Música

Red Hot Chili Peppers: um ranking do pior ao melhor álbum

Com uma discografia quase impecável, Red Hot Chili Peppers chegou ao décimo primeiro álbum em 2016 e os listamos por aqui. Veja o ranking!

Discografia do Red Hot Chili Peppers

32 anos depois do lançamento do seu primeiro disco, o Red Hot Chili Peppers já passou por muitas mudanças: de som, de integrantes, de status, de aparência, mas o grupo sempre manteve a personalidade e a pluralidade de influências que fizeram dele um dos pioneiros do chamado ”rock alternativo”.

Aproveitando o lançamento de The Getaway, 11º disco de estúdio da banda, lançado em 2016, preparamos um ranking que vai do pior ao melhor disco do grupo, na opinião da nossa equipe, passando por todos os altos e baixos que fizeram do Red Hot Chili Peppers uma das maiores bandas de rock em atividade.

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Ao navegar pela discografia dos caras você vai perceber que ela é praticamente impecável, e não foi fácil organizar uma ordem com discos elogiados que aparecem da metade para o final da lista.

Divirta-se!

 

The Red Hot Chili Peppers (1984)

A estreia do Red Hot Chili Peppers não foi muito bem como a banda imaginava. Sem o guitarrista Hillel Slovak e o baterista Jack Irons, que preferiram continuar com sua banda original, Flea e Anthony Kiedis recrutaram Jack Sherman (guitarra) e Cliff Martinez (bateria) para a gravação do disco.

Produzido por Andy Gill, guitarrista do Gang of Four, o álbum não traduziu muito bem a energia e a personalidade que a banda tinha ao vivo. Na tentativa de deixar o repertório mais ”radio friendly”, Gill optou por uma sonoridade mais limpa e polida, o que acabou desagradando a banda. Ainda assim, o disco traz as primeiras faixas escritas por Kiedis, como ”Out In LA” e ”Police Helicopter”, que com o passar dos anos ganharam um status cult na discografia da banda.

 

I’m With You (2011)

O décimo disco dos Chili Peppers marcou mais um recomeço na história do grupo. Em 2008 John Frusciante abandonou o barco pela segunda vez, colocando um grande ponto de interrogação no futuro da banda sem sua maior fonte criativa.

Josh Klinghoffer assumiu o posto e coube a Flea assumir o controle musical (já reparou quantas músicas do disco começam no baixo?). De certa forma, I’m With You reflete a personalidade do novo guitarrista: tímido. Pouco inspirado, o trabalho mostra a banda um tanto acomodada, sem a atitude e a originalidade característica do Red Hot Chili Peppers.

Freaky Styley (1985)

Decidida a não repetir os erros da estreia, a banda recrutou George Clinton para produzir o segundo disco. Além da experiência do ”Dr. Funkeinstein” em pessoa, o grupo ganhou o reforço de Slovak, que assumiu de vez as guitarras da banda.

Gravado no estúdio de Clinton, em Detroit, Freaky Styley mostra a banda um pouco mais madura e com uma sonoridade melhor definida, muito por conta da presença de Slovak, cuja guitarra somada à técnica frenética de Flea, era a base na qual o som da banda fora criado. “Yertle the Turtle”, “Blackeyed Blonde” e “Hollywood (Africa)” são os pontos altos que ainda hoje aparecem em jams durante os shows do grupo.

The Getaway (2016)

Depois de um novo recomeço com I’m With You, onde a banda ainda procurava uma nova forma de fazer música, The Getaway mostra um Red Hot Chili Peppers consistente, seguro. Com Josh Klinghoffer mais confortável e presente nas composições, o disco soa diferente do Red Hot clássico, mas mantém a personalidade forte característica do quarteto.

Músicas como ”The Hunter”, ”Encore” e a faixa-título apresentam um novo caminho sonoro que a banda de explorar daqui pra frente, mas o funk rock que fez falta há 5 anos atrás deu as caras novamente em ”Detroit”, ”Go Robot” e ”We Turn Red”.

 

Stadium Arcadium (2006)

Stadium Arcadium é o registro do que foi provavelmente a época mais estável e prolífica na história da banda; mas isso nem sempre favorece o resultado de um trabalho. Durante a pré-produção do disco, a banda criou um volume enorme de músicas, daí a ideia de lançar um disco duplo.

Para quem é muito fã do grupo, ok, quanto mais melhor. No entanto, é exatamente aí que o álbum se perde. É difícil para qualquer banda manter um alto nível de ideias e uma certa coerência dentro de quase 30 músicas.

O disco tem boas músicas, que devem ficar no setlist da banda por um bom tempo, mas fosse Stadium Arcadium um álbum simples, com um estilo melhor definido, talvez estivesse em uma posição mais alta nesse ranking.



 

By The Way (2002)

Na época da gravação de By The Way, John Frusciante era a maior força criativa da banda, o que, além de direcionar o som do grupo para um caminho diferente, acabou alienando a presença de Flea no estúdio. By The Way deixa um pouco de lado o funk rock que a banda criou e dá lugar a melodias e harmonias vocais influenciadas por bandas como Beatles e Beach Boys.

Essa roupagem cheia de texturas e ambientações dividiu opiniões. Enquanto músicas como ”Dosed” e ”Universally Speaking” conquistaram e aumentaram a base de fãs do grupo, há quem prefira o ”Red Hot das antigas”, mais direto e enérgico.

Mother’s Milk (1989)

Com Hillel Slovak morto por uma overdose de heroína e Jack Irons fora da banda, a expectativa em torno de um novo disco dos Chili Peppers era quase nula, mas o resultado surpreendeu. A chegada de John Frusciante, então com 18 anos, e do baterista Chad Smith trouxe vida nova para o som do grupo, que expandiu seus horizontes e produziu o álbum que colocou a banda no mapa.

Com Frusciante o grupo manteve suas principais características, mas ganhou em profundidade. A influência e força criativa do jovem guitarrista trouxeram novas possibilidades sonoras, com mais melodia, harmonias mais bem elaboradas e uma estrutura musical mais complexa. O single ”Knock Me Down” e o cover de ”Higher Ground” são bons exemplos dessa evolução. Mother’s Milk pode não ser o melhor disco da banda, mas foi o trabalho que catapultou os Peppers a uma posição de destaque no mundo.

The Uplift Mofo Party Plan (1987)

O terceiro disco da banda é talvez aquele que melhor represente a ideia que os integrantes da banda tinham em mente quando montaram o Red Hot Chili Peppers. TUMPP é o único disco que conta com a formação original do grupo, com Hillel Slovak na guitarra e Jack Irons na bateria.

Apesar das dificuldades no processo de gravação, devido ao abuso de drogas de Kiedis e Slovak, a banda finalmente conseguiu capturar o feeling do funk rock que eles mesmo criaram anos antes. O resultado foi um instrumental poderoso que mistura a raiva e urgência do punk rock com a ”malandragem” característica do funk tradicional, enquanto os vocais de Anthony Kiedis encontravam seu espaço com um pouco menos de rap e mais melodia. O destaque do disco fica por conta de uma música inicialmente estranha vindo de uma banda com os Chili Peppers, mas que de certa forma ditaria o rumo que o grupo tomaria posteriormente: ”Behind The Sun”.

https://www.youtube.com/watch?v=zffHLA_KM5M

 

One Hot Minute (1995)

Sem dúvida é o disco que mais divide opiniões na história do grupo. Sem Frusciante e com Dave Navarro na guitarra, One Hot Minute já nasceu com uma tarefa ingrata: suceder Blood Sugar Sex Magik.

O processo de criação do disco foi longo e doloroso, dada a dificuldade de adaptação do novo guitarrista à forma com que o Chili Peppers costuma compor, fazendo jams e improvisando no estúdio. A presença de Navarro somada aos problemas pessoais de Anthony Kiedis, que na época escondia sua recaída nas drogas dos colegas, resultou em uma mudança significativa no som da banda. A energia do funk rock e as letras de duplo sentido deram lugar a um clima mais sombrio e melancólico, o que torceu o nariz de muitos fãs.

One Hot Minute é um disco diferente, não é um típico disco do Red Hot Chili Peppers, mas o trabalho por si só é muito bom, sólido. A banda não teve medo, arriscou e exorcizou os demônios da época em 13 grandes canções que não recebem o devido valor na discografia da banda.

Californication (1999)

Se tem uma coisa que sempre fez parte da história do Red Hot Chili Peppers foi a capacidade da banda em recomeçar. Em 1998, depois de 6 anos isolado do mundo e milagrosamente livre das drogas, John Frusciante voltou ao grupo e proporcionou um ressurgimento em um nível que nem a banda esperava naquele momento.

A formação clássica dos Chili Peppers passou cerca de um ano ensaiando e compondo na garagem de Flea, reconstruindo o entrosamento e trabalhando em ideias que mantinham o DNA da banda com um forte apelo pop. Boa parte dessas ”demos de garagem” foram usadas na versão final de Californication. O resultado foi um disco bem simples, quase todo gravado em mono, mas com algumas das melhores músicas que a banda já produziu em toda carreira.

Com 5 singles de sucesso, Californication é o disco mais vendido da banda até hoje, recolocando o grupo no topo e apresentando o Red Hot Chili Peppers para uma nova geração de fãs.

 

Blood Sugar Sex Magik (1991)

Com menos de uma década de carreira, o Red Hot Chili Peppers já tinha passado por mais coisas do que muita banda veterana. Em 1991, no entanto, as coisas pareciam um pouco mais estáveis, visto que até ali a banda nunca havia repetido uma formação por dois álbuns seguidos. Depois do relativo sucesso de Mother’s Milk (1989), Anthony Kiedis, Flea, Chad Smith e John Frusciante estavam em sua melhor forma. Os quatro se mudaram para uma mansão em Hollywood junto com o produtor Rick Rubin e meses depois saíram de lá com uma obra-prima.

Rick Rubin é famoso por ter uma abordagem pouco invasiva no estúdio, isso permitiu que as ideias fluíssem naturalmente e o entrosamento perfeito da banda ditasse a dinâmica do disco. Todas as influências que faziam do Red Hot Chili Peppers uma banda ”alternativa” foram exploradas na medida perfeita, de Jimi Hendrix ao Parliament/Funkadelic. O foco não era mais o baixo frenético de Flea, nem as proezas sexuais em forma de rap do vocalista – a abordagem musical de Anthony Kiedis foi umas das coisas que mais evoluíram no disco – que passou a escrever sobre experiências pessoais um pouco mais profundas. Somando isso à criatividade tão particular de John Frusciante, fica difícil achar um defeito no disco (a técnica de Flea e o groove de Smith também são pontos fortes).

Essa mistura de sangue, açúcar, sexo e mágica que os caras inventaram é provavelmente o disco de rock mais funky e o disco de funk mais rock gravado até hoje.

 

Do pior ao melhor álbum

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