Este post é o primeiro de uma série que a banda Labirinto fará no TMDQA enquanto viajam em turnê pela Europa durante o mês de maio e junho. A banda paulista de post-rock/metal instrumental fará 13 shows passando pela Alemanha, Bélgica, França, Portugal, Espanha, Itália, Romênia, República Checa e Eslováquia.
É a terceira vez do grupo na Europa e eles irão contar os bastidores da viagem nesta série de quatro posts. A primeira história foi escrita por Marcos Felinto, que entrou na banda temporariamente para substituir o guitarrista Luis Naressi durante a turnê.
O último álbum da Labiritino ganhou um faixa-a-faixa aqui no blog Faixa Título aqui mesmo no TMDQA no ano passado.
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Um dia no Facebook recebo uma mensagem de Erick e Muriel (guitarras e bateria), que perguntavam:
– Felinto, quer fazer uma tour com o Labirinto?
– O que devo fazer?
– Guitarra e synths. Infelizmente o Luis terá que permanecer em seu trabalho regular.
– Quero!
Pousamos em Frankfurt (Kiko e Felinto) às 6h da manhã do dia 11 de maio. Saímos do aeroporto e encontramos o restante da banda (Muriel, Erick e Hristos) que nos aguardavam com a van com a qual percorreremos todos os países. Buscamos o novo merch, pôsteres e vinis e partimos para Duisburg, há duas horas de Frankfurt. Chegamos no estúdio da banda Kokomo num complexo de fábricas, um andar grande, muitas salas de ensaio, clima de casa/lounge, ótimos equipamentos tudo a nossa disposição. Antes, ainda tivemos que subir nosso backline por quatro andares. Trabalho bruto.
Ficamos um tanto ilhados na fábrica sem internet, nem chuveiro e aproveitamos o segundo dia para ensaiar e dobrar pilhas e pilhas de camisetas para o merch. O Ponto alto do dia, foi que Hristos completou 24 anos. Demos para ele um bolo Panco genérico da Alemanha!
No dia seguinte encontramos o sexto Labirinto na tour, Tom Malmendier, um belga pra lá de gente fina que está substituindo Rodrigo Hiroito, que também não conseguiu liberação do trabalho para viajar. A banda, para esta tour, estava completa e entrosada. Ensaiamos e fomos visitar a casa de nosso anfitrião Rene, da banda Kokomo. Lá fomos recebidos de braços abertos, jantamos, conhecemos mais membros de sua banda, sua família, trocamos algumas referências de sons e finalmente… tomamos banho! Que alívio! Depois do banho parecia que havíamos saído de uma sessão de meditação de 5 horas.
Dia 14 de maio, data do primeiro show dessa tour, ainda em Duisburg, na Alemanha. Passamos o som uma última vez para que Tom ficasse seguro, e ele se saiu bem. A essa altura, ele já sabia dizer “caralho” (para várias diferentes situações), “ramelão” e muitas outras palavras de nossa rica língua portuguesa. Mais importante ainda, já sabia tocar todas as músicas. O desafio foi desenhar como organizar a van, com o backline que nos servirá durante toda a tour, depois, tiramos fotos para registrar e consultar a arrumação sempre que necessário (dica de Muriel, guardem essa).
O local do show era no centro de Duisburg, casa legal. A banda Magma Waves se apresentou antes com um lance muito legal entre o post rock, o indie, com algumas pitadas de algo muito denso próximo do metal. Show bonito, muita textura e bons arranjos.
Chegou nossa vez, com o riffs gritando no sistema de som da casa, ALTO!!! Fizemos 40 e poucos minutos de set e tocamos um bis. Tom, que estava nervoso minutos antes da apresentação, resolveu tudo descendo bem a mão nos tambores. Os demais bangueavam em correspondência com um público que desejava banguear. Missão cumprida. Seguimos para Colônia, ainda na Alemanha.
Colônia fica há 1 hora de distância de Duisburg e novamente partilhamos espaço com Magma Waves. Chegamos no estúdio onde tocaríamos, clima mais íntimo, casa menor e som novamente muito, muito ALTO.
Labirinto entrou com tudo em cima, forte. Mal Sacre, a primeira música tem um riff inicial bastante bélico, épico e primitivo. A sala pequena favoreceu uma experiência sinestésica mais intensa. Os convidados bangueavam neste espaço bastante íntimo e familiar, ao fim da última música pediram bis, neste momento notamos que Kiko (guitarrista) apontava que sua guitarra sofrera um acidente segundos antes e seu headstock quebrou, a guitarra rachou. De início ficamos todos chocados, mas logo em seguida percebemos que diante de alguns imprevistos ou fatalidades a calma é a grande mestra. Em seguida, ainda após o show, um de nossos cabeçotes sofreu uma queda. Mais apreensão, mas ele ligou e continua distorcendo riffs com maestria.
Para completar, recebemos a notícia de que o organizador do festival em que tocaríamos em Bordeaux/FRA cancelou todo o evento, que contava com uma banda vinda de Boston e outra residente da cidade na qual ocorreria o festival. Vemos dificuldades para organização de bons eventos tanto no Brasil quanto na França. Agora estamos procurando novos caminhos para manter a data por outras vias.
Foi um dia de decisões e de prova, passamos, estamos bem e animados, com estratégias em mente e esperamos pela próxima gig, que será em Aalst, Bélgica, no dia 19 de maio.