Há mais de 10 anos o Natura Musical é um projeto da marca de cosméticos Natura para ajudar bandas, artistas e projetos independentes ligados à música a não apenas saírem do chão, como também alcançarem públicos bem maiores do que aconteceria normalmente.
Em 2017 a abrangência do Natura Musical está aumentando, com inscrições sendo aceitas também do Paraná, e conversamos com a gerente de Marketing Institucional da Natura, Fernanda Paiva, a respeito de tudo isso.
Em tempo, as inscrições esse ano vão até 21 de Julho, então corra para inscrever o seu projeto clicando aqui.
TMDQA!: O Natura Musical já vem apoiando a cultura, principalmente a música brasileira, há algum bom tempo. Quando o projeto foi idealizado e como ele evoluiu de lá pra cá no sentido de apoiar artistas e bandas que procuram uma plataforma para lançar seus trabalhos?
Fernanda Paiva: O programa foi criado em 2005, quando o cenário musical estava em transformação com o início do compartilhamento digital e as gravadoras estavam em crise com o declínio das vendas. Naquele momento, o Natura Musical nasceu para fomentar a produção musical, a partir de um modelo que fizesse uso responsável e transparente de recursos incentivados. De lá para cá para cá, vimos muitas mudanças, e a cada ano tentamos refletir no edital essas transformações. Por exemplo, as tiragens de CD eram muito maiores nos nossos primeiros editais, porque a demanda para distribuir a mídia física era maior. De uma forma geral, a facilidade e diminuição dos custos de produção resultou em um momento de grande efervescência criativa e surgiram novos modelos para viabilizar a produção. Então, nos últimos anos os artistas passaram a se preocupar mais com outras dimensões do lançamento de uma nova obra: circulação, distribuição, divulgação. Há uma atenção muito maior do artista para os shows de lançamento, mídias sociais e conteúdo digital, uma preocupação maior em conversar com o público. Há alguns anos já percebemos a necessidade de uma circulação mínima para dar força aos projetos, e hoje, temos a visão nítida de que o consumo de música passou a ser a questão central para a renovação de repertório e para a construção das carreiras.
TMDQA!: Em todo ano o projeto procura trazer novidades no seu processo, na forma como ajuda os proponentes e, no caso de 2017, com maior abrangência como a entrada do Paraná no edital. Como vocês pensam o Natura Musical ano a ano para que ele continue apoiando os artistas e, ao mesmo tempo, se reinvente?
Fernanda Paiva: Temos um processo contínuo de acompanhamento da cena cultural, tanto na dimensão artística e criativa como do contexto de mercado e do comportamento de consumo. Por exemplo, estamos falando de mudanças de modelos de patrocínio, mas ao longo desses 12 anos, os temas que mobilizam o mundo também mudaram. Estamos vivendo um momento de conflitos de diversas origens: étnicos, geracionais, sociais, de gênero, ideologias etc. E neste ano o Natura Musical está mudando também seu recorte estético, respondendo ao desejo de dar voz à música que está reverberando nesse contexto, debatendo temas como identidade e diversidade, promovendo empatia, conexões e encontros.
Também fazemos um monitoramento de oportunidades de recursos que possam ampliar o potencial do programa. Além do uso dos recursos incentivados, o Natura Musical se tornou uma importante plataforma de aproximação da Natura com o consumidor. Em doze anos, o Natura Musical contabiliza um investimento de 123,054 milhões (59% de recursos próprios e de 41% verbas incentivadas). O crescimento do uso de recursos próprios, verba de marketing da empresa, reflete o retorno da plataforma para a marca. Isso faz com que a longevidade do programa também esteja ligada à sua capacidade de se renovar.
TMDQA!: Mais especificamente sobre o Paraná, como surgiu a ideia de incluir o estado e como vocês imaginam que será a participação de artistas do estado?
Fernanda: Há algum tempo acompanhamos a cena cultural no estado e a evolução da lei de incentivo à cultura. Neste ano surgiu a oportunidade de direcionarmos um recurso exclusivo para o Estado. Iniciaremos nossa atuação na região com o patrocínio na categoria de festivais, que serão indicados pela rede de curadores do edital. Os artistas do Paraná que queiram inscrever projetos para lançamento de álbuns ou outro formato de criação inéditos devem se inscrever no edital nacional, com apoio da Lei Rouanet.
TMDQA!: Há previsão de expansão para outros estados em um futuro próximo?
Fernanda: Neste ano, estamos iniciando edital no Paraná, focado em festivais e voltando a selecionar projetos em São Paulo e em Minas Gerais. A regionalização dos editais é uma estratégia do Natura Musical que acompanha as oportunidades de incentivo à cultura dos estados em que a Natura possui operação. Estamos estudando constantemente essas oportunidades.
TMDQA!: Aqui no Tenho Mais Discos Que Amigos! a gente fala diariamente sobre como o Brasil vive uma das melhores (se não for a melhor) fases da música há alguns anos. Como você enxerga esse cenário e o que imagina que falta para que o mainstream seja inundado por todo esse talento?
Fernanda: Nós acompanhamos essa explosão de talento e acreditamos que o poder de fogo da música hoje está na articulação. Na formação de cenas locais, regionais e nacionais. A formação e ampliação de público está ligada a capacidade de articulação de circuitos e plataformas que ajudem a levar toda essa efervescência e pulsação criativa a um público maior e mais diversificado. Por isso hoje o Natura Musical está deixando de ser apenas uma plataforma de fomento para ser também uma plataforma de engajamento, investindo em outros formatos de projetos, como os festivais, a Casa Natura Musical e novos perfis de conteúdo. Nós acreditamos que a música tem um potencial mobilizador imenso, capaz de proporcionar encontros e experiências únicas, mas para isso, hoje, nosso objetivo é justamente contribuir para amplificar essa frequência social por meio da música e para a música.
TMDQA!: As leis de incentivo do país são fundamentais para a cultura brasileira. O cinema nacional não existiria sem elas e, na música, muita coisa boa acontece por conta delas. Como você enxerga, do ponto de vista de uma empresa, a relação entre as leis de cultura, os setores públicos e privados e o resultado final entregue ao público?
Fernanda: Temos uma longa experiência com as leis, acompanhamos as oportunidades e revisamos anualmente o regulamento dos editais acompanhando as diretrizes e critérios das leis de incentivo. Nos orgulhamos do imenso legado que deixamos com o uso da lei Rouanet e leis estaduais de incentivo à cultura. Com doze anos, o Natura Musical tem hoje um papel singular na valorização da produção contemporânea e da identidade musical brasileira: já apoiou mais de 1350 produtos culturais (mais de 1200 shows, 132 CDs, 26 DVDs, 21 livros e 5 filmes), chegando diretamente a 1,3 milhão de pessoas e 1,3 milhão de seguidores no ambiente digital. Os recursos para este investimento foram 59% de recursos próprios e 41% verbas incentivadas. Hoje, além do recurso público, a Natura também investe verba de marketing na plataforma porque acredita no poder da música como plataforma de engajamento.
TMDQA!: Conte-nos quais são os próximos planos para o Natura Musical!
Fernanda: Para o ano que vem, além do patrocínio para o lançamento de novos trabalhos de artistas, por meio do edital, teremos esse circuito de festivais que ampliam a abrangência do programa e têm um impacto mais coletivo no mercado. Mas antes da seleção de patrocinados para 2018, fizemos parcerias com três festivais no Nordeste, que acontecem no segundo semestre: Festival DoSol (RN), Radioca (BA) e Coquetel Molotov (PE). Para o futuro, estamos desenvolvendo, em parceria com profissionais do mercado musical, outras frentes de atuação que desenvolvam e impulsionem outros perfis de projetos, ligados à inovação e geração de novos negócios e da incorporação de novas moedas na relação entre os diversos elos da cadeia, a serem implantados a partir de 2018.
TMDQA!: Você tem mais discos que amigos?
Fernanda: Mais discos, só no Natura Musical são uns 20 por ano, fora a herança da vida e o que eu descubro pelo caminho! Mas lá em casa sempre se arruma espaço pros dois!