mágico para a música.
Há 20 anos foram lançados Pinkerton, do Weezer e Everything Sucks, do Descendents, e há 25 anos veio ao mundo Blood Sugar Sex Magik, do Red Hot Chili Peppers.
Além disso, há 25 anos também era lançado um disco que mudaria a história do rock and roll: Nevermind, do Nirvana, veio para colocar as guitarras de volta ao topo da parada e Kurt Cobain, vocalista e guitarrista, tornou-se ícone de uma geração.
Para celebrar a marca, listamos 25 aspectos do disco que talvez você não saiba. Divirta-se e ouça Nevermind bem alto, hoje e sempre.
Michael Jackson
Antes de Nevermind, quem reinava nas paradas dos EUA era o disco Dangerous, de Michael Jackson.
Foi após a explosão do hit “Smells Like Teen Spirit” que o Nirvana subiu à primeira posição da Billboard 200, parada mais importante de música nos Estados Unidos.
Pixies
Após a estreia barulhenta com Bleach, Kurt Cobain admitiu que se inspirou em bandas do rock alternativo, principalmente o Pixies, para músicas do Nevermind.
A própria “Smells Like Teen Spirit” faz uso da dinâmica de partes mais lentas alternadas a partes pesadas procuradas pelo cara.
Kathleen Hanna
Essa talvez você saiba: o nome da música “Smells Like Teen Spirit” veio quando Kathleen Hanna, do Bikini Kill, amiga de Kurt, escreveu na parede do quarto do cara a frase “Kurt smells like Teen Spirit”, ou “Kurt tem cheio de Teen Spirit”.
O que talvez não saiba é que o líder da banda achava que isso era um elogio, ou algo revolucionário, já que ele teria o “espírito jovem”.
Na verdade Hanna estava tirando um baita sarro pois Teen Spirit era a marca de desodorantes que a então namorada do cara, Tobi Vail, usava.
Foi Tobi Vail, inclusive, quem inventou o termo “grrl”, utilizado no movimento de bandas femininas conhecido como “riot grrl”.
Singles
“Smells Like Teen Spirit” foi lançada como primeiro single apenas com a intenção de mostrar ao mundo que o Nirvana estava com um disco novo.
Ninguém realmente esperava que ela fosse um grande sucesso e as fichas seriam todas apostadas no segundo single, “Come As You Are”.
O que acontece é que várias rádios do país, tanto no mainstream quanto nos circuitos alternativos se apaixonaram pela canção e o resto é história.
Come As You Are
“Come As You Are”, inclusive, seria lançada como single após relutância de Kurt Cobain.
Ele entendia que a música era muito parecida com “Eighties”, do Killing Joke, e tinha medo que as pessoas fariam acusações a respeito.
Em todos os lugares
Após o primeiro single, Nevermind tornou-se um caso raro de sucesso em várias vertentes diferentes do rock e da música.
O disco ia bem nas rádios populares, alternativas e tanto nas que eram especializadas em hard rock quanto rock alternativo e “modern rock”.
Vergonha
Após o sucesso estrondoso de “Smells Like Teen Spirit”, a banda começou a tirar a música dos sets e/ou tocá-la tirando sarro.
Kurt Cobain chegou a dizer que por mais que ainda gostasse da música, sentia “vergonha” em apresentá-la pois as pessoas só se concentravam nela.
Sliver
Antes de lançar o álbum, e antes de Dave Grohl entrar na banda, o Nirvana lançou um single chamado “Sliver”.
De acordo com Kurt Cobain, essa era uma forma de se preparar para o disco:
Era uma espécie de declaração. Eu tinha que compor uma música pop e lançá-la em um single para que as pessoas se preparassem para o próximo disco. Eu queria compor mais músicas assim.
Dave Grohl
Por falar em Dave Grohl, foi justamente para Nevermind que o baterista entrou na banda.
Após o Nirvana ter se apresentado com alguns e gravado Bleach com Chad Channing, a entrada de Grohl fez com que “tudo se encaixasse em seu devido lugar”, segundo o próprio baixista Krist Novoselic.
DGC Records
As grandes gravadoras estavam de olho no Nirvana e quem ficou com o grupo foi a DGC Records, sub-selo da Geffen.
Quem recomendou o nome para o Nirvana foi Kim Gordon, do Sonic Youth, através da Gold Mountain, empresa que administrava a carreira do grupo.
Sheep
Antes de ir para a DGC, porém, o Nirvana chegou a cogitar um segundo disco pela sua antiga gravadora, a Sub Pop.
As gravações chegaram a começar e a banda registrou músicas como “Immodium” (que se tornaria “Breed”), “Dive” (b-side do single “Sliver”), “In Bloom”, “Pay To Play” (que virou “Stay Away”), “Sappy”, “Lithium”, “Here She Comes Now” (lançada em tributo ao Velvet Underground) e “Polly”.
As gravações foram feitas com Butch Vig e Kurt Cobain danificou as cordas vocais enquanto gravava “Lithium”, e a banda abortou o disco.
As canções gravadas se tornaram uma demo usada pelo grupo para conseguir uma nova gravadora.
https://www.youtube.com/watch?v=u7sKdRALutI
Sub Pop
Isso aconteceu porque a Sub Pop passava por problemas financeiros e rumores diziam que ela se tornaria um sub-selo de uma grande gravadora.
O Nirvana decidiu, então, cortar o “homem do meio” e ir direto para uma major.
Butch Vig
Após as sessões que se transformaram em demo, o Nirvana precisava de um produtor para o novo álbum.
A gravadora sugeriu nomes como Scott Litt, David Briggs e Don Dixon, mas eles ganhariam porcentagem das vendas, e o Nirvana não queria isso.
O trio insistiu em Butch Vig, pois queria a sonoridade dos discos da banda Killdozer, produzidos por ele.
65 mil dólares
Esse foi o valor que a gravadora deu ao Nirvana para que gravasse seu disco.
Para ir de Seattle a Los Angeles, onde ficava o estúdio, o grupo fez um show onde tocou “Smells Like Teen Spirit” pela primeira vez.
O dinheiro arrecadado foi para a gasolina do trajeto.
John Lennon
Butch Vig gostava de dobrar os vocais de Kurt Cobain em alguns momentos, mas o músico não era fã da prática.
Para convencê-lo o cara usava algumas táticas, e uma delas foi em “In Bloom”, quando antes de começar, Butch disse para Kurt que “John Lennon fazia isso”.
Mixagem e Slayer
Após uma tentativa frustrada de iniciar a mixagem por conta própria, a banda e o produtor do álbum resolveram chamar alguém de fora.
Uma lista foi entregue com nomes como Scott Lit (R.E.M.) e Ed Stasium (Ramones), mas Kurt e companhia resolveram pelo último nome da lista.
Andy Wallace havia co-produzido o disco Seasons In The Abyss, do Slayer, e o grupo se empolgou em ter alguém trabalhando com uma sonoridade tão pesada.
Ao final das contas, porém, Kurt disse que ficou insatisfeito com a mixagem limpa de Nevermind, já que o disco “se aproximava mais do Motley Crue do que de um disco de punk rock”.
Endless, Nameless
A faixa escondida aparece após o final da última canção do álbum, “Something In The Way”, mas nas primeiras prensagem, o responsável pela masterização do disco, Howie Weinberg, se esqueceu de colocá-la.
Segundo o próprio, foi um erro dele já que a gravadora e a banda haviam pedido, e cerca de “20 mil CDs, LPs e fitas saíram sem a música”.
Na versão atualizada ela aparece após um silêncio ao final da última faixa.
Fender, Fender, Fender
Para gravar o disco, Kurt Cobain usou uma Fender Mustang de 1960, uma Fender Jaguar com captadores DiMarzio e algumas Fender Stratocaster.
Música primeiro, letras depois
Dave Grohl disse que Kurt Cobain sempre lhe falava que a música vinha primeiro e a letra depois.
Kurt se preocupava mais com a melodia das canções, por isso muitas delas têm letras que não fazem sentido e foram encaixadas minutos antes da gravação definitiva, seguindo apenas a linha instrumental.
Butch Vig chegou a dizer que, em muitas vezes, “mesmo que você não fizesse ideia sobre o que Kurt estava cantando, ele o fazia da forma mais intensa possível.”
Capa do disco
A capa de Nevermind é uma das mais icônicas da história do rock and roll, com um bebê embaixo d’água indo em direção a uma nota de dólar.
A ideia surgiu quando Kurt Cobain e Dave Grohl estavam assistindo a um programa de televisão sobre partos na água.
A gravadora foi atrás de imagens do gênero, mas a empresa queria 7.500 dólares pelos direitos, então uma sessão de fotos em uma piscina foi montada e a imagem escolhida foi de Spencer Elden, filho de um amigo do fotógrafo.
Havia uma versão da foto onde o pênis do bebê não aparecia, já que a gravadora tinha medo que isso pudesse ofender as pessoas, mas obviamente o Nirvana quis usar a imagem mais polêmica.
Kurt chegou a dizer que só toparia uma versão alternativa se o CD viesse com um adesivo na capa escrito “se você se ofender com isso, é um pedófilo enrustido”.
A parte de trás do disco tem um macaco de borracha em frente a uma das colagens de Kurt Cobain, que também pintava e trabalhava com outros materiais.
Vendas
A gravadora do Nirvana esperava que Nevermind vendesse cerca de 250 mil cópias, e ficaria muito feliz com a marca que havia sido atingida com Goo, do Sonic Youth.
Para isso havia várias estratégias de marketing traçadas e tudo foi por água abaixo por um bom motivo.
O sucesso foi tão grande, que a gravadora admitiu que desistiu de todos os planos, mesmo aqueles que previam os maiores números, pois se tratava de um álbum onde bastava deixar acontecer.
Em Janeiro de 1992, Nevermind vendia 300 mil cópias por semana.
Guns N’ Roses
Após o sucesso do disco, Axl Rose teria convidado o Nirvana para abrir shows do Guns N’ Roses em uma turnê da banda.
Kurt Cobain se recusou dizendo que Axl e sua trupe eram “pessoas sem nenhum talento que escrevem música de bosta”.
Daí em diante uma treta histórica entre as bandas surgiu, mas ao que tudo indica, Dave Grohl já se esqueceu do passado e anda até indo a shows do AC/DC com Axl nos vocais e lhe emprestando seu trono utilizado para cantar quando esteve com a perna quebrada.
KISS
A parte de trás da capa, citada acima, traz uma colagem bem bizarra de Kurt Cobain.
Ela mostra cenas de Inferno de Dante, pilhas de pedaços de carne e o que seria uma homenagem a uma das bandas favoritas do cara quando ele era moleque, o KISS.
Na foto acima é possível ver onde estaria a imagem dos roqueiros.
Territorial Pissings
Antes de “Territorial Pissings”, um trecho de uma música é “cantado” de forma irônica.
Trata-se de “Get Together”, mega hit folk/hippie de Chet Powers, conhecido como Dino Valenti, gravado pela banda The Youngbloods.
Anos após o lançamento, Chet Powers chegou a ser incluso nos créditos de Nevermind por conta da citação.
Quem canta o trecho no álbum e em versões ao vivo é Krist Novoselic.
A banda foi expulsa da própria festa de lançamento
Para comemorar Nevermind, uma festa de lançamento foi feita em um bar chamado Rebar em Seattle, mas as coisas saíram do controle.
A banda provocou o caos no lugar, encheu uma melancia com molho de saladas e começou a arremessá-la para todo canto.
Como resultado, os próprios caras foram expulsos de lá.