Amplifica #5 - Cidadão Instigado, Mouse on the Keys e Buzzcocks

Coluna com a banda cearense Cidadão Instigado e o disco Fortaleza; o experimentalismo do Mouse on The Keys e, por último, os ingleses do Buzzcocks.

Amplifica 5

Na sua quinta edição, o Amplifica continua dando destaque a grandes discos – conhecidos ou não – que estão por aí, apenas esperando alguém arrumar um tempinho para ouvi-los. Dessa vez, trazemos o último trabalho da banda cearense Cidadão Instigado; o experimentalismo da banda japonesa Mouse on the Keys em Out of Body e, por último, os ingleses do Buzzcocks, uma das influências mais marcantes do punk e do rock alternativo.

Créditos: Divulgação no Bandcamp
Cidadão Instigado (Brasil – Fortaleza)
Disco: Fortaleza
Ano: 2015
Gravadora: Independente

Fortaleza é o quarto disco do grupo e também o mais pesado. De alguma forma, é também o álbum mais político, abordando alterações urbanas, especulações imobiliárias e até mesmo a loucura, um tema recorrente do Cidadão Instigado. O tempo de seis anos entre um disco e outro parece ter dado o espaço adequado para que a banda se reinventasse e se redescobrisse, sem perder as suas qualidades principais. Fortaleza é um álbum, na mesma medida, melancólico e vigoroso. A pegada circense, mais comum nos trabalhos anteriores, continua ajudando a dar um senso de coletividade às músicas, como um grupo que percorre as ruas a esmo cantando refrões absurdos para as pessoas que estão nas casas. É ainda uma coleção preciosa de riffs e harmonias dançantes, que remete a grupos como Black Sabbath e Pink Floyd, mas também à jovem guarda brasileira. Para ouvir andando no litoral de uma praia nordestina.

Para quem gosta de: Modulo 1000, A Bolha, Fagner

Mouse on the Keys
Créditos: Divulgação
Mouse On The Keys (Japão – Tokyo)
Disco: Out of Body
Ano: 2017
Gravadora: Topshelf Records

Uma das bandas mais inovadoras e talentosas a aparecerem nos últimos anos, o Mouse on the Keys é um trio japonês, contando com dois pianos/teclados e bateria, o bastante para criar uma sonoridade dinâmica e instigante. Esse disco, como o próprio título já parece sinalizar, é mais viajado que os anteriores. Dessa vez, a ideia é trabalhar com a construção de camadas orgânicas e minimalistas, baseadas principalmente na música ambiente eletrônica e no jazz. Assim, nesse álbum o grupo soa como uma banda diferente se levarmos em conta outros trabalhos prévios, que se baseavam principalmente no lado mais frenético do math rock, com desconstruções nos andamentos das músicas – mesmo que isso ainda seja um elemento muito importante e presente em Out of Body. Os shows do grupo costumam ser ainda acompanhados de instalações artísticas e experimentos visuais. Para ouvir olhando o trânsito da janela.

Para quem gosta de: Toe, Philip Glass, BadBadNotGood

Buzzcocks
Créditos: Jill Furmanovsky
Buzzcocks (Inglaterra – Bolton)
Disco: Another Music In A Different Kitchen
Ano: 1978
Gravadora: United Artists

O Buzzcocks moldou o que o punk e o rock viriam a se tornar, principalmente a partir dos anos 90 e dos anos 2000, seja com o pop punk do Green Day ou com o rock alternativo do The Libertines, por exemplo. Este é o primeiro álbum do grupo, já com Pete Shelley assumindo os vocais, o qual, ao invés da fúria dos Sex Pistols, preferia cantar de forma melodiosa e até mesmo grudenta. De acordo com a história, inclusive, é importante lembrar, os membros originais do Buzzcocks teriam tido a ideia de iniciar uma banda nova durante um show dos Sex Pistols. Assim, o grupo está entre as bandas inglesas dos anos 70 que mostraram que para poder se expressar musicalmente era preciso apenas vontade. O álbum, como um todo, remete ao sentimento de urgência típico da adolescência, com guitarras ruidosas, instrumental ágil e letras que falam sobre autonomia, romances e sair por aí sem destino. Para ouvir quando não houver nada para fazer.

Para quem gosta de: Undertones, The Damned, Superchunk