Entrevistas

Conversamos com Chuck Hipolitho sobre o novo disco do Vespas Mandarinas

Batemos um papo com Chuck Hipolitho, do Vespas Mandarinas, sobre o novo disco da dupla, novos caminhos e cena atual do rock brasileiro.

vespas mandarinas
Foto: divulgação

Em março desse ano, o Vespas Mandarinas iniciou uma nova fase com o disco Daqui Pro Futuro. O quarteto virou dupla e a sonoridade da banda mudou bastante em relação ao seu primeiro álbum.

Chuck Hipolitho e Thadeu Meneghini contaram com diversas participações durante o processo de composição e gravação do novo trabalho, entre elas Samuel RosaEdgard ScandurraMarcelo Yuka Leoni. Com 14 faixas, o disco tem dividido opiniões e levado o grupo para novos rumos.

Conversamos com Chuck sobre o novo momento do duo e a criação e repercussão do Daqui Pro Futuro.

TMDQA!: Como foi o processo de passar de um quarteto para uma dupla e de que maneira isso moldou o novo disco?

Chuck Hipolitho: Aconteceu durante a gravação do Daqui Pro Futuro, mas quando olhamos para trás sempre fomos a dupla. Sempre tivemos companhia de gente muito boa, mas o núcleo criativo e motriz éramos eu e o Thadeu. Aconteceu para que o disco tivesse músicas que são por si só. Não queríamos soar como ‘quarteto de rock’, foi para que soasse como antes disso e além disso, além do que já estávamos acostumados.

TMDQA!: Daqui Pro Futuro traz uma sonoridade diferente, além de diversas colaborações de outros músicos. Como foi a produção desse trabalho?

Chuck Hipolitho: Foi pensada faixa a faixa, a maioria das composições só existia no violão e nasceu do zero. Parte foi gravado no Rio com o Rafael Ramos, depois veio para São Paulo onde o Thadeu e o Kuaker assumiram e onde a maioria dos mais de 30 músicos que que gravaram estava, e depois voltou para Rio para a mix e master. Tudo deve ter levado um ano e pouco. Tínhamos um ideal de deadline que era só nosso e a gravadora não botou pressão. Fizemos com liberdade, calma e amor.

TMDQA!: Houve alguma preocupação sobre a reação dos fãs quanto a essa nova cara da banda? O feedback tem sido o esperado?

Chuck Hipolitho: Acho que, antes de tudo, com esse disco ficamos ainda mais de boa com a nossa própria cara. Mas tínhamos curiosidade em relação ao retorno imediato de quem já nos conhecia assim como fizemos o disco para o mundo. Do lançamento até aqui já deu pra perceber que ele bate de primeira em muita gente que está totalmente fora do nosso público, mas também chocou um pouco parte do mesmo. Muitos dos fãs defendem e entendem o nosso caminho, a maioria está na nossa vibração, alguns viraram a cara e tem muita gente aparecendo. Daqui Pro Futuro tá uma delícia e interessante.

TMDQA!: Investir mais no lado pop do Vespas tem mais a ver com a necessidade de inovação ou com o objetivo de atingir novos públicos e a grande mídia?

Chuck Hipolitho: Os dois e desde a estaca zero. Mas antes vem o tesão nisso tudo.

TMDQA!: Qual faixa do Daqui Pro Futuro melhor representa essa nova fase da banda?

Chuck Hipolitho: A primeira música foi “Daqui Pro Futuro”, que dá o recado e abre o disco, a segunda vai ser “Fingir Que Não Dói”, com o Leoni, mas que ainda não chegou. Acabou de sair o lyric vídeo de “Fica Comigo”, parceria com o Yuka. O clipe foi feito pela Taciana Barros, que faz nosso projeto gráfico. Não tínhamos isso planejado, então aconteceu e está acontecendo agora. As preferidas pessoais vêm e vão. O disco inteiro é a nossa cara, não é à toa que a capa é aquela.

TMDQA!: Qual a sua visão a respeito do rock nacional, tanto underground quando mainstream?

Chuck Hipolitho: O rock nacional é uma coisa linda, um privilégio, parte importantíssima da nossa história e cultura. Nós o amamos. Mutantes, Charlie Brown, Legião, Nação Zumbi, Cólera, Paralamas… É nossa escola, nossa praia, é nossa mãe e é nosso pai, está no sangue. Qualquer underground é um celeiro de liberdade, experiência e de inspiração de todo tipo, mas não trata com muita dignidade quem quer mais, além disso é pouca gente. Mas a gente vem dele, foi onde nos conhecemos, no meio da briga. Faz parte da nossa história. Atualmente o underground está bastante focado em compor em inglês, eu já vi isso antes umas três vezes e acho que tem bastante coisa legal rolando. No mainstream falta as Vespas Mandarinas.

TMDQA!: Que bandas e artistas novos você tem ouvido ultimamente?

Chuck Hipolitho: Muita Alpha FM, 89, Kiss, Metropolitana, Mix, Transamérica e Jovem Pan nos táxis da cidade, e Gorillaz. O ‘Descobertas da Semana’ do Spotify sempre.

TMDQA!: Quais os próximos passos do Vespas Mandarinas?

Chuck Hipolitho: Temos experimentado muito ao vivo, então monotonia e tédio não existem no momento. Vai sair o clipe de “Fingir Que Não Dói” e tem o show de lançamento em São Paulo que vai ser em agosto, 2 dias no Sesc Santo Amaro. Daqui Pro Futuro acabou de sair, quem quiser seguir nossos passos o mapa é ele.