Foto por Denis Carrion
O dia 2 de dezembro de 2016 foi um dia histórico para os fãs brasileiros de Descendents: após quase 40 anos de carreira, a banda finalmente fez o seu primeiro show no Brasil.
As décadas de espera se transformaram em meses de ansiedade quando as apresentações foram confirmadas. Dezembro parecia distante, mas chegou, e fez do Tropical Butantã o palco de uma grande celebração, que reuniu diversas gerações e um repertório abrangente.
O aquecimento da festa ficou por conta das bandas Direction e Berri Txarrak. A primeira é formada por músicos do hardcore nacional conhecidos por grupos como Dance Of Days e Good Intentions. A segunda vem do País Basco e já havia feito shows no Brasil há alguns anos.
A apresentação do Direction foi curta, mas bem recebida pelos presentes que aos poucos iam chegando. Músicos veteranos, banda nova, mensagens políticas, hardcore rápido e direto. Com certeza conquistou a galera que ainda não conhecia.
Já o Berri Txarrak tem mais de 20 anos de história e, apesar de já ter tocado por aqui, muita gente também não conhecia. Nome de difícil pronúncia, assim como as músicas, mas isso não comprometeu a troca de energia entre palco e pista. O idioma diferente foi só um detalhe e todos curtiram bastante o show.
A noite seguiu e os meses de ansiedade deram lugar aos minutos de impaciência. Com a casa cheia, mas não lotada, os fãs aguardavam inquietos o momento do Descendents entrar em cena. E não demorou muito, apesar de parecer uma eternidade para alguns.
Pela primeira vez também na América Latina, o grupo vem para divulgar o ótimo disco Hypercaffium Spazzinate, lançado há alguns meses e o primeiro trabalho de inéditas em mais de dez anos.
Milo Aukerman (vocal), Stephen Egerton (guitarra), Karl Alvarez (baixo) e Bill Stevenson (bateria) subiram ao palco e, instantaneamente, a comoção tomou conta do Tropical Butantã. Antes de qualquer coisa, o vocalista cumprimentou a galera e se desculpou pelo atraso do seu voo no dia anterior – em função disso, não esteve presente na tarde de autógrafos com o restante da banda. Em seguida, anunciou “Everything Sux” e deu início ao caos na pista.
Na sequência, veio “Hope” e a primeira tentativa de um fã ir ao palco. Impossível. A distância era grande e a segurança super reforçada. Ficou claro que ninguém conseguiria o stage dive, mas as tentativas seguiram ao longo da noite. E, se o palco era inacessível, a pista era terra sem lei. Mosh generalizado e os presentes a uma só voz.
“Rotting Out” e “Pervert” antecederam “Shameless Halo”, primeira das faixas novas a aparecer no setlist, que seguiu intercalando clássicos com músicas recentes. “Silly Girl”, “Victim Of Me”, “Nothing With You”. As músicas vinham uma atrás da outra sem descanso ou muito tempo para respirar. Milo trocava rápidas palavras com a galera, mas o show seguia sem enrolações.
Depois de dizer que não sabia “nada” em português, o vocalista falou sobre as pessoas que vieram de longe para vê-los. Com os dois únicos shows da banda no Brasil concentrados em São Paulo, a apresentação contou com muita gente de outros estados.
Após “Clean Sheets”, “Suburban Home” e “Coffee Mug”, muitos já tinham sido retirados pelos seguranças por pular a grade ou passar mal mesmo. Todos incrivelmente suados, como se tivessem caído de roupa na piscina. Tava quente, muito quente, mas a pancadaria no meio da pista não perdia força.
“My Age”, “Get The Time”, “I Don’t Wanna Grow Up” e “Bikeage” foram mais algumas que também estiveram presente no extenso setlist de mais de 30 músicas. Enquanto muitos se atropelavam mais perto ao palco, mais ao fundo outros admiravam cada minuto do show atentamente. Da molecada nova aos mais tiozões, era nítida a emoção em cada rosto.
Depois de “Thank You” e “Descendents”, a banda se retirou, voltando logo em seguida para o bis, ao som de “Feel This”, “Sour Grapes”, “Smile” e “Spineless And Scarlet Red”. A empolgação dos integrantes e dos fãs parecia inesgotável. E não tinha como ser diferente, era preciso aproveitar ao máximo. E, quando o grupo deixou o palco mais uma vez, ainda não foi o fim.
Aconteceu um segundo bis, dessa vez com “Catalina” e “Testosterone”. Últimos minutos de um show memorável. Últimos minutos de Descendents naquela noite – alguns ainda teriam o dia seguinte para uma segunda dose.
Certamente essa apresentação foi a realização de muitos sonhos – e que pareciam que nunca iriam se concretizar. A espera de uma vida inteira valeu a pena! Show incrível que cumpriu todas as expectativas e provou que o Descendents, apesar da idade, segue com a mesma essência e energia.
Setlist – Descendents em São Paulo (02/12) (Fonte: Setlist.fm)
- Everything Sux
- Hope
- Rotting Out
- Pervert
- Shameless Halo
- I Wanna Be a Bear
- Silly Girl
- My Dad Sucks
- Victim of Me
- Nothing With You
- Clean Sheets
- Suburban Home
- Coffee Mug
- Weinerschnitzel
- Myage
- Get the Time
- On Paper
- Van
- Without Love
- Talking
- I Like Food
- I Don’t Want to Grow Up
- I’m the One
- Bikeage
- When I Get Old
- Coolidge
- Thank You
- Descendents
Bis: - Feel This
- Sour Grapes
- Smile
- Full Circle
- Human Being
- Spineless and Scarlet Red
Bis 2: - Catalina
- No Fat Burger
- Kabuki Girl
- Testosterone
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