Resenha: Ryan Adams evolui e se abre em "Prisoner"

"Prisoner" é a volta de Ryan Adams e mostra a evolução musical do guitarrista, mas sem perder o sentimentalismo já conhecido do músico.

O guitarrista Ryan Adams é conhecido por duas grandes características: a vontade de nunca se repetir e suas canções sobre relações que terminaram. A boa notícia é que temos essas duas coisas – parcialmente – no seu 16º disco, Prisoner.

Neste álbum, é a terceira vez em sua carreira que ele esmiúça o fim de relacionamentos que não foram para frente. Assim, grande parte das inspirações para as músicas vêm do término de seu casamento com a atriz Mandy Moore.

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Apesar desta repetição de tema, o disco mostra a evolução de Adams. Em entrevista, o guitarrista já havia afirmado que sua referência musical seria o rock dos anos 80. Diferente da sua versão de 1989, de Taylor Swift, a sonoridade dele é inspirada no soft rock e AOR. Com o uso de melodias e acordes mais complexos, Adams evolui seu som junto com seu público.

A primeira faixa “Do You Still Love Me?” define o tom do tema e sonoridade do que está por vir. E aí começa o grande problema do disco: os clichês das letras. Por exemplo, na faixa título “Prisoner” temos a conhecidíssima comparação de o amor ser errado, então sou um criminoso (“I know our love is wrong/ I am a criminal”).

Apesar de ter clichês poéticos em algumas faixas, o cantor se destaca na hora da produção, composição e instrumentação. Pode-se perceber isso nas faixas “Outbound Train” e “Haunted House”, que são inspiradas no estilo de Bruce Springsteen e poderiam facilmente fazer parte do repertório do Boss no fim dos anos 1980. Além da faixa, Ryan Adams também mostra seu potencial em “Tightrope“, uma faixa que começa com guitarra acústica e bom lirismo. Depois, a música cresce com introdução de um piano e culmina com um totalmente inesperado solo de saxofone tenor.

Com alguns erros e acertos, Prisoner é um disco interessante graças a sua sonoridade e, dependendo da faixa, poesia. Ryan Adams mostra que mesmo preso em alguns clichês, ele ainda consegue se reinventar, principalmente na questão musical. Além disso, escancara a possibilidade, força e crueza que o fim de um grande amor pode trazer para música. Mais do que isso, mostra em alguns momentos que toda essa dor é passageira e, de certa forma, libertadora.

Ouça o disco na íntegra logo abaixo.

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