Música

"Egoísta": ex-guitarrista do Foo Fighters critica suicídio de Chris Cornell... e precisamos falar sobre isso

Músico conhecido por ter tocado no Foo Fighters fez declarações ácidas (e desnecessárias) sobre a morte de Chris Cornell.

Atualização: Franz Stahl apagou o post do seu Facebook, mas a foto pode ser vista logo abaixo.

Que dia difícil esta quinta-feira (18). À parte de todo o escândalo político acontecendo em nosso país, tivemos a partida de uma das maiores vozes do rock: Chris Cornell nos deixou  de maneira repentina, aos 52 anos de idade.

Enquanto esperávamos por uma resposta de como isso aconteceu, vimos uma enxurrada de homenagens ao músico nas redes sociais — com destaque especial ao belíssimo tributo de Tom Morello, ex-colega de Audioslave de Chris. Há pouco, no entanto, a causa da morte foi confirmada como sendo suicídio por enforcamento, um choque que ainda estamos sentindo.

Apesar de toda a onda de amor direcionada a Cornell e sua família, é evidente que críticas viriam, e dessa vez o protagonista foi Franz Stahl, guitarrista famoso por ter sido demitido do Foo Fighters por telefone e por tocar na banda Scream, que teve Dave Grohl como baterista.

Em seu perfil pessoal do Facebook, Stahl criticou duramente o já saudoso músico por ter cometido suicídio, o chamando de “egoísta” por ter deixado seus filhos.

Acho muito triste enquanto pai ver todas essas homenagens tristes para seus rockstars caídos, quando a tristeza de verdade é que ele foi tão egoísta de deixar para trás… seus filhos. Eles ficarão para sempre sem um pai… um pilar de amor… segurança… força… um guia. Você quer pular fora por ser um incapacitado, ter um cérebro morto e ser um fardo para todos, então que assim seja. Mas basta pensar em seus filhos e em como tudo ficará fodido a partir de agora. […] Eles só queriam ver seu rosto quando chegasse em casa… ouvir sua voz… sentir seus abraços. […] Obrigado, pai.

Para completar a cota de comentários desnecessários e feitos cedo demais, Stahl ainda disse gostar do Soundgarden, mas achar o Audioslave “bem tosco”.

Veja tudo da nossa cobertura sobre a morte de Chris Cornell clicando aqui.

E por que precisamos falar sobre isso?

Esta com certeza não é a primeira vez que este questionamento é trazido à tona.

Os fãs do grunge já viram esta cena, há 23 anos, quando um Kurt Cobain morto foi julgado duramente por ter se matado e deixado sua filha de apenas 2 anos “para trás”. Mas nós precisamos entender a depressão e, principalmente, ter mais empatia.

Não estamos aqui falando de escolhas fáceis, de uma decisão simples, mas sim de um dos atos mais extremos que um ser humano em desespero pode tomar. Depressão é uma doença real, e não uma condição emocional, e nem sempre será aparente. Também, nem sempre a pessoa conseguirá pedir ajuda — ou até não saberá que tem depressão.

A esposa de Cornell, Vicky, disse que o músico não apresentava sinais depressivos ou de que iria cometer suicídio. Infelizmente, o suicida não deixa sinais tão óbvios, pelo menos a quem não compreende a complexidade da doença.

É claro que é impossível saber o que exatamente se passava na cabeça de Cornell e o que o levou a isso, mas precisamos entender que com certeza algo muito mais pesado estava acontecendo, e talvez há muito tempo.

Isso não comprova de maneira alguma que Chris ou Kurt não amavam seus filhos, mas sim que chegaram à uma situação que não podiam mais suportar. Eram seres humanos como nós, e também tinham seus demônios, como todos temos.

No mais, o desejo que fica é que a família de Cornell encontre conforto nesta hora difícil.

Descanse em paz, Chris Cornell. Obrigada por tudo.

(Caso esteja passando por um momento difícil e precise de ajuda, ligue para a Linha de Prevenção ao Suicídio no número 141, ou acesse o site http://www.cvv.org.br/)