Música

Dia da mulher: uma linha do tempo do empoderamento feminino na música

Confira 12 músicas que comprovam que os ares estão mudando e que a mulher está, aos poucos, conquistando cada vez mais espaço na sociedade - merecidamente.

Beyoncé - We Can Do It

Hoje é o Dia Internacional da Mulher, e dar parabéns é pouco para falar sobre o que elas representam!

Os parabéns não vão apenas pelo dia delas, mas pela luta diária que enfrentam, na maioria das vezes, apenas para ter direitos iguais. A luta pela igualdade e pelo respeito. Participação política e melhorias salariais são temas que são pauta de discussões atuais, e o mundo precisa se atentar a isso. O fato é que há muito ainda a se conquistar, mas o que elas provaram até agora é que, sim, elas conseguem.

Baseado nisso, fizemos uma lista que simula uma interessante linha do tempo. Nela, vemos a evolução do empoderamento feminino, no Brasil e no mundo, através de 12 músicas. A música como uma forma de expressão para avisar que a sociedade misógina não está correta, e como esse modo de crítica foi se tornando cada vez mais frequente – e mais aceito popularmente.

“Respect” (Aretha Franklin) – 1967

“All I’m askin’ is for a little respect when you come home”

Começamos nossa lista em 1967, época em que esse sucesso de Aretha Franklin ocupou o primeiro lugar da Billboard Hot 100. “Respect” é um pedido pelo reconhecimento dos direitos femininos. Isso em uma época em que predominava a ideia ultrapassada de “lugar de mulher é na cozinha”. A personagem da música espera o marido chegar em casa, e tudo o que deseja é respeito.

Ah, e a música tem um ótimo solo de sopros.

 

“Girls Just Wanna Have Fun” (Cyndi Lauper) – 1983

“That’s all they really want: some fun”

Em 1983, explodiu “Girls Just Wanna Have Fun”. Um hino que não impulsionou apenas a carreira de Cyndi Lauper, mas que também dizia o que as meninas pensavam. A canção critica a superproteção dada a meninas. Desde os pais que se preocupam com a “bebezinha” deles chegando em casa tarde até o namorado que esconde sua namorada do resto do mundo.

 

“U.N.I.T.Y.” (Queen Latifah) – 1993

“I bring wrath to those who disrespect me like a dame”

O rap e o hip hop, que cresciam desde os anos 70, eram inicialmente reconhecidos por contar a realidade das comunidades de Nova Iorque. O poder de expressão desse gênero, no entanto, foi capaz de se expandir para ainda mais causas. Uma delas é a feminista.

Queen Latifah transmitiu o pensamento de Aretha Franklin de forma mais direta e agressiva em “U.N.I.T.Y.”. A linguagem misógina, o abuso e a violência contra a mulher foram duramente criticados nos versos dessa música.

 

“Pagu” (Rita Lee e Zélia Duncan) – 2000

“Sou mais macho que muito homem”

Crítica ao padrão de beleza feminino imposto pela sociedade. Esse é o tema principal de “Pagu”, música composta por um dos maiores nomes do rock brasileiro, Rita Lee.

Para quem não conhece direito a história, Pagu era o apelido de Patrícia Rehder Galvão, uma jornalista paulista. Patrícia ficou famosa por escrever textos sobre o que desejava para o futuro das mulheres. Ela foi presa em 1931, enquadrada como uma militante comunista, pois defendia valores marxistas.

Pagu morreu de câncer, em 1962. Mas seu nome hoje ainda representa a luta que muitas jornalistas e enfrentam para conseguirem seus direitos. Ganhou a alcunha de “Musa da Liberdade”.

 

“Independent Women” (Destiny’s Child) – 2001

“The house I live in, I’ve bought it. The car I’m driving, I bought it. I depend on me.”

Agora já no novo milênio, Beyoncé, Kelly Rowland e Michelle Williams deram voz a uma mensagem de independência talvez mais forte do que as vistas até agora.

A faixa “Independent Women” apareceu pela primeira vez como parte da trilha sonora do filme As Panteras. Logo depois, entrou no terceiro álbum de estúdio do grupo, Survivor.

Com um tom mais impositivo do que Cyndi Lauper ou Aretha Franklin, a música prova que as mulheres não precisam dos homens para bancar suas vidas. O homem não deve controlar a mulher. Um relacionamento saudável deve ser 50/50, de igual pra igual.

 

“Like a Boy” (Ciara) – 2007

“Sometimes I wish I could act like a boy”

Na mesma vibe do pop das Destiny’s Child, o recado dado por Ciara é claro: a maneira como os homens tratam as mulheres não é justa. A troca de posições sugerida na letra é uma tentativa de quebrar a mentalidade machista que permeia nossa sociedade.

O mesmo tipo de mensagem ganha outra roupagem no ano seguinte ao lançamento de “Like a Boy”. A cantora BC Jean escreveu “If I Were a Boy”, música que meses mais tarde ficaria famosa na voz de Beyoncé.

 

“Run the World (Girls)” (Beyoncé) – 2011

“I’m reppin’ for the girls who taken’ over the world”

Seria quase impossível não listar Beyoncé nessa lista. E pior: mais impossível ainda é escolher apenas uma música para entrar. A Queen B é talvez o nome mais forte do mundo da música quando se trata de questões da mulher.

Deixando o derradeiro álbum Lemonade um pouco para trás, vamos ficar aqui com sua música mais direta, “Run the World (Girls)”. Para Beyoncé, quem manda no mundo são elas. A ideia agora vai além de alertar abusos ou de uma hipotética troca de posição. Não se trata mais de apenas falar o que elas pensam para o mundo; agora é hora de assumir a posição que querem (e que merecem).

 

(repare em como a frequência de músicas emblemáticas para o empoderamento feminino está ficando cada vez mais alta)

 

“We Can’t Stop” (Miley Cyrus) – 2013

“We run things. Things don’t run we.”

Miley Cyrus foi alvo de muitos comentários e de várias críticas no início da década, quando a “mocinha da Disney” se transformou em uma figura polêmica. Lambendo martelos e estrelando cenas nua em seus clipes, a cantora passou a ser a personificação da ideia de que a mulher não precisa seguir os padrões sociais que a são impostos.

A canção “We Can’t Stop”, composta por Rihanna, simboliza essa independência. Mesmo não mencionando diretamente a causa das mulheres, a letra pode ser muito bem interpretada a favor. O corpo é delas, as regras são delas. Elas podem fazer o que quiserem.

 

“All About That Bass” (Meghan Trainor) – 2014

“I see the magazines working that Photoshop. We know that shit ain’t real.”

E não é apenas a fazer tudo que elas quiserem que elas têm direito. “All About That Bass” foca completamente na relação que a mulher tem com seu próprio corpo.

Não é para agradar alguém. É para você ser feliz. Segundo o que é dito na voz de Meghan Trainor, uma pessoa não precisa ter uma cintura fina para rebolar até o chão.

 

“Tombei” (Karol Conka part. Tropkillaz) – 2014

“Enquanto mamacita fala, vagabundo senta”

O pop brasileiro também abraçou a ideia, e deu repercussão. As maiores cantoras pop da nova década defendem o princípio do “meu corpo, minhas regras” e suas músicas comprovam isso.

De tanta opção para representar essa vertente, fiquemos com a curitibana Karol Conka e seu hit “Tombei”. Ela diz que a sociedade vai ter que se acostumar com a ideia de que as mulheres não vão desistir de ter o que querem, ou a mesma sociedade corre o perigo de “cair”.

 

“Maria da Vila Matilde (Porque se a da Penha é Brava, Imagine a da Vila Matilde)” – Elza Soares – 2015

“Você vai se arrepender de levantar a mão pra mim”

Sem sombra de dúvidas, Elza Soares conquistou até o público mais underground com seu último álbum, A Mulher do Fim do Mundo. O álbum transmite algumas das dores vividas pela cantora ao longo de sua vida, e ao mesmo tempo dialoga com a importância social da pauta do empoderamento feminino.

Apesar de ter lançado recentemente um belo clipe para a música que dá nome ao álbum, a música “Maria da Vila Matilde” foi a escolhida para representá-la nessa lista. Nessa canção, Elza se impõe diante de seu marido/companheiro, ameaçando mostrar as marcas roxas deixadas e soltar o cachorro para atacá-lo.

O tema é a violência. E, diferentemente dos tempos da música de Queen Latifah, agora existem leis que protegem a mulher contra a violência doméstica (a primeira lei norte-americana data de 1994). Mesmo assim, é necessário que elas tenham seus direitos reconhecidos. Aliás, ainda vivemos em uma sociedade machista que objetifica a mulher.

 

“50 Reais” (Naiara Azevede part. Mariara e Maraísa) – 2016

“Não sei se dou na cara dela ou bato em você”

O sertanejo recentemente ganhou um espaço enorme dentro da cultura musical brasileira. O boom das mulheres nesse estilo, no entanto, é recente. Um gênero que sempre flertou com letras românticas, as mulheres o utilizaram como uma forma de afirmar a sua força em uma relação amorosa.

Dentre vários nomes dessa frente “girl power” do sertanejo, temos Naiara Azevedo, compositora do sucesso “50 Reais”. Baseada em uma história vivida pela cantora, a música dialoga com todas as mulheres que já foram traídas.

Indiretamente, elas enfatizam que uma relação deve funcionar de igual para igual, com respeito mútuo.