Há 45 anos lançado, o primeiro disco de Lô Borges ficou mundialmente conhecido como “Disco do Tênis”, já que a capa do trabalho tinha nada além de um par de tênis brancos surrados em meio a um bocado de grama.
O não tão surrado tênis branco, marca registrada de Lô, entrou mais uma vez no palco do SESC Vila Mariana, para apresentar as músicas do disquinho que marcava o início de uma longa e bonita carreira que o artista construiria ao longo dos anos. “Bem vindos ao tênis”, disse o músico que iniciou a segunda de três apresentações marcadas para aquele palco no último fim de semana com “Você fica melhor assim”, faixa que também abre o trabalho razão da apresentação.
A primeira parte do show mostrou Lô e uma banda montada pelo extremamente competente Pablo Castro misturando a ordem e executando as canções do álbum de 1972 em que Borges começou sua carreira. “O Caçador”, “Fio da Navalha” e “Pensa Você” apareceram no setlist entre momentos em que o simpático Lô parava para contar alguma história.
Foi assim que descobrimos que os amigos do Clube da Esquina eram todos barões no linguajar mineiro da época (“Ô Barão, bora ali tomar uma cerveja?” / “Barão, me empresta o violão?” / “Tô entrando, barão!”) e que foi essa simplicidade que trouxe “Aos Barões” à vida, assim como a histórica vez em que Márcio Borges não chegou ao estúdio de noite para a gravação do disco e Lô juntou a música que ele tinha feito com uma letra inventada na hora para homenagear o irmão com “Eu sou como você é”. A cada nova música a gente ouvia a emoção do público, que cantava junto, como um grande coral, dos mais diversos.
Mas um show de Lô Borges não seria completo se não houvesse aquela inserção precisa das músicas que ele ajudou a compor para o Clube da Esquina. Finalizando o disquinho na metade da apresentação, o próprio Lô reconheceu a necessidade dessas canções. Dali pra frente, “Clube da Esquina Nº 2”, “Paisagem na Janela” e “Nuvem Cigana”, entre tantas outras, dominaram o público, que emocionado, deixava lágrimas caírem enquanto cantava junto.
Ao contrário do que se possa pensar, o show de Lô Borges é universal: não é só gente que curte MPB que vai não. Senhoras e senhores de idade, casais levando filhos e netos, grupos de jovens que estão descobrindo as canções do músico e até headbangers se viam entre a plateia, uma das mais singulares de que se tem notícia.
Já no fim da apresentação e depois de ter tocado “Tudo o Que Você Podia Ser”, “Trem Azul” e “Trem de Doido” chegou a vez de “Para Lennon & McCartney” e “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo” anunciarem o final do evento. Ovacionado de pé por 100% dos presentes, Lô saiu rapidamente do palco, mas voltou para receber o público que se aproximou do palco, deixando suas cadeiras de lado, para ouvir de mais pertinho o bis de “O Caçador”.