Após muitos anos de espera, finalmente o Sum 41 irá se apresentar no Brasil. Os shows acontecem em São Paulo e Porto Alegre na próxima semana e darão fim à ansiedade dos fãs que já viram duas turnês da banda serem canceladas por aqui.
Ao longo de duas décadas de carreira e seis discos de estúdio, o Sum 41 já passou por diversas formações e problemas, incluindo a internação do vocalista Deryck Whibley devido ao abuso de álcool. Com a volta por cima e o lançamento do novo disco, 13 Voices, o grupo se mantém firme e se diz empolgado em tocar para o público brasileiro pela primeira vez.
Nós conversamos com o guitarrista Dave “Brownsound” Baksh, que está de volta ao Sum 41 depois de dez anos afastado. Ele falou a respeito dos shows no Brasil, do novo disco e a carreira da banda em geral.
TMDQA!: Primeiramente, o que você pode adiantar sobre os shows no Brasil? Algo de especial por ser a primeira vez da banda por aqui?
Dave: Uma vez eu fiz um show no Texas em que eu troquei a camiseta com um fã brasileiro que vestia uma camisa do Sepultura, inspirada no uniforme de futebol da seleção brasileira. Eu queria muito tocar no Brasil por causa da impressão que ele tinha me deixado a respeito do povo brasileiro. Agora, 15 anos depois, eu vou realizar um sonho que pensei que nunca aconteceria. Então sim, esse vai ser um momento muito memorável para nós como banda. E, graças ao meu pai que é da Guiana, eu torço pela seleção do Brasil assim como pela minha própria, no Canadá, o que torna isso ainda mais especial.
TMDQA!: O Sum 41 quase veio ao Brasil em duas ocasiões anteriores: em 2008 chegou a ser anunciado no ABC Pro HC, e em 2011 teve que cancelar poucos dias antes da turnê devido aos problemas de saúde do Deryck. Como é finalmente poder se apresentar para os fãs brasileiros?
Dave: Deryck voltou da própria morte e está mais saudável do que quando estávamos na escola juntos. Ele agarrou a sua segunda chance de vida e colocou todo o seu esforço no Sum 41. Isso é uma grande parcela no fato de podermos tocar no Brasil para os fãs que têm esperado pacientemente por nós.
TMDQA!: É o primeiro show, mas também é a turnê de um novo disco. O setlist será equilibrado entre hits antigos e novas músicas?
Dave: Vamos tocar novas músicas com certeza. Quantas músicas novas eu não sei, mas também incluiremos todas as músicas que foram sucesso e algumas que adoramos tocar.
TMDQA!: Vocês estiveram na América do Sul no ano passado, como foi a experiência?
Dave: A experiência foi inesquecível. Foram alguns dos nossos primeiros shows de retorno depois de anos de hiato e incertezas em saber se a banda iria sobreviver. Os shows marcaram também a minha volta ao Sum 41 após 10 anos de afastamento, então eles foram incríveis para mim, pessoalmente.
TMDQA!: O 13 Voices saiu cinco anos depois do último lançamento da banda. Profissionalmente e pessoalmente, o que esse disco representa?
Dave: Eu acho que a melhor maneira de descrever esse disco seria com a palavra “renascimento”. A banda passou por uma série de desafios e milagres, com o nascimento de Max e Brixton [filhos de Cone e Frank, respectivamente] e a reabilitação de Deryck. Há tanta coisa para escrever a respeito e tanto para lutar, e é disso que se trata esse disco. O fato de que não vamos morrer, vamos continuar a fazer música e retribuir o amor que nossos fãs nos dão.
TMDQA!: As questões de saúde do Deryck são temas desse trabalho. Durante esse processo, acharam que o Sum 41 poderia acabar de vez?
Dave: A primeira preocupação de todos ao saber da ida do Deryck ao hospital era saber se o nosso irmão ficaria bem ou não. Uma vez que ele estava de volta e em recuperação, nem sequer tivemos tempo para pensar que a banda iria acabar. Ele já havia começado a escrever o novo disco.
TMDQA!: Como as mudanças na formação da banda influenciaram no novo disco?
Dave: Cada novo membro em qualquer banda irá mudar o som. Uma coisa que esta banda nunca teve foi falta de uma boa formação. Stevo foi um grande baterista, assim como Frank é, por mais diferentes que sejam seus estilos de tocar. Tocar com Tom e Deryck novamente me elevou para outro nível, pois a banda está ainda mais firme do que quando eu estive nela na última vez.
TMDQA!: O que o 13 Voices resgata e o que traz de novo daquilo que conhecemos do Sum 41?
Dave: Você sempre saberá quando um álbum do Sum 41 estiver tocando devido a um som e estilo que temos. Eu acho que é o fator comum neste registro, mas como acontece com todos os discos, estamos mais velhos agora e há uma maturidade maior. Isso evolui a cada lançamento.
TMDQA!: Após os problemas que tiveram com a antiga gravadora e o crowdfunding para o novo disco, o que os motivou a assinar com a Hopeless Records?
Dave: Com a Hopeless parece que estamos em família. Nos dias de hoje, no mundo dos negócios da música, isso é extremamente difícil de encontrar. Eles fizeram um ótimo trabalho e estamos empolgados em fazer ainda mais junto a eles.
TMDQA!: O Deryck chegou a dizer que na época do Screaming Bloody Murder a banda foi prejudicada pelo rock estar em baixa e o pop em alta. Acha que agora o momento do rock está mais favorável?
Dave: Hoje em dia eu sou muito menos teimoso em relação à música. Acredito que o equilíbrio é o mais favorável. Queremos que as pessoas voltem para casa e sintam a positividade e a união que nós, como uma banda, representamos. Então, eu amo as músicas pop e amo as músicas de rock da mesma forma.
TMDQA!: Como você resume esses 20 anos de carreira? Se pudesse, o que faria diferente?
Dave: Eu nunca olho para o passado sem aprender com isso. O que está feito, está feito. Nós tivemos grandes vitórias e tivemos erros enormes, sem aprender com ambos nós não estaríamos aqui hoje, prestes a tocar no Brasil. Qualquer coisa feita de forma diferente no passado poderia não nos levar para onde estamos hoje. Eu amo o hoje e tento fazer o melhor todos os dias através de gratidão e amor, por mim e pelos outros. É a melhor maneira de manter um equilíbrio em nossas vidas.
TMDQA!: Obrigada! Deixe uma mensagem final para os fãs brasileiros.
Dave: Primeiro, gostaríamos de enviar nossas condolências a todos os afetados pelo avião LaMia vôo 2933, que caiu em seu caminho para a Colômbia. Nós oferecemos nosso amor e consideração a todos que perderam a família, os amigos, os colegas de equipe e os jogadores amados do Verdão/Chapecoense.
Em segundo lugar, isso tem sido uma longa espera. E falo sobre os primeiros shows que faremos para vocês, no dia 7 de dezembro no Bar Opinião e 8 de dezembro no Tropical Butantã. Queremos que vocês venham e façam parte de algo muito especial para todos nós. Nossos primeiros shows no Brasil são importantes, todos nós estamos querendo ir e tocar para vocês há muito tempo. Obrigado pela paciência e compreensão em esperar para que isso acontecesse. Certifiquem-se de deixar suas frustrações e problemas em casa para que possamos ter uma grande noite de música, diversão e possamos aumentar a família Skumfuk [fandom da banda]. Skumfuks mais velhos devem dar boas-vindas aos Skumfuks novos. Ah, e também: “ÔÔÔ! O CAMPEÃO VOLTOU!”