22 anos de carreira e nenhum show no Brasil.
Foi com essa estatística que a influente banda emo The Get Up Kids pisou no palco do Carioca Club, em São Paulo no último Sábado (02) e lotou a casa para um show que vai entrar para a história tanto dos fãs quanto da banda.
Sendo fã do grupo, seria fácil escrever por aqui sobre como a apresentação foi incrível e como o grupo tocou 22 músicas com direito a dois “bis” no final do show, mas o que pegou mesmo foi a reação do público.
Antes de tudo começar era possível ver muita gente que passou a adolescência ouvindo bandas de emo, post-hardcore e rock alternativo assim como muita gente (mesmo) de bandas nacionais da época. Era nítido que todo mundo estava ali para finalmente tirar o atraso e à medida que o show foi tomando forma, os gritos e as lágrimas pela nostalgia de uma época tão boa da vida foram vistas em todos os presentes.
Antes da atração principal, duas bandas brasileiras subiram ao palco: o Horace Green mandou ver em seu punk rock mais que competente com letras em Português e mostrou que está afiadíssimo, com muita gente cantando suas canções na plateia e uma performance que com certeza atraiu mais seguidores por ali.
Já o Hateen aproveitou a ocasião para fazer um show só com as músicas da sua fase em Inglês e adicionou ainda mais ingredientes ao clima de nostalgia com músicas como “Danger Drive”, “Mr. Oldman” e “404 Not Found”.
Quando o Get Up Kids finalmente subiu ao palco, começou com a dobradinha de “Holiday” e “I’m A Loner Dottie, A Rebel” e as duas já foram responsáveis pela conquista imediata do público. O jogo estava ganho e era hora de se divertir.
A banda norte-americana passou por todas as fases da sua carreira com exceção do último disco, o fraco There Are Rules, mas fez a festa com canções dos aclamados Four Minute Mile e Something To Write Home About, bem como as incursões pelo indie dos também muito bons On A Wire e Guilt Show.
Sons como “Valentine”, “Action & Action”, “Mass Pike” (do EP Red Letter Day), “Don’t Hate Me”, “I’ll Catch You”, “Ten Minutes” e “Out Of Reach” foram cantados a plenos pulmões pelos fãs e os integrantes da banda claramente respondiam muito bem, com sorrisos no rosto e agradecimentos ao microfone em todo momento. É bem provável que nos últimos anos a banda não tenha feito shows tão enérgicos e cheios de gente como os que têm feito pela América do Sul, e isso deve dar um novo gás ao grupo.
Ao final vieram até as covers de “Close To Me” (The Cure) e “Beer For Breakfast” (The Replacements”, gravada pela banda com os vocais de Jim Suptic, guitarrista que inclusive foi trollado pelo resto do grupo que insistiu que era seu aniversário naquele dia, mesmo que ele negasse falando que eles fazem isso em todo show. Colada na brincadeira veio uma performance da balada “Campfire Kansas” com Jim acompanhado apenas do tecladista James Dewees.
Não foram poucas as vezes em que fãs subiram ao palco, e em vários momentos alguns deles beijaram o vocalista Matt Pryor. Quando não fizeram isso, mandaram beijos e abraços de longe, reverenciando o cara e mostrando como cada uma daquelas canções foi importante nas vidas daquelas pessoas. Um que fez isso, inclusive, foi o vocalista do Magüerbes, Haroldo, que além de demonstrar todo seu amor no palco ainda se jogava no chão e se emocionava a cada novo acorde que o Get Up Kids tocava. Um show à parte.
Foi uma noite de lavar a alma e um daquelas onde o show não estava apenas no palco, mas também em observar as pessoas ao seu lado, rever os amigos, reencontrar pessoas que você não via há mais de uma década e se lembrar de tempos mais fáceis que eram embalados por canções das melhores. Que venham outras.
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