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Esteban volta ao Rio de Janeiro e repete noite mágica

Esteban Tavares subiu ao palco do Democráticos Social Club no evento que comemorou os dois anos da produtora Cena Rock. Leia entrevista exclusiva.

Esteban no Rio de Janeiro

Fotos por Fabrício Mainenti

Pouco mais de três meses após sua última passagem pelo Rio de Janeiro, o cantor e compositor Esteban Tavares retornou à Cidade Maravilhosa para uma apresentação que fez jus à alcunha pela qual a capital fluminense é conhecida. Se em agosto o show rolou no Teatro Odisseia, na Lapa, desta vez o “baile” tomou forma no Democráticos Social Club, a poucos metros de distância.

O evento, que comemorava os dois anos da produtora Cena Rock, começou cedo, por volta de 18h30, quando a cantora Elektra subiu ao palco para seu set acústico (assim como os outros dois que viriam mais tarde). Na sequência, às 19h40, teve início o show de Tay Galega, apresentando ao público as canções românticas com pegada reggae de seu repertório, que também incluiu covers de Anavitória (“Agora Eu Quero Ir”) e Rubel (“Quando Bate Aquela Saudade”).

Quando o relógio marcava 20h47, Esteban surgiu na lateral do palco do Democráticos, deixando a plateia em polvorosa. Simpático, o músico posou para selfies com fãs que estavam próximos de onde ele esperava para começar a apresentação. “Janeiro”, do álbum Saca la Muerte de Tu Vida, de 2015, foi a música escolhida para abrir o show e o público cantou junto, em alto e bom som, cada verso da canção. Tavares em seguida emendou em “Canal 12”, do disco de estreia Adios, Esteban! (2012), que possui a mesma harmonia, para depois voltar aos últimos versos de “Janeiro”.

Ao final da execução das duas faixas, e diante da reação acalorada dos presentes, Esteban, que tinha ao seu lado o sanfoneiro Paulinho Goulart, cumprimentou a galera. “Muito boa noite, Rio de Janeiro! Sejam todos bem-vindos”, disse, citando ainda o curto intervalo entre os dois shows deste ano na cidade. Após “Chacarera da Saudade”, Esteban lembrou dos tempos remotos em que frequentava a Praia do Pepê, na Barra da Tijuca, e tocou “Sophia”, acompanhado em coro pelo público.

O set seguiu com “Pra Ser” e “Cigarros e Capitais”, que, depois de executada, fez o cantor até se levantar para reverenciar a empolgação da plateia. A presença no repertório de “Porto Alegre”, da época em que Esteban era integrante da Fresno, causou uma sensação de nostalgia nos fãs, parecendo deixar alguns bem emocionados. Mais para frente, vieram “Tango Novo” (com participação de Tay Galega), “Muda”, que boa parte do público pedia insistentemente, “Martes” e “Segunda-Feira”.

O ápice da noite foi marcado por “Milonga”, outra faixa da Fresno e que muitos fãs sempre esperam ouvir ao vivo. A plateia, claro, reagiu em forma de surto coletivo, berrando, principalmente, na hora do trecho cantado por Tavares quando se apresentava com a Fresno.

A parte final do show, encerrado com quase 1h20, teve “Carta aos Desinteressados”, “Pianinho” e “Sinto Muito Blues”, que, apesar do tom melancólico, propiciou o clima perfeito para fechar a noite. Antes de se despedir, Esteban falou: “Muito obrigado, Cidade Maravilhosa. Eu vou embora, mas eu volto já já. Amo vocês!”. Quem estava por lá certamente não duvida.

Set list:

1. “Janeiro”
2. “Canal 12”
3. “Chacarera da Saudade”
4. “Sophia”
5. “Pra Ser”
6. “Cigarros e Capitais”
7. “Porto Alegre”
8. “Tango Novo”
9. “Muda”
10. “Martes”
11. “Segunda-Feira”
12. “Milonga”
13. “Carta aos Desinteressados”
14. “Pianinho”
15. “Sinto Muito Blues”

Por intermédio da Cena Rock, o Tenho Mais Discos que Amigos entrevistou o artista depois do show e o resultado você confere a seguir.

 

TMDQA: Você se apresentou no Rio de Janeiro em agosto e retornou à cidade agora em novembro, o que poderia destacar de semelhanças e diferenças entre os shows realizados em um curto espaço de tempo?
Esteban: O de agosto teve todo um clima especial porque foi uma apresentação que começou praticamente na cabeça falida no meio de uma Olimpíada. Você pensa que vai chegar lá e não vai encontrar ninguém, mas a galera apareceu. E hoje, por ter mudado o local, eu fiquei com o mesmo pensamento de “nossa, o pessoal não vai”. Eu sou meio fatalista às vezes, espero o pior de tudo. Mas deu certo.

Eu estou muito feliz, hoje foi tão incrível quanto da vez anterior. Esse lance de voltar a tocar depois que eu tive o acidente com a perna também afeta, fiquei um tempo fora do palco por isso. Voltei para o Rio de Janeiro em tão pouco tempo e o show foi praticamente o mesmo, né? Mas a galera interpreta como se fosse a primeira vez.

O genial disso tudo, apesar de poder parecer prepotente, é que rola uma “Los Hermanização” da história, a galera leva as músicas de um jeito muito sério, carregam aquelas frases muito a fundo. Eles fazem valer a pena. Eu me arrepiei em vários momentos hoje. Eu fico muito feliz. Ver essa entrega dos fãs a cada faixa ao vivo é uma troca muito boa.

TMDQA: As canções que você escreve são baseadas em fragmentos da sua própria vida, você consegue ter a dimensão do quanto a tua música é importante para as novas gerações?
Esteban: Só o fato de ser músico no Brasil já é muito complicado. É bem difícil o cara conseguir sair da sua cidade e fazer um show. Quem dera um dia ele chegar em um local como o Rio de Janeiro e atingir tanta gente. Então é claro que eu me impressiono. Cada composição nova em que eu perceber a galera cantando vai me emocionar.

Acho que isso nunca vai mudar. Eu consigo escrever algo que é totalmente particular e diversas pessoas que são diferentes de mim e tiveram outros tipos de experiências conseguem pegar aquelas frases e encaixar na vida delas, por outros motivos. É muito legal. Isso não tem preço.

TMDQA: Até agora você tem dois álbuns lançados, sem contar os EP’s em inglês. O que de influência esteve no “Adios, Esteban!” e não se fez presente no “Saca la Muerte de Tu Vida”, ou vice-versa?
Esteban: Se você escutar o Adios, Esteban! vai perceber flerte com o rock inglês, como o Keane, mas ao mesmo tempo tem namoro com a música argentina. E eu acho que o Saca la Muerte de Tu Vida segue o mesmo caminho. Ele não mudou nesse aspecto.

Eu acredito que o primeiro é um disco com faixas muito mais felizes musicalmente falando, em acordes maiores, e letras muito tristes. Já o último passa pelo contrário, é um disco lento e em tom menor. Eu diria que o Saca La Muerte de Tu Vida conta a vitória de um jeito melancólico, mas que também é possível notar a alegria ali.

TMDQA: Quem acompanha as suas redes sociais sabe que você anda gravando algumas coisas em estúdio, estaria vindo por aí seu terceiro álbum?
Esteban: Eu estou preparando algo, já tenho um projeto todo rabiscado que eu não sei se vai sair em formato de disco ou como dois EP’s, por exemplo. Ainda não pensei porque na minha cabeça o Saca la Muerte de Tu Vida é muito recente e eu acho que ainda tem bastante para extrair dele. Então eu tenho gravado com calma, como brincadeira ou experimento.

No geral eu não tenho ideia do que eu vou fazer porque chegam diversas propostas. Se for algo relacionado a uma gravadora pode ser que o cara só te lance e depois prenda o seu material, o que inviabiliza até a distribuição digital. É preciso refletir direito. Mas isso não me impede de continuar fazendo música, independente da forma como isso vai se apresentar mais tarde.