Novos Baianos gravam primeiro DVD unindo diversas gerações de fãs

Resenha: o lendário grupo brasileiro Novos Baianos, que cruzou a barreira de diversos estilos musicais, tocou o clássico "Acabou Chorare" na íntegra.

Novos Baianos no Rio de Janeiro

Texto por Vinícius Cunha

Fotos por Raphael Dias

Os Novos Baianos continuam sendo um mistério do planeta. Após hiato de 17 anos, o grupo que abraçou com a mesma paixão o cavaquinho e a guitarra elétrica, esbanjou a velha intimidade dos anos 1970 em gravação de seu primeiro DVD, nessa sexta-feira (17/3), no Metropolitan, no Rio.

Diante do passado e presente, Moraes, Baby do Brasil, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão entraram em cena sobre uma Caravan estilizada para jorrar poesia, samba, rock, chorinho – sintetizado no repertório de Acabou Chorare (1972), tocado na íntegra. Em simples, mas arrebatador cenário assinado por Gringo Cardia e Césio Lima, o quinteto abriu o show com “Anos 70” mostrando o DNA verde-amarelo que eternizou sua música e tanto é perseguido por artistas nacionais que tentam renová-lo.

Exceto por Galvão, aos 79 anos, com saúde que inspira cuidados e vai ao palco pontualmente para declamar poesias, os já não tão Novos Baianos participam ativamente de toda apresentação. É de tirar o fôlego a linha de frente formada pelos monstros sagrados Moraes Moreira, Baby e Pepeu. Mas nem pensar que Paulinho Boca de Cantor fica para trás. No gogó, ele comparece e brilha solo nos vocais de “Mistério do Planeta”, “Swing de Campo Grande” e “Dê um rolê” — regravada recentemente pela conterrânea Pitty.

Novos Baianos no Rio de Janeiro

Embora os gritos de “Fora Temer” ecoassem, a manifestação política não encontrou lugar no palco. Moraes enfatizou que não estavam ali para levantar bandeiras, mas abriu espaço para o público se expressar antes do clássico “Acabou Chorare”, com ele ao violão.

Auxiliado pelos irmãos Jorginho Gomes (bateria) e Didi Gomes (baixo), o guitar hero Pepeu é um assombro. A família faz uma verdadeira parede sonora dentro dos Novos Baianos e não dá para ficar indiferente quando o trio ataca em “Um bilhete para Didi” e “Brasileirinho”. Tanto esmero fez com que repetissem as canções para entrar em sua melhor performance no DVD.

Agora, se você ainda tem Baby do Brasil numa Seleção dessas, é só correr para o abraço. A vitalidade e o canto devastador da ex-Consuelo é digno de ser tombado pelo patrimônio histórico, que fez o público sair da casa de show cantando sua versão de “A Menina Dança” em um Carnaval fora de época.

Novos Baianos no Rio de Janeiro