Resenha: os fantásticos mundos de Thundercat em "Drunk"

Thundercat quebra todas as barreiras possíveis em "Drunk" e mostra todo seu talento como um dos músicos mais talentosos de nossa geração. Saca só!

Thundercat em Drunk

É inegável que o jazz tenha dado uma revigorada nesses últimos tempos. Seja pelo excelente To Pimp A Butterfly, de Kendrick Lamar, The Epic, de Kamasi Washington ou pelo trabalho de Flying Lotus, essa renovação tem um ponto em comum: o baixista Thundercat.

Drunk é um grande passeio dentre estilos e temas, fácil de se perder na primeira ouvida no disco. Mas não se desespere. Quando começamos a entender a mente distorcida – e genial – de Thundercat ao revisitar o álbum, a viagem é sem igual. Ao longo de suas 23 faixas, navegamos com fluidez entre soul, AOR, jazz fusion, synth funk, new wave, jazz e hip hop.

Além da variedade de sons, Thundercat também traz uma vasta gama de temas. As músicas possuem uma leve comicidade adolescente, com sons de pum e coisas do tipo, mas também momentos sérios ao tratar sobre morte e criticar comportamentos modernos como misoginia e racismo. Desta forma, entendemos e entramos um pouco mais da mente do baixista.

Dentro do álbum, entramos várias vezes no que Thundercat chama de buraco de coelho (rabbit hole, inspirado no livro Alice no País das Maravilhas), o que nos leva sempre para novos lugares. A primeira música “Rabbot Ho” é justamente essa introdução, uma preparação para mundos inexplorados que vamos conhecer. Caminhamos por “Captain Stupido” e suas piadas de colegial, passando pelo jazz fusion swingado de “Uh Uh” e a crítica ao nosso vício de estar conectados em “Bus In These Streets“.

Além disso, o disco possui inúmeras parcerias que o tornam ainda melhor. Temos os pais do estilo AOR, Michael McDonald e Kenny Logins na incrível “Show You The Way” e Kendrick Lamar na canção “Walk On By”, onde os dois desenrolam a tristeza do fim de um relacionamento. Temos também parcerias com Kamasi Washington, Wiz Khalifa e Pharrell Williams, em músicas de estilos completamente diferentes, porém primorosas.

Outra característica de Drunk é a meticulosa instrumentação. As linhas de baixo de Thundercat estão cada vez mais inventivas e muito bem harmonizadas com sua voz em suaves falsetes. Além disso, temos a já citada – e impressionante – variedade de estilos musicais, todos magistralmente bem-feitos. É importante destacar também alguns efeitos que são introduzidos, como os sons de videogame em “Tokyo” para homenagear a cidade.

Desta forma, temos um álbum que soa totalmente familiar, mas ao mesmo tempo inovador. É preciso muita genialidade para se juntar tantas referências sonoras e de ideias para se criar um produto final coeso e interessante. É um disco para se ouvir repetidas vezes e tentar entrar cada vez mais nos buracos de coelho para conhecer novos mundos. Abra as suas portas da percepção e deixe Thundercat te guiar em cada viagem sonora.

Escute esta obra-prima abaixo.